Eleonora Santinelle
Quando eu era mais nova meu pai costumava contar história sobre mulheres fortes da história para mim e minha irmã.
Nosso pai, Luigi, foi o Consiglieri no seu tempo, quando ele se casou com nossa mãe teve apenas duas filhas, ele ouviu muito de muita gente, mas prometeu que criaria as suas filhas para serem mulheres fortes, por isso ele contava histórias sobre rainhas poderosas ao redor do mundo.
Pessoalmente eu gostava muito da história da rainha Elizabeth l, foi a rainha da Inglaterra e da Irlanda de 1558 até sua morte em 1603, ela foi a quinta e última monarca da casa Tutor, sua majestade era conhecida como "A Rainha Virgem" por nunca se casar e ter filhos, nunca se soube por que ela não continuou sua linhagem e passou o trono inglês para o filho de sua maior inimiga, James V da Escócia, filho de Maria da Escócia. Gosto de pensar que ela não se casou porque não considerava que precisasse de um homem para que pudesse reinar na Inglaterra.
Emma, ao contrário de mim gostava da história de Maria da Escócia, ela sumiu o trono quatro dias após o nascimento com a morte do seu pai em 1547 até sua abdicação em 1567. Talvez esse gostar dela de Mary Stuart seja pelo fato dela sempre acreditar mais no amor do que eu, ela gostava de ouvir como Mary se apaixonou por Francisco ll da França e pela tragédia da história se despediu do seu grande amor um ano após seu casamento sem filhos.
Sempre achei engraçado pensar o quanto eu e Emma mesmo sendo gêmeas idênticas somos completamente diferentes uma da outra.
Gostávamos dessas histórias porque apesar de tudo, tanto Elizabeth quanto Mary foram mulheres fortes, duas rainhas que estava sofrendo pressões absurdas em 1500.
Quando eu estava naquele lugar pensava muito sobre Mary e Elizabeth, será que elas teriam falado alguma coisa para a dor passar?
Tive muito tempo para pensar sabre isso, enquanto doía. Sempre de tudo doer, foi um mês de dor, muita dor, meu corpo inteira sagrava muito, lembro de perder condolência algumas vezes e sempre quando acordava eles estavam lá novamente.
Já faz mais de trinta anos dês daqueles dias e mesmo assim ainda parece que foi ontem.
A minha vida mudou muito depois daquilo, eu mudei mundo; me fechei bastante para o mundo depois, nunca falei completamente sobre aquilo para ninguém, nem meu pai, nem meu marido, minha mãe ou até mesmo Emma, acho que para não colocar o peso do que aconteceu nas costas deles.
Não sei o que deu em mim para falar sobre isso, eu evitei esse assunto por anos, porém, para mim, naquele momento, para aquele homem eram necessárias aquelas palavras.
Depois que Pietro e Bernardo foram embora eu não demorei muito para ir também, troquei breves palavras com Bernardo antes de ir, mas quando já estava bem longe daquele lugar, na beira de um pequeno lago que eu costumava ir quando era mais nova, nesse lugar acabo encontrando James e Charlies.
- Matteo me ligou – James disse me olhando preocupado.
Não pude evitar em dar um pequeno risinho com as suas palavras.
- Sabia que ou Matteo, ou Raphael ou o mais provável Edoardo ligaria para um de vocês - digo sorrindo e me sentando a beira do lago.
- Quer falar sobre o que aconteceu lá? – perguntou Charlies se sentando ao meu lado.
- Evitei esse assunto por mais de três décadas para em um ato não pensado acabar soltando o que não deveria – digo e logo depois salto uma risada – querem saber? As vezes ainda tenho sonhos com aqueles dias, me lembro de acordar no hospital e de não sentir nada a não ser raiva. Raiva de mim por ter sido pega, raiva dos nossos pais por não me protegerem e depois sentia raiva de mim mesmo por ter raiva deles – sorrio só de lembrar daquele tempo.
- Eu me lembro de quando você sumiu – James disse se sentando do meu outro lado – o caos que foi, não só com as pessoas da nossa família mas com todo mundo da famiglia, todos ficamos tão preocupados ele – disse baixo como se só as memorias já fossem pesadas demais para aguentar – quando você voltou parecia tão quebrada e sem vida, eu me senti mal por não estar lá naquele dia, eu deveria ter te levado ao hospital lembra? – perguntou e eu afirmei – mas estava em êxtase depois da minha primeira transa com Nicolló que acabei até esquecendo do que te havia prometido – admitiu com pesar.
- Não foi sua culpa – digo olhando-o.
- Se eu estivesse com você naquele dia nada daquilo teria acontecido – disse ainda mais baixo – acho que nunca me perdoei pelo que aconteceu, nem Nicolló.
- Então se perdoem – digo sorrindo para ele – eu nunca os culpei James, não há por que vocês se culparem, os únicos culpados são eles e você sabe disso – digo.
- Talvez.
Sorrio com essa palavra, mesmo sabendo que tenho que me sentar e conversar com eles sobre o fato de que realmente não foi culpa de nenhum dos dois.
- Precisava disse a muito tempo – digo suspirando pesadamente – talvez tenha escolhido o momento errado para finalmente desabafar, mas era necessário para mim mesma – completei.
- Não importa de qualquer forma – Charlies afirmou me tranquilizando – todos que estavam naquela sala são de confiança. Salvo é a única exceção, mas ele foi um erro que cometemos quando estávamos no comando, tenhamos fé que nossos filhos não cometeram o mesmo erro – disse.
Suspiro e a única coisa que posso fazer é confirmar.
Ele está certo, cometemos um erro em dar tanto poder a Salvo para ele no final nos trair da pior forma possível, corrigimos isso quase tarde demais, imagina se os filhos de Bernardo tivessem morrido por esse erro? Eu acho que jamais me perdoaria se isso tivesse acontecido.
Me preocupa o que mais ele falou, isso me deixa nervosa, os franceses nos odeiam e isso não é um segredo se Salvo falou alguma coisa de importante isso pode causar nossa destruição, de um jeito ou de outro.
Temos segredos nessa organização que podem levar a uma guerra civil entre nós, eu como já fui Consigliere sei que a coisas que tem poder para isso.
- Algum não está certo nisso tudo – digo olhando o horizonte – sinto que isso ainda não acabou.
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Meu Garoto (Trilogia Meu Criminoso - Livro 01)
Romance"Meu Garoto" nos conduz por uma jornada épica no mundo sombrio das máfias, onde dois homens de mundos opostos se encontram em uma espiral de paixão e perigo. Pietro Rossi, um jovem de dezoito anos, é lançado em um abismo de desespero quando se vê a...