Private Blood

Capítulo 02

LEO

Entre os três príncipes vampiros, havia uma hierarquia por idade. O primeiro príncipe, o mais velho dentre eles, era alto e corpulento, seu cabelo era de um vermelho intenso e ele transmitia um aspecto forte de valentia e liderança. Já o segundo príncipe, tinha uma aparência mais sutil e graciosa, com o cabelo prateado e o rosto com traços perfeitos, ele transmitia um aspecto de modelo todas as vezes que aparecia em público. Porém, o terceiro príncipe, era o mais complexo de se analisar, pois ninguém sabia como o mesmo aparentava ser, já que ele nunca havia feito nenhuma aparição em público.

Isso me intrigava ainda mais. Alguém tão misterioso mandando um convite desejando me encontrar, era no mínimo curioso.

Se eu quisesse sobreviver a esse encontro, eu precisava escolher as palavras certas a serem ditas, porém, assim como não conhecia seu rosto, sua personalidade também poderia se tornar um problema. Eu teria que analisá-lo nos primeiros poucos segundos que nos encontrarmos para que eu pudesse criar um plano de comunicação seguro.

De forma súbita, Thomas bateu as duas mãos sobre a minha mesa, me afastando das minhas reflexões. Eu me perguntava quando ele havia chegado até aqui:

_Você realmente está pensado em ir até lá? - Sua voz era firme e seu rosto sério.

Thomas inclinava o corpo sobre a minha mesa enquanto vestia seu uniforme policial. O rapaz costumava a ser dessa maneira durante o trabalho e para alguém como eu, que estava acostumado a sempre ver sua forma gentil, era um tanto exótico o encarar dessa maneira:

_Thomas, já conversamos sobre isso ontem a noite.  - Falei enquanto organizava os papéis em cima da minha mesa.

_Ainda sim eu estou preocupado! Não é um bom sinal ser convocado por um dos príncipes pessoalmente.

_Não fale tão alto! - Adverti enquanto levantava para levar os documentos até ao armário de arquivos.

_Você não está com medo? - Perguntou depois de me seguir até ao armário.

_É claro que eu estou, mas seria ainda pior se eu não atendesse ao seu pedido.

_Você tem razão. - Respondeu abatido - Então deixe-me ir com você!

_Nem pensar! - Recusei na mesma hora - O convite foi somente para mim, você irá morrer se tentar chegar perto daquele lugar. - Suspirei fundo e coloquei uma mão sobre seu ombro - Eu prometo que não vou me machucar, então tente relaxar um pouquinho.

Thomas apenas respondeu chamando pelo meu nome com um lamento e, naquela mesma noite, Wilfred veio me buscar em meu apartamento para assim me levar até a residência dos príncipes. 

Talvez "mansão" fosse o mais correto a se dizer. A propriedade em si era simplesmente gigantesca e o terreno em que ela ficava não havia fim. 

Como já era de noite, a mansão estava totalmente iluminada por lampadas e eu pude ver alguns outros homens vestidos do mesmo jeito que Wilfred pelo caminho até a porta.

O interior da mansão era diferente do que eu estive imaginando. Ao invés de um estilo clássico e medieval, possuía uma elegância voltada mais para o moderno, incluindo vários tipo de tecnologia que eu sequer sonhava em existir.

Passamos pelo hall de entrada, subimos pela escadaria central e viramos em alguns corredores diversas vezes. O lugar parecia não ter fim, eu me perguntava do porquê a casa possuir tantos cômodos. 

Ao chegarmos no último corredor do lugar, uma enorme porta de madeira escura se estendia no fim da passagem. Por alguma razão, o lugar parecia ser o mais sombrio de toda a casa, o que me deixava ainda mais inquieto.

_O terceiro príncipe está o esperando em seus aposentos. - Anunciou Wilfred, fazendo um gesto para que eu entrasse naquela porta assustadora.

Engoli seco, me perguntando se haveria alguma armadilha me esperando do outro lado, no entanto, tudo o que havia era um enorme quarto que aparentava ter sido tirado de uma livro de história antigo.

Encostada na parede, no centro do quarto, havia uma imensa cama, coberta com um lenço fino. Atrás do tecido era possível ver uma silhueta sentada e, ao lado da cama, uma homem de cabelos grisalhos vestindo uma terno estava parado com as mãos para trás:

_Ser aproxime, jovem. - Instruiu o homem de pé.

Caminhei até ficar frente a frente com a silhueta do tecido:

_O jovem mestre esteve o esperando o dia todo. - Disse o mesmo homem. - Ele tem algo importante para conversar com o senhor.

Eu agradeci pelo fato do quarto estar totalmente fechado e escuro, assim eles não poderiam ver que vacilei em receio:

_Jovem mestre. - O homem voltou seu olhar para a silhueta sobre a cama.

_Obrigado, Alfred. - Respondeu a voz de trás da cortina. - Você pode retirar isso para mim?

Assim como pedido, em um único movimento, Alfred arrancou a cortina que nos separava.