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RUGGERO

Vou para minha casa dar um abraço em Jane, que
está desesperada de saudades. Deixo-a dormir na cama só hoje.
Quase não consegui dormir. O que valu falou ficou pulsando na
minha mente e, de certa forma, fazia sentido, porque eu estava
pensando em karol.
Cacete! Eu desejei estar dormindo com ela. E, a última
lembrança dela na porta, sorrindo para mim, me deixou mortificado. O
jeito como ela me abraçou hoje pela manhã e como atendeu a minha
ligação quando cheguei aqui só fortaleceu a ideia de fazer o que mike
disse. Eu tenho que ter provas concretas do que sinto. Terei que agir
o mais rápido possível.
***
Às cinco da manhã, saio do Rio dirigindo rumo à Angra. Chego
lá às sete e meia, compro coisas para o café da manhã, preparo uma
cesta e ajeito tudo no barco que aluguei e está no píer atrás da casa
de Renato.
Digito rápido uma mensagem.
EU: Já acordou?
Segundos depois, a resposta:
Karol : Sim. Você já chegou em Angra?
É hora de mandar minha localização, espero que meu plano
funcione. Tudo tem que dar certo.
EU: Estou no píer atrás da casa de Renato. Pode vir até aqui?
Karol: Chego aí logo.

Coloco os óculos escuros e, de bermuda e camiseta, fico em
frente ao barco esperando, até que, minutos depois, ela vem rápido
caminhando em minha direção com um sorriso nos lábios.
Eu sou um cara de trinta anos, estou assistindo meu melhor
amigo desesperado querendo que Júlia se case com ele porque ele
está apaixonado e quer dar um lar estável ao filho. Também assisto
de camarote tudo o que mike faz por valu, e vice-versa. Por que eu
tenho que ser o bonzão impenetrável? E se eu estiver mesmo
gostando de karol ? Não devo satisfação a ninguém.
Cara, dizem que homens apaixonados viram tolos, frescos,
idiotas. Mas, e os mulherengos que passam a vida farreando? São os
homens legítimos por exibirem uma carteirinha de babacas? Eu
prefiro ser chamado de fresco, mas saber que eu sou o causador
desses dois sorrisos à minha frente, dela e do bebê, isso não tem
preço.
Karol  está linda e segura Bernardo. Ele abana os braços
assim que me vê, e eu o pego após dar um beijo nela.
— Vamos dar um passeio? — Ela olha animada para o barco, o
sorriso não diminui, e Bernardo não para de balbuciar como se
estivesse me contando os acontecimentos das últimas horas.
— Sim. Vamos ter um café da manhã digno e familiar e, dessa
vez, você não vai enlouquecer e querer ir embora se eu te beijar.
Karol  quase pula no meu pescoço. Só não faz isso porque
estou com Beni no colo.
— Dessa vez, meu querido, você vai querer fugir de mim.
Eu dou uma risada e ajudo ela a subir no barco, entrego o bebê
e subo também.

Eu pensei em chegar aqui e já entrar em contato com Emily, mas
o que eu ganharia colocando tudo a perder só para saber se estou ou
não apaixonado? E se der errado, e karol  descobrir e não me
querer mais? Não. Já passei metade da vida pulando de cama em
cama, agora é hora de parar e ver tudo com racionalidade, afinal eu
tenho um filho em jogo e, se a paixão for mesmo verdadeira, que
seja. Afinal, não pretendo separar Bernardo de karol.
Passamos o resto do dia juntos. Bernardo cada vez mais
apegado a mim, isso é muito bom. Eu perdi um ano e quatro meses
da vida dele, mas tenho o resto da vida para estar ao seu lado.
Mais tarde, fui com ela para a loja e a ajudei. Eu mesmo
dispensei Emily e disse que eu cuidaria do menino. Mostrei a karol
o álbum de fotografias falso que encomendei e, mais uma vez,
fizemos sexo quente e delicioso. Dormimos juntos, e ela, muito feliz,
com um sorriso agradável nos lábios, se aninhou ao meu corpo como
se fosse sua tábua de salvação.
***
No dia seguinte, fui cedo ao hotel onde aluguei um quarto para
trabalhar um pouco nos negócios da empresa. Eu sempre digo a
Karol  que tenho fotos para fazer, ela vai para a loja, e eu venho
para o hotel. Prometi que voltaria a tempo de almoçar com ela.
Depois de trabalhar a manhã inteira, tomo um banho, visto um
jeans com camiseta e jaqueta por cima. Coloco óculos escuro e
desço para ir embora.
Quando estou saindo do hotel, ouço a voz de karol.
— O que está fazendo aqui?
Me viro bruscamente, mas não é karol que me olha
aterrorizada. É carolina

— Ruggero ? O que está fazendo aqui?
Puta que pariu. Ferrou.

KAROL


Estou desesperada, petrificada olhando minha irmã correr de um
lado para outro jogando minhas coisas em uma mala.
— carolina , você tem certeza? — balbucio.
— Sim, karol , ele está aqui na cidade. Agradeça aos céus por
eu tê-lo visto antes do babaca atacar — ela grita, respondendo sem
nem olhar para mim. — Usa todos esses jeans? — Ela aponta para
minha pilha de jeans.
Eu apenas balanço a cabeça afirmativamente e observo-a pegar
tudo e jogar na cama. Estou tremendo por dentro, desesperada, e
Heitor não atende o telefone. Se ele estivesse aqui, poderia me dar
uma dica sobre o que devo fazer.
— carolina , eu não posso viajar assim sem…
— Pode, sim. Vai logo arrumar as coisas de Bernardo. — Ela
para de arrumar minhas coisas e se abaixa na minha frente. — karol ,
preste a atenção: se Ruggero  te encontrar e pedir uma liminar para que
você não saia do país com o bebê, será pior. Vá, garota! Não temos
muito tempo.
— E ele tem esse direito? — minha voz sofrida sai quase
engasgada. — Eu tenho a guarda total de Beni…
— Mas lembra que, na certidão, está pai desconhecido? Se ele
entrar com um pedido de reconhecimento de paternidade, mesmo
que não possa ter a guarda total do menino, ao menos a guarda
compartilhada ele é capaz de conseguir.
— Por que isso, carolina ? Por que essa loucura toda para
esconder o bebê dele?

Minha perdição   (Terminada )Onde histórias criam vida. Descubra agora