Quarantaduesimo Capitolo

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 Pietro Rossi

Eu deveria estar com medo ou com horror quando vi aquele homem pendurado pelos braços com uma mesa com coisas que eu tenho certeza de que são para tortura. Vi alguns deles naquele dia, porém, se ele for quem eu penso que é isso e mais do que só merecido pelos seus crimes.

Pensando bem se realmente for quem penso os crimes que cometeu contra minha família não são coisas que se possa perdoar ou ter misericórdia.

Pensando na misericórdia e no horror que deveria estar sentindo não posso deixar de sorrir porque não o sinto, eu só me divertia com aquela cena.

- Pelo que ele está sendo punido? - pergunta uma moça, deve ser Amelie Santinelle Brachmann, prima de Bernardo, a alemã suponho.

- Por passar informações a máfia francesa – digo baixinho antes de qualquer pessoa.

Acho que minha presença não tinha sido realmente percebida, já que no momento em que eu falei as pessoas me olharam como se fosse a primeira vez que realmente me viam.

Já ouvi falar da máfia francesa, é uma máfia muito elegante, a mais elegante. Lidam com drogas e computadores, meu pai costumava dizer que eles são cruéis, que o Capo de lá é um completo louco. Talvez agora eu acredite em suas palavras.

Rossi, esse é o nome da família; o mesmo sobrenome meu.

O interessante sobre ele e que não são franceses, são italianos, e é o que mais intriga, mesmo não sendo franceses ele comanda a máfia francesa, que ironia.

- Vamos começar pelo começo do meu desentendimento por você - diz uma moça bonita.

Eu me lembro dela do hospital. Eleonora Santinelle, a dom-consigliere da máfia italiana, é uma das mulheres mais fortes que eu já tive a coragem de ouvir histórias do Bernardo e das meninas, não só deles, meu pai também me falava sobre ela com muita admiração, eu aprendi em pouco tem a admirar ela também.

- Você sabe como funciona - diz ela com tedio na voz - vou perguntar e se as respostas forem satisfatórias para mim e meus sobrinhos você vai ter uma morte rápida – diz calmamente, por isso até mesmo eu fiquei arrepiado - ou podemos fazer do jeito que todos queremos - diz com um sorriso sádico no rosto, mas ainda sim muito calma, o que me dá um arrepio na espinha - torturar você por dias e só depois de matar da pior forma possível – completou dando no ombro.

Vi o medo em seus olhos, e gostei daquilo. Eu não sabia por que gostei, só gostei, e isso quase me assustou, quase. Acho que estou pensando o masoquismo da família Santinelle, não é possível.

- Muito bem primeiro vamos falar sobre o seu ranço machista por mulheres na máfia - diz ela parecendo realmente está levando alguma coisa para o lado pessoal - por quê? – pergunta parecendo realmente curiosa, não posso negar que também estou curioso.

- Mulheres - ele resmunga nada feliz - elas são tão fracas. Merecem ser protegidas - disse ele respirando fundo e dando uma pausa - mas aí vem vocês Santinelles e Rossi, Brachmann e fazem as mulheres serem mais do que elas são geneticamente capazes de fazer – diz com uma convicção mais do que só doentia, porque ele realmente acreditava no que estava dizendo.

Amelie está vermelha. O homem mais jovem da sala estava com um sorriso debochado para Maju, suponho que seja Henrique, um amigo dele a alguém que tem esse tipo de intimidade.

O outro moço que se parece com Bernardo, suponho Pietro, estava olhando para Maju e Isabela também debochado e parecia estar se divertindo com toda a situação que acontecia.

Elas, por outro lado estão tão vermelhas quando a moça, Amelie, ela realmente tem a postura de uma Capo alemã.

- A alguns anos, quando eu tinha 16 anos mais especificamente eu fui sequestrada - disse ela perecendo voar em pensamentos.

Eleonora puxou uma cadeira e se sentou bem na frente dele. Ela não parecia dar bola para só outros ao seu redor.

Meu sogro prestou atenção pela primeira vez naquela conversa, parecia que a história que estava por vir é algo que não se é muito comentado.

- Eles me sequestraram por um motivo - disse ainda voando - sabe o porquê? – perguntou mesmo achando que não há uma resposta certa para isso.

- Não faço ideia – disse debochado, isso não agradou nada as pessoas ao nosso redor, até mesmo aquelas não são Santinelles - foi por ser filha de Luigi Santinelle? - pergunta debochado.

- Não - respondeu ela sorrindo - foi por um segredo - disse inocentemente - um segredo que nem você, e muitos outros podem saber – disse misteriosamente.

Minha curiosidade foi ao limite naquele momento.

Segredo, segredo, segredo.

Era só isso que girava na minha cabeça. Só que esse segredo parece bem grande, ao ponto de Edoardo Santinelle estar desconfortável com a menção dele, esse fato me deixa ainda mais curioso, com o segredo, segredo, segredo rodando a minha cabeça ainda mais.

- Me lembro que eles me torturaram por um mês - diz ela sem humor - eu não abri minha boca. Por isso você ainda está nesse seu pedestal - ela deu uma pausa - quando me encontraram eu estava quase morta - eu vi uma lagrima sair dos seus olhos - eu só ouvia a voz do meu pai naquele dia, mas não estava só ele lá, meu tio Leonardo, tio Edoardo e muitas pessoas estavam lá, mas só conseguia ouvir a voz dele – confidencializou para a sala.

Ela parou.

Eu apenas conseguia a olhar com admiração. Ela suportou tudo isso; ela é realmente uma das mulheres mais fortes que já conheci.

- Fiquei em cirurgia por dois dias consecutivos - disse ela voltando a voar nos pensamentos - baço dilacerado, metade do pâncreas retirado, perdi um pulmão, tive que fazer transplante de coração. Passei meses no hospital; só o médico me dar alta para ir para casa, porém, isso demorou meses - ela faz uma pausa e olha para um moço que está atrás dela, suponho ser Matteo Santinelle Brachmann pelas feições alemãs claras no rosto.

A sala ficou em um silencio que até mesmo poderia se ouvir um alfinete cair no chão.

- É o que eu tenho a ver com isso? - ele pergunta debochado - você não fez mais que a sua obrigação de não entregar sua família.

"Resposta errada" pensei. 

Meu Garoto (Trilogia Meu Criminoso - Livro 01)Onde histórias criam vida. Descubra agora