Sedicesimo Capitolo

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Isabela Santinelle

Assim que a porta do elevador se fecha eu me viro e olho para a situação que estava se desenrolando.

Quando David me disse que ele viu tia Eliza chegar nada feliz e logo depois tio Edoardo e que ambos subiram para o quarto onde Bernardo e Pietro estavam eu já sabia que iria dar muita merda, Maju, eu e Graziella estávamos na mesa, tiramos joquempô, eu infelizmente perdi isso, ou seja, sou eu que vou encarar a fera que é a minha família.

- Eu não quero saber, mate aquele idiota de uma vez – tia Eliza dizia olhando para o tio Edoardo, que apenas revirou os olhos nada feliz – olha o que ele fez meu filho falar para mim, Bernardo nunca falou daquele jeito comigo, com a própria mãe dele – completou ainda mais histérica.

Eu não me atrevo a intervir, apenas fico olhando para ele de longe e espero alguns minutos para que Bernardo finalmente se vista para que possamos entrar e falar com ele.

- Ele só falou a verdade – tio Edoardo disse uns segundos depois olhando com tedio para ela - você está aqui Eliza e está sendo completamente irracional, invadiu um quarto e praticamente atacou o menino, ele estava apenas defendendo uma pessoa que ele gosta – completou.

- É um ultrage isso sim – ela responde uns segundos depois – aquele menino é um idiota que fez meu filho falar aquilo... - eu a interrompo porque cansei dessa discussão sem sentido.

- Olha sinceramente eu conheço aquele menino e ele não faria a cabeça do Bernardo, até porque ele é um homem adulto que pode tomar as suas próprias decisões e medir suas palavras – continuo olhando nada feliz com toda essa situação - sinceramente deixe de ser hipócrita.

Bernardo Santinelle

Pietro sai do quarto sem ao menos me deixar dizer nada.

Sei que as palavras da minha queria mãe ainda estão ecoando pela cabeça dele, assim como sei que ele está criando várias teorias na sua cabeça sem ao menos me deixar falar.

Me levanto depois de soltar um longo suspiro e me visto já que não há nada para fazer.

Isabela, minha queria mãe e meu pai entram no quarto quando já estou vestido. Meu pai está com um sorriso amargo no rosto, minha mãe com uma cara de poucos amigos e Isabela com uma cara neutra, mas sei que ela está um pouco assustada pela atual situação.

- Quem era ele? – pergunta para Isabela, que me olha.

- O nome dele e Pietro – digo atraindo a atenção de todos para mim.

- Quero que demita ele – diz ela num tom que nem eu nem Isabela gostamos – quero dizer quero que não dizer ele ventar mais aquele corpo de pecador dele aqui.

- Quem é a senhora para entrar em um investimento particular meu e dos meus primos e ainda se achar assim? - pergunto.

Eu amo minha mãe, mas não dá mais, o jeito que ela tratou Pietro hoje foi a gota d'agua para mim.

- EU SOU SUA MÃE – grita ela descontrolada.

Eu apenas olho para ela neutro e fico em silencio por alguns segundos.

- Não, você não é minha mãe – ela arregala os olhos e abre a boca para falar, mas eu não deixo – quando a mãe que brincava comigo na infância morreu? Quando aquela mãe que me deixava ser independente e tomar minhas próprias decisões morreu?

Tanto meu pai, quanto minha mãe e Isabela estão com os olhos arregalas na minha direção.

Eu nunca falei isso; sempre respeitei ao máximo meus pais, mas hoje com minha mãe passando de todos os limites...

- Esta vendo – ela olha para o meu pai e aponta para mim – antes daquele vagabundo prostituto aparecer ele nos respeitava, agora com a influência daquele viadinho ele até fala assim com a mãe dele

- Eliza – meu pai chama a atenção ela, mas eu falo mais rápido.

- Não é essa a questão – digo – a questão e você não me aceitar do jeito que eu sou. Pietro me faz bem, eu gosto de estar com ele, e eu vou continuar estando com ele – digo e solto um sorriso só de lembrar de todas as noites que eu passei com Pietro – ele não é um vagabundo já que só dormiu comigo, e trabalha com isso – ela me olha – ele trabalha dando prazer a homens ou mulheres, pode não ser para você, mas é um trabalho integro e protegido por lei – completei.

Ninguém fala nada. Meu pai está com um sorriso simpático e apaixonado no rosto pelas minhas palavras, ele sempre foi uma pessoa que me apoiou.

- Bernardo – ele me chama atraindo a atenção de nos três – quando estiver pronto... Quando os dois estiverem prontos o leve para nos conhecer – diz ele e eu abro um sorriso por ter pelo menos a aprovação do meu pai.

- Na minha casa nenhum daqueles viadinho não pisa – diz minha mãe.

- Isabela – chamo e ela me olha – avisa o Luccas, a Graziella, Lucca, Dimitri e todos os outros que eles não podem pisar na casa da minha mãe, e a tia Eleonora e o tio Charles também, além e claro do seus pais – peço debochado.

- Por quê? – pergunta ela completamente confusa.

- Ue, todos eles são LGBTs – digo e ela arregala mais os olhos - tia Eleonora e tio Charles são bissexuais igual a minha e Graziella, Luca e gay todos sabem disse e os outros nós podemos falar mais tarde.

A surpresa em seu rosto e nítida. Qual é tio Charles que me apresentou a primeira casa de prostituição gay. Foi dali que veio a ideia da Lux G, que se concretizou cinco anos depois.

- Você sabia disse? – ela pergunta para o meu pai.

- Claro que eu sabia – diz ele sorrindo – Eleonora foi a ovelha negra da família por anos, até que perceberam que ela e daquele jeito e não tentaram mais mudar ela.

Minha mãe saiu bufando e deixa eu e Isabela sorrindo assim como meu pai.

- Desculpa filho – meu pai pede, e essa com certeza e uma das poucas vezes que o ouvi pedindo desculpas – não consegui segurar ela, e olha que eu tentei por muito tempo.

Não respondo apenas abraço meu pai digo obrigado e vou atrás de Pietro. Preciso conversar com ele sobre o que estou sentindo.

Assim que chegou na frente do quarto dele tento abrir, mas está trancada. Pego a chave reserva e tento abrir novamente, mas tem algo me impedindo.

Assim que consigo abrir vejo ele deitado na cama, com os lindos olhos inchados pelo choro, vestido do mesmo jeito que saiu do quarto.

- Pietro – chamo, mas ele não responde.

Vou chegando perto e chamo mais vezes, mas nada dele responder. Até que vejo sangue na cama e começo a me desesperar.

Pego o telefone e ligo para Isabela.

"Alô? – ela diz assim que atende".

"Isabela chama uma ambulância agora – digo e logo depois desligo o telefone". 

Meu Garoto (Trilogia Meu Criminoso - Livro 01)Onde histórias criam vida. Descubra agora