Quarantacinquesimo Capitolo

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Bernardo Santinelle

Dizer que eu estou chocado e mínimo. Eu não sei se estou em choque ou orgulhoso ou tudo ao mesmo tempo.

- Cara que tipo de esposo você arrumou? - perguntou Henrique saindo do choque segundos depois.

Eu não imaginava que Pietro fosse fazer uma coisa assim, acho que ninguém imaginava, mas também, esse desgraçado foi falar justo nos meus filhos, meus pequenos e indefesos bebezinhos que nem nasceram ainda.

- Um que não deixa nenhum figli di una puttina falas mal dos nossos bebês - digo quando finalmente me recupero totalmente do choque.

Olho bem para Salvo, ele tem uma faca enfiada no peito, um tiro no braço e um no outra perna, ambos dados por Pietro.

- Levem ele para a galpão - digo para os homens do lado da porta - podem fazer o que quiserem com ele - digo com um sorriso cruel, e vejo minha Amelie com o mesmo sorriso - tirem todas as informações dele, só não o matem.

Os olhos de todos na sala se voltaram para mim como se eu estivesse ficando pink, com um olhar de interrogação.

- Isso vai ficar para mim e Pietro - digo simples dando no ombro e procurando a minha chave.

- Ele pegou quando pegou sua arma - disse minha tia Eleonora parecendo perdida em seus pensamentos.

- Achei que não fosse levar ele para o galpão - disse meu pai me olhando.

- Acha mesmo que e uma boa ideia levar um gravido para o lugar onde torturamos os nossos presos? - pergunta o Sr. D'Amico. Ele até agora não tinha se pronunciado o que eu achei estranho.

- Senhores, senhoras e Amelie - digo lançando um sorriso para Amelie que revisa os olhos - Pietro vai de qualquer jeito. Não importa se eu ir lá e disser que não vou levar ele para o galpão, ele provavelmente vai descobrir a onde fica e vai de qualquer jeito - digo sem olhar para ninguém especificamente - e provavelmente ele vai me pôr para dormir no sofá da sala, então embora o sofá seja confortável eu acho mais confortável dormir com ele a noite inteira - faço uma pausa me dirigindo ao elevador - e como ele vai de um jeito ou de outro prefiro que seja comigo ao lado dele para qualquer coisa - finalizo pedindo o elevador.

- Meu querido sobrinho - escuto a voz debochada do meu tio Matteo me chamando e olho para traz - você se tornou o que eu e seu pai temíamos quando tínhamos a sua idade - diz sorrindo junto com meu pai.

- E o que seria? - eu e Pietro (que é mais curioso do que eu) perguntamos ao mesmo tempo.

- Pau mandado de esposo ou esposa - diz ele gargalhando. Estreito meu olhar em sua direção, mas ele continua debochando - olha o que você fez. Vai levar ele lá porque senão ele te põe no sofá. Que tipo de Capo você é?

Eu sabia que era deboche e brincadeira, senão ele já estaria morto, mesmo sendo família.

- Igual a você titio lindo - digo debochando também. O que faz seu sorriso se desfazer - ou acha que eu não sei que até hoje você e pau mandado da tia Mia?

- Isso e verdade papa - diz Amelie, já disse que amo minha prima? Porque eu a amo - o senhor até acampou no quintal nos meus avos só porque a mama não queria te atender, depois de ignorar ela por três semanas - diz ela gargalhando meio forçada.

- Traidora - ele resmunga.

Eu entro no elevador, mas antes de fechar dou um aviso a todos.

- Vocês têm até amanhã depois das 14:00 para conseguir as informações - com isso as portas do elevador se fecham.

Penso em Pietro, eu nunca o vi com tanta raiva quando agora de pouco, claro ele tinha um bom motivo, falar dos nossos filhos, falar aquelas coisas não foi fácil para mim ouvir, imagina para ele que carregando-os.

Porém, a forma como ele reagiu me lembrou uma leoa defendendo seus filhotes. E isso, Pietro e uma leoa que sempre vai defender nossos filhotes, ainda mais eles tão pequenos dentro da barriguinha dele.

Eu tenho orgulho do Pietro. Ele colocou sua cara a tapa, estava disposto a dar sua virgindade só para alimentar a mãe que o renegou por ele ser gay, isso e uma atitude tão nobre.

Me perco em pensamentos, e quando vejo já estou na garagem da empresa indo em direção ao meu carro.

Chegando lá vejo Pietro já dentro, com os olhos fechados, e sei que ele está tentando relaxar, mas não está conseguindo.

Devagar vou até a porta do passageiro a abro, dando um susto em Pietro; pego ele devagar no colo e me sento no banco com a porta já fechada.

Começo a fazer carinho em sua barriguinha e dar leves beijinhos me seu rosto e na sua boca.

Assim que vejo que sua respiração normalizou eu beijo sua boca um pouco mais forte.

- Você tem que ficar calmo - digo ainda fazendo carrinho na barriga dele - ele não foi a primeiro e não vai ser a última pessoas que vai pensar isso de nós e dos nossos bebês - digo da forma mais calma possível - mas estávamos juntos e vamos fazer com que entendam que é normal. Que somos normais, mas não podemos perder a calma – completei.

Ele fica em silencio. Coloca a cabeça no meu ombro e se aconchega mais em mim ficando em silencio por uns minutos.

- Eu estou tentando - diz ele finalmente - mas é tão difícil ouvir isso sobre os nossos bebês, duas criancinhas inocentes que nem nasceram ainda e já tem pessoas pensando isso deles - ele começa a chorar silenciosamente.

- Vai ficar tudo bem - falo tentando acalmá-lo novamente - nada vai acontecer. As pessoas que pensam isso dos nossos bebês são monstros, ou simplesmente sem informação - digo assim que ele se afasta e me olha nos olhos - agora vamos que temos muito que fazer, e amanhã vamos até o galpão falar mais um pouco com Salvo.

O sorriso diabólico dele se aquece e se aplica, esse sorriso me dá até um calafrio.

- Achei que não fosse me deixar ir - diz ele abrindo a porta e se levantando para me deixar sair.

Eu saio dou a volta e entro na porta do motorista vendo que ele já está de cinto passado.

- Do que iria me adiantar? - pergunto irônico - você irá que qualquer jeito e melhor eu mesmo te levar caso algo aconteça. E as pessoas da famiglia ainda não te conhecem e bom sempre andar com um de nós.

- Que bom que você sabe que eu iria de qualquer jeito - diz empinando o nariz e sorrindo.

E eu realmente arrumei uma peça. 

Meu Garoto (Trilogia Meu Criminoso - Livro 01)Onde histórias criam vida. Descubra agora