Cinquantanovesimo Capitolo

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Pietro Santinelle

Bernardo tinha razão, Salvador é incrível, pena que teremos que ir embora.

Eu comi tanta coisa, visitamos tantos lugares, que eu não quero mais morar em Fernando de Noronha e sim nessa cidade incrível que é Salvador.

Da próxima vez que viermos aqui com a maior certeza vamos conhecer mais da Bahia, ela nos pareceu um estado maravilhoso, mas hoje nós vamos passar os últimos dias no Rio de Janeiro e depois voltar para a realidade.

__________*__________

Assim que desembarcamos no Rio estava caindo uma chuva e nosso carro por causa da chuva acabou em um trânsito terrível, então decidimos cancelar a reserva no hotel que tínhamos feito e ficar com o do lado do aeroporto por esses dois dias.

Assim que chegamos no hotel eu vi um pequeno corpo, encolhido perto da parede do hotel se escondendo da chuva.

- Amor.

Corro até o corpinho pequenininho escolhido e quando chego perto ouso um chorinho baixinho.

- Ei - chamo.

Chego perto devagar, sempre sentindo Bernardo bem atras de mim com a sombrinha aberta cobrindo meu corpo.

Quando o menino levanta o olhar para mim, são olhos tão azuis que penetram na alma da pessoa.

Tiro meu segundo casaco e enrolo no garoto que não para de tremer.

- Amor o pega - digo pegando a sombrinha - vamos levá-lo para dentro, pelo menos até a chuva passar - peço.

Bernardo mesmo suspirando e a contragosto, pega o menino no colo e o leva para dentro.

- Ele não pode entrar - o segurança nos barra - ele não parece que pode pagar por este hotel.

- Ele está com a gente e vai entrar sim - diz Bernardo sério, usando um olhar que até eu teria medo - eu vou pagar pela bagunça dele estar molhado não tem o menor problema.

O homem mesmo a contragosto nos deixa entrar.

Pego a chave na recepção do hotel do nosso quarto pelos próximos dois dias.

Assim que chegamos percebo que o menino não está mais tremendo, mas sim nos olhando curiosos.

- Eu sugiro que você vá tomar um banho quente - digo para ele - e depois vai ter roupas quentes para você vestir e uma comida até a chuva passar.

Aponto para a porta, e ele mesmo hesitante vai até lá.

Percebo que seu corpo é magro, sua camisa maior que ele, ele parece desnutrido e caçado.

- Ele parece tão novo - diz Bernardo atrás de mim.

- Não deve ter mais de quinze anos - digo antes de suspirar - onde estão os pais desse menino e por que o deixaram nessa situação? - exclamo.

Eu nunca deixaria um filho meu assim, não importa se eu tenho que dar minha alma ao diabo, filho meu não fica assim.

- Eu não sei - diz Bernardo - a única coisa que temos a fazer e dar uma comida para ele, roupas quentes e um teto enquanto está chovendo - diz ele, e embora doa eu sei que é verdade.

Saio dos braços do Bernardo e separo uma roupa quentinha para o menino, que esqueci de perguntar o nome dele.

Depois de mais ou menos uma hora, e de mim e Bernardo acharmos que ele avia morrido no banheiro, ele sai de lá com uma toalha enrolada no corpo inteiro.

- Aqui - lhe entrego a roupa que separei.

Ele sorri para mim e volta para o banheiro. Bernardo está no computador resolvendo umas coisas da empresa, e eu estou vendo uma faculdade de Administração.

- Acho que não vai dar para ir ao Pão de Açúcar amor - diz Bernardo - com essa chuva e fechado.

Imediatamente faço um biquinho manhoso e me agarro nele como um gatinho.

- Não - digo manhosinho - quero ir lá amor.

- Mas não podemos fazer nada vida - ele diz - da próxima vez nos vamos no Pão de Açúcar.

Eu sorrio e começo a dar selinhos dele até que somos interrompidos.

- Desculpa - diz uma voz baixinha do lado da porta do banheiro.

O menino estava vestindo umas roupas de Bernardo que eram o triplo do seu tamanho, com a cabeça baixa em formato de submissão.

Se controla Pietro, vejo meu pau começando a ficar duro e o de Bernardo também. Dou um belo tapa no peito dele, que parece sair de um transe e tenta esconder o pau debaixo da coberta.

- Tudo bem - falo me levantando e indo até ele - nos nem nos apresentamos, que indelicadeza. Sou Pietro Santinelle e aquele e meu marido Bernardo Santinelle - digo apontado para Bernardo na cama - e você quem seria?

- Benjamin - diz ele baixinho - Benjamin Ferrera.

- Olá Benjamin - digo - vamos comer e depois você vai dormir, parece coçado

Foi dito e feito. Depois dele comer bastante ele deita na cama e dorme igual a uma pedra.

__________*__________

Assim que acordo percebo que a cama está somente eu e Bernardo. Já me desespero.

- Amor - chamo me levantado - o menino foi embora.

Bernardo levanta em um pulo depois que eu falo isso e vai olhar as malas

- O que está vendo idiota? - pergunto pegando o telefone para ligar na recepção do hotel.

- Estou vendo se algo está faltando - diz ele.

- Acha que aquele menino inocente e indefesso nos roubou? - pergunto indignado.

- Talvez - diz ele.

Eu me decepcionados com Bernardo, ele viu o estado do menino ontem, ele viu como o menino comeu desesperado a comida parecendo que sumiria da sua frente, se eu fosse apostar falaria que estava a dias sem comer nada e ainda tem a cara de pau de achar que nos roubaria?

"Aló - diz a recepcionista assim que atende".

"Olha eu sou Pietro Santinelle estou hospedado no quarto 349 - digo - ontem eu e meu marido trouxemos um menino ensopado, mais ou menos 1,50 de altura, cabelos meio ruivos e olhos azuis, ele saiu hoje cedo? - pergunto esperançosa"

"Á sim senhor Santinelle - diz ela - ele saiu logo cedo sem nada"

"Tudo bem. Obrigado - agradeço desligando"

Desligo e vou direto para o banheiro trancando a porta.

Bernardo me decepcionou agora, tomo um banho saio sem falar com ele e troco de roupa arrumando novamente minha mala.

Como ainda está chovendo provavelmente vamos embora pela hora do almoço.

- Amor - Bernardo me chama.

- Sim - respondo sem nem olhar para ele.

- Sinto muito - diz chegando perto - você tem razão aquele menino não seria capaz de nos roubar.

Suspiro, eu estou com um pouco de raiva dele, mas raiva não faz bem para meus bebês e nem para o meu casamento.

- Tudo bem - falo - vamos Bernardo temos que ir para casa.

Depois de tudo arrumado, a chuva parou e entramos no avião.

- Ainda pensando no menino? - pergunta Bernardo enquanto estou olhando para a janela.

- Ainda - respondo suspirando - estou preocupado com ele.

- Não fique - diz ele - se é o destino, vamos encontrar ele novamente - diz sorrindo.

- Tem razão - digo me voltando para a janela - se for o destino nos encontraremos novamente.

Meu Garoto (Trilogia Meu Criminoso - Livro 01)Onde histórias criam vida. Descubra agora