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Karol


Eu saí da casa de Ruggero e fui direto para o hotel que eu me hospedei outro dia com
Beni. Chegando lá, revi mais uma vez o plano. Sentada na cama refiz pela enésima vez os
passos do que vai acontecer e como vai acontecer. Tudo precisa dar milimetricamente
certo. A palavra falhar não pode existir hoje. Eu preciso desmascarar o bando.
Tomo um banho rápido, porém relaxante. Meus músculos estão meio doloridos, eu
tomo um analgésico e deito. Respiro fundo, esvazio minha mente. Preciso dormir. Sei que
Beni está bem, sei que eu vou conseguir e logo tudo vai estar esclarecido.
Depois que eu descobri sobre Bernardo, eu planejei tudo por dois dias seguidos.
Agora eu já consigo aceitar que ele me enganou, que enganou todos nós, e aquele maldito
do Renato sabia de tudo e fez toda aquela cena, chorando no caixão ao lado dos pais e da
irmã. Será que eles também sabem? Isso seria muita canalhice, a mãe chegou a desmaiar.
Antes de eu conseguir pegar no sono, o celular toca. Maldição! Esqueci de desligar.
Olho no visor e reviro os olhos para a foto de Ruggero que aparece. Aperto em atender.
— Karol … — ele começa, mas eu o interrompo.
— Não, Ruggero. Eu estou bem, creio que Bernardo está bem e espero que compreenda
que eu posso fazer isso.
— Karol , eu não quero que você…
— Sei disso, eu também não queria. Apenas cuide do Bernardo e não venha atrás de
mim. — Desligo a chamada, em seguida retiro a bateria do telefone.
Fui fria e rude com ele, mas não tive outra escolha. Nem esperei ele falar nada
porque não quero prolongar o papo. Ouvir a voz dele começou a me fraquejar, mas respiro
fundo, viro de lado na cama e fecho os olhos. Meu foco precisa ser Bernardo e Carolina .

***
Acordo as seis da manhã, pulo da cama e já estou atrasada. Eu teria que ter
acordado meia hora antes. Tiro minha roupa, fico só de lingerie (nova, por sinal) e, em
frente ao espelho, começo a me alongar. Nada de dores hoje, nada de falhas. Cada célula
do meu corpo precisa me ajudar.
Termino o alongamento, corro para o banheiro, tomo uma chuveirada relaxante e visto
um roupão. Chegou a hora de me preparar. Me sento diante do espelho e fico um tempo
olhando para meu rosto. Amarro o cabelo, pego a base facial e começo.
Papai sempre dizia que Carolina só aprendia o que não presta. Ela se recusava a  aprender os ensinamentos dele e de mamãe, mas coisas ruins, que ela via fora de casa,
não só gravava, como também reproduzia depois. Isso não é só ela, muitos seres
humanos tem a capacidade de pender para o lado da maldade. Acho que tem a ver com
aquela história de que tudo que é proibido e errado é melhor, dá aquela tentação
irresistível…
E tinha outra coisa que papai dizia: “A gente aprende o que vive”. Acho que foi bom
Carolina  ter feito um monte de coisas comigo. Eu aprendi a me defender com os ataques
dela. Estou preparada para dar a Carolina  o mesmo que ela me deu.
Acreditem, ela não só tentou ferrar meu romance, como também fez algo pior. Depois
que saí de Angra, passei a ficar de longe, na surdina, observando o entra e sai no grande
Copacabana Palace. Não é só celebridades e ricos que costumam entrar e sair. Tomei um
enorme susto quando vi saindo, desfilando de salto alto, óculos escuros, ao lado de Sérgio,
minha irmã.
Sim, Carolina  estava no hotel. Isso acabou comigo. Chorei muito, porque, se for
mesmo Bernardo que estiver ali dentro, então ela sabe sobre ele. Carolina  sabe que o
maldito me enganou e, todo esse tempo, ela me deixou ser uma fulana burra que morria de
paixão por um defunto que nunca existiu.
Eu chorei diante de um túmulo e um caixão vazio. Nenhum homem foi bom como ele,
e ela fazia questão de me lembrar isso. Agora, eu estou recuperada. Sabia que em uma
guerra você não pode ficar caída por muito tempo vendo o inimigo avançar? Só pare se
morrer, e esse não é meu caso. Bem que tentaram, cada um deles me deu um tiro. Sérgio,
Carolina  e Bernardo. Mas não me destruíram. Hoje, cada um deles vai ter o que merece, e
eu não estou mais me importando com as consequências. Beni é o que importa e sei que
ele nunca esteve tão seguro. Ninguém poderá fazer nada com ele estando com Ruggero.
Meu coração acelera e prendo a respiração quando abro minha bolsa e seguro a
pistola semiautomática. Olho mais uma vez, procuro não tremer, coloco-a novamente na
bolsa, pego um casaco, óculos escuros e saio do quarto. Chegou a hora.
Sabe qual o lado bom de Carolina  estar metida nisso? Observem e vão entender.
Dentro do carro, pego um celular que não é meu e ligo para Carolina . Meus cálculos
precisam estar certos. Estou observando a entrada do hotel daqui, e ela precisa estar aí.
No relógio, já são oito da manhã.
Carolina  atende meio sonolenta. Faço uma voz diferente e falo:
— Boa dia, Carolina . Sou secretária da Ciclo Publicidade e estou ligando para avisar
que Sérgio precisa de você imediatamente.
— Como assim? — a voz dela denuncia que despertou por completo. — Por que ele
não me ligou?
— Por que sua irmã e o marido dela estão na sala dele fazendo confusão.
— O quê? — Carolina  grita. — Estou indo imediatamente — ela fala e desliga.
Vinte minutos depois, ela sai rápido, consegue pegar um táxi e vai embora. Eu ainda
pensei que ela pudesse estar no apartamento dela, mas já que está aqui, melhor ainda.
Hora de vocês saberem qual é o lado bom de Carolina  estar metida nisso. Me olho no
espelho do carro e vejo Carolina  refletida. Sim, sou eu disfarçada da minha irmã. Não disse
que a gente aprende o que não presta? Ela se passou por mim, agora é minha vez de
fazer o mesmo. E já que ela está nesse bolo, eu tenho passe livre para entrar e sair sem
ser interrogada, já que tenho a cara da safada.
Espero o tempo passar um pouco, algo entre dez minutos, saio do carro e caminho
rápido e decidida, me equilibrando em saltos quinze, imitando o andado dela. Coloco os
óculos escuros, e um homem abre a porta para eu passar. De nariz em pé, sem olhar para
os lados, ignorando todo o luxo ao redor, eu atravesso o hall, me portando do jeito que
acho que Carolina  faria.
Por dentro, estou dissolvendo de tensão. Explosões de aflição me tomam, e eu tento
controlar. Evito olhar para os lados com medo de alguém me impedir, mas nada acontece.
Preciso agora saber em qual quarto entrar. Caminho até a recepcionista e não sorrio,
como imagino que Carolina  faça.
A mulher sorri para mim, pois provavelmente me conhece. Sem cumprimentá-la, eu já
vou falando, imitando o tom da minha irmã.
— Acabei esquecendo minha chave no quarto. Ainda tem gente lá?
— Bento Alencar, não é isso? — ela pergunta de boa vontade.
— Sim. — Para esconder o nervosismo, tamborilo os dedos pelo balcão.
— Ele não desceu ainda — ela fala.
— Você poderia me dar uma cópia da chave? Não quero bater na porta e acordá-lo.
— gentilmente indago, uso um pouquinho de karol  para conquistá-la.
— Claro — ela responde, olha no computador o número do quarto e pega um cartão
para mim.
Agradeço e saio rápido jogando o quadril de um lado para o outro rebolando,
tentando imitar os passos da minha irmã.
Chegou a hora da verdade. Dentro do elevador abro a bolsa, olho mais uma vez para
dentro e mordo o lábio tremendo por dentro. Só preciso manter a calma. O desgraçado vai  pagar, vai pagar por tudo o que me fez. Em frente à porta do quarto aperto os dedos em
um punho, fecho os olhos, conto até dez e abro a porta. Não sei como vou reagir, preciso
segurar as pontas, aguentar tudo por dentro, não fraquejar e nem pirar. Nada pode sair
errado.
O quarto é muito chique, um luxo. O bandido desgraçado tem dinheiro. E a safada da
Carolina  está mancomunada. Dou alguns passos temerosos no interior do quarto, tento ouvir
algum barulho e continuo andando, morrendo de medo de ser surpreendida. Estou em uma
pequena antessala, há uma porta que deve ser o quarto. Ando até ela e, antes de espiar lá
dentro, alguém desponta e para na porta me olhando.
Nunca pensei qual seria a sensação de estar morta. São coisas que as pessoas não
tiram tempo para pensar. Mas agora eu acho que é assim que um cadáver fica, como eu
estou: não sinto batimentos, meu sangue paralisou, e sinto o gelo tomar cada poro do meu
corpo, não penso em nada e nem pisco. Ainda estou de pé, boquiaberta, olhando Bernardo
na minha frente. O mesmo Bernardo que me conquistou, que se mostrou o melhor homem
do mundo, que construiu uma casa e que me deixou de luto por um ano.
Ele está meio diferente do cara que eu namorei. Veste uma calça, sapatos, está sem
camisa e com uma toalha enxuga os cabelos loiros. Ele não era tão malhado e os cabelos
eram bem curtos no estilo militar.
Ele sorri e diz:
— Já estou me vestindo. Espere um segundo. — Volta para dentro do quarto
achando que eu sou Carolina .
Eu vou atrás dele, e Bernardo pergunta:
— Já está de volta, amor? — indaga de costas para mim, escolhendo uma camisa.
— Ou nem chegou a ir?
— Acho que essa fala é minha — eu digo.
Ele vira-se e me olha.
— Oi?
Dou um passo à frente. Em um gesto rápido, amarro meus cabelos em um rabo de
cavalo provisório, arranco os brincos e jogo os saltos longe.
— Eu que tenho que perguntar, querido Ben. Já está de volta, amor? Ou nem chegou
a ir?
Ele arregala os olhos e me encara boquiaberto.
— Karol ?
— Ufa! Pensei que você tinha perdido a memória quando faleceu.
O rosto dele enrijece, os lábios se comprimem em uma fina linha, e ele avança em
minha direção.
— O que está fazendo aqui? Onde está  Carolina ? — exasperado, ele começa a
perguntar.
Entro na frente dele.
— Pare aí mesmo. Carolina  não vai nos interromper no momento. Sente-se, fique
tranquilo. Para quem ressurgiu do inferno, você não precisa ter pressa.
— Karol , isso aqui não é brincadeirinha. Depois eu te explico tudo. Vai pra casa
cuidar da sua vida.
— Aí é que está, meu amor, eu não tenho mais casa. Nem vida. Lembra quando
estava torrado, todo queimado dentro de um caixão, e a tola aqui do lado de fora
chorando? Você acabou com a minha vida naquele dia — rosno ferozmente, mas sem me
derreter em lagrimas. Já curei a tristeza, agora só ódio me domina. E isso é ótimo.
— Você optou por continuar de luto, karol , eu não te pedi nada. Apenas tinha
coisas importantes para fazer, e você era a única pedra no meu sapato, a única que
poderia me impedir. Ou melhor, tentar, pois nem agora você consegue.
— Será mesmo? Se soubesse o quanto mudei.
— Sempre foi uma frígida, uma tola pau-mandado — ele insulta em tom de deboche.
— Eu confesso que nem gostava de comer você. Sempre traçava Susie ou Vanessa
enquanto você estava metida naquela droga de loja. Quem queria a todo custo pegar você
era o tolo do Renato. Eu dei passe livre a ele, afinal, nós dois nos divertíamos com Carolina .
— Fale, continue colocando pra fora todo o seu chorume, desgraçado, bandidinho de
quinta. Acha mesmo que eu vou me desestabilizar com suas palavras? Depois de ver do
que você e aquela pilantra são capazes, eu não estou nem aí.
— Então ponha-se daqui para fora antes que eu chame a segurança e você tenha que
sair daqui arrastada — ele ordena enquanto aponta para a porta.
Jogo minha bolsa na cama, tiro o casaco e, por baixo, estou com uma blusa
apertada.
— Chame agora, delinquente. Chame a segurança que eu exponho ao mundo, tudo
que você é. O que acha que o povo vai falar quando descobrir que você não é porra de
Bento algum?
Sem olhar para baixo, usando uma rápida análise periférica, eu consigo ver as mãos
dele se fecharem com raiva. Já começo a me preparar.
— Karol , deixa eu clarear sua mente retardada: você está aqui, sozinha com um  homem de 1,80m, não tem mais a proteção do maridinho, e seu pai não está aqui para te
defender. Como acha que pode alguma coisa comigo? Deixa de ser ridícula, garota. Ou
quer me fazer rir? — Com o queixo erguido e uma pose de senhor, ele me olha de cima,
com um odioso sorriso de sarcasmo nos lábios. — Já descobriu que eu não sou aquele
fulaninho por quem você se apaixonou, agora saia do meu caminho, pois, diferente dos
caras que você conhece, eu não tenho problemas em meter o cacete em uma vadia.
Bato palmas para ele. No meu rosto há também um sorriso cínico.
— Muito bem! Bravo! Me mostre mais sobre essa sua personalidade peculiar. Mostre
que você não é aquele azedo, de bem com a vida, chato pra caralho. Sim, pois agora
relembrando tudo, eu noto como aquele Bernardo era um mala como o irmão. Não sabe
transar, não me levava a orgasmos e beijava igual a um defunto. Coisa que você é.
Ele dá uma gargalhada, avança em minha direção e desfere um tapa no meu rosto,
em seguida segura meus braços na altura dos ombros. A adrenalina consequente da raiva
queima mais do que o tapa. O toque dele arde em meus braços, e isso me deixa tão puta
de raiva que eu fico cega de ódio.
— Eu te disse para sumir daqui, mas já que quer ficar, vou te fazer engolir cada
palavra — ele murmura bem perto do meu rosto.
Viro o rosto e fixo meus olhos nos dele, bem perto. Sorrindo como uma neurótica, eu
digo:
— Esperei por isso durante dois dias.
Preste atenção. Essa cena de agora será muito rápida. Coisa de ninja.
Acabo de falar, arranco meus braços das mãos dele e, com as mãos fechadas em
punho, acerto um soco forte, cada um em cada lateral do abdômen dele.
Um segredo: se você é uma mulher e está em desvantagem com um homem alto, não
tente acertá-lo nos músculos; braços e pernas e centro do abdômen. Em nós, mulheres,
um soco no estômago dói, mas eles, ainda mais os malhados, não vão sentir nada na
região central. Acerte os lados, um pouco abaixo das costelas, como acabei de fazer.
Ele se afasta um pouco com o susto e rapidamente continuo com a seção: um chute
entre as pernas no dito cujo, Bernardo se curva e recebe uma cotovelada no queixo.
Pontos estratégicos para derrubar um homem.
Ele se afasta sem saber qual parte dói mais.
— Cachorra! — tenta me insultar e, mancando, vem em minha direção.
Já tenho ele 50% abatido. Ele começa a dar socos descontroladamente. Mantenho-
me concentrada, me defendo dos golpes como posso, um acerta em mim, dói pra caramba
mas continuo de pé, desvio o chute dele com a perna e dou um chute de canela no joelho
dele; entretanto os golpes ensaiados não são suficientes, não sou uma profissional, ele
consegue me atingir, eu esbarro contra a cama. Bernardo vem para cima de mim, eu pulo
para o outro lado, sentindo minhas costelas doer com o golpe que ele me deu.
Eu só preciso alcançar minha bolsa. Rosnando como um bicho, ele corre em minha
direção, eu tento saltar novamente para a cama, mas sou pega no pulo.
— Acabou vadia. — Bernardo começa a me enforcar por trás e eu tento não entrar
em desespero. Se ele me subjugar eu posso acabar morta.
Pensar em tudo que passei, em Beni sozinho e na safadeza que esses dois
aprontaram comigo, me dá força e com brusquidão o atinjo com os dois cotovelos. O
braço dele afrouxa, eu consigo sair; caio no chão e corro de quatro pelo quarto; só preciso
pegar a bolsa.
Mas ele me pega antes, segura minha perna e num movimento de puro reflexo atinjo
a cara dele com um chute, me ponho de pé, vejo um vaso pequeno de porcelana na
cômoda e o arrebento na cabeça dele, fazendo-o se desvencilhar e cair tonto.
Finalizado em pouco mais de um minuto. Ofegante, vou até minha bolsa, pego a arma
e aponto para ele.
— Já quitei meu carnê pelo papel de trouxa que fiz. Levante-se, cagão. Nem se
defender de uma mulher você consegue. Imbecil inútil.
Ele começa a se levantar com a mão na cabeça, olha com muita raiva para mim, os
olhos grudados na arma em minha mão.
— Pegue o telefone, Bernardo. Quero Sérgio e Carolina  aqui.
— O quê?
— Agora! — grito.
— Karol , pense no que vai fazer. Você pode acabar com sua vida. Apenas deixe a
gente em paz. Posso me encontrar com seu marido e dizer que foi tudo armação de
Carolina , vocês dois ficam juntos novamente, e eu vou embora do Brasil — ele propõe com
um tom de voz totalmente diferente. Mais calmo, tipo manipulador.
— Eu disse para você ligar. Não me faça perder a paciência. Acho que não serei
presa se matar alguém que já está morto.
Ele pega o celular no criado-mudo.
— Não deixe que eles percebam nada — aconselho. — Quero os dois aqui. Vamos
bater um papinho.
— Seremos três. Você pode acertar um de nós, mas os outros dois podem te pegar   e acabar com sua pose.
— Veremos isso mais tarde. — Gesticulo com a arma apontada. Estou me sentindo
uma das Panteras. — Apenas ligue. Faça algo de útil nessa sua vida medíocre. Lembre-se
que já tem um túmulo com seu nome te esperando. Para eu arranjar o defunto é um piscar
de olhos.
Bernardo digita, coloca o telefone no ouvido e olha para mim. Fico a uma distância
segura.
— Carolina , venha para o hotel imediatamente, preciso de você. Não, falo quando
chegar aqui. Só venha, Carolina , e traga Sérgio. É importante… Sim, estou esperando.
Ele desliga, e eu estendo a mão.
— O celular, me dá.
Sem contestar, Bernardo me entrega o aparelho. Jogo-o debaixo da cama.
— Sente-se, querido. — Aponto a arma para uma poltrona. — Ficamos tanto tempo
afastados. Estou morta de saudade. Quer dizer, morto quem está é você. Me conte o que
tem feito todo esse tempo no além.
— Há-há! — Ele faz uma cara de falso humor. — Deboche não combina com você,
Karol .
— E o que combina? Cuidar de casa? Ficar feliz esperando o namorado perfeito com
um banho pronto e jantar na mesa, enquanto ele estava fora transando com piranhas?
Ele dá de ombros e, presunçoso, fala:
— Você tinha era que agradecer. Eu deixei uma casa para você e ainda te dava um
bom sexo toda noite.
— Meu querido noivo cadáver, você está na ala dos que não conhecem o que é um
bom sexo — falo em meio a risadas irônicas, como se estivesse pensativa, falando comigo
mesma. Uma piada individual. — Se carolina te disser o contrário, desconfie. Você, mais do
que ninguém, sabe como ela mente bem.
— Fala por experiência, não é? — Ele cruza os braços diante do peito e me olha com
asco não velado nos olhos. — O que quer comigo, karol ? Eu não fiz nada contra você.
Toda essa porra de armar para acabar com seu casamento foi ideia da sua irmã. Eu te
enganei, fingi minha morte, mas e daí? Não te prejudiquei, ao contrário, a deixei bem
alicerçada. Aceite, supere e me deixe ir.
— Acha que isso é pouca coisa? Dos três, você é de quem tenho mais raiva.
Ele exala desanimado, se senta em uma poltrona e fica me olhando de cara feia.
Me sento do outro lado, na ponta da cama, com a arma ainda apontando para ele.

Mas um capítulo ou dois e chegaremos ao final

Minha perdição   (Terminada )Onde histórias criam vida. Descubra agora