Capítulo 25

87 16 0
                                    

LEO

_Esse nome... - Thomas comentou.

_Você pode nos dizer o que "Bloody Mary" significa? - Perguntei ao rapaz.

_B-bem. - Disse nervoso - É um local secreto que fica dentro do DeLux Hotel, lá é onde acontece as trocas entre humanos e vampiros.

_Trocas? Que tipos de trocas? - Sol perguntou.

_Os humanos oferecem seu sangue em troca de dinheiro ou prazer. E-eu precisava muito do dinheiro, por isso fui até lá. - Se explicou apressadamente.

_Então eles criaram um local de prostituição de sangue. - Disse Thomas.

_Você possui essas marcas de vampiro por que vendeu seu sangue nesse lugar? Pode nos dizer como ocorreu?

_E-eu recebi um convite de uma pessoa desconhecida. Meu pai é doente e está internado em um hospital, mas não temos dinheiro suficiente para pagar a sua estadia, por isso pensei que seria uma boa oportunidade. Eu fui até lá algumas vezes, a última aconteceu à dois dias atrás, por isso a marca ainda está evidente em meu corpo.

_Este lugar chamado "Bloody Mary", é acessível para qualquer pessoa que tem o interesse de participar? - Perguntei

O rapaz negou com a cabeça:

_Apenas aqueles que receberam o convite são autorizados a entrar. - Explicou.

_E como faz para se conseguir esse convite? - Sol indagou.

_B-bem, eu não conheço os critérios que eles usam para escolher seus convidados e nem como eles chegam até eles, mas o meu convite está dentro da mochila que eu carregava no dia em que fui nocauteado. - Disse apontando para a bolsa em cima da cadeira.

Fiz um sinal para que Thomas, que estava mais perto da mochila, verificasse a informação do garoto. Thomas vasculhou os bolsos da bolsa do rapaz e tirou de lá um cartão de visitas preto:

_Não me diga... - Pronunciei

_É idêntico àquele que encontramos. - Revelou.

Fizemos mais algumas perguntas, mas nenhuma das respostas do garoto foi o suficiente para encontramos outra pista. Assim que saímos da sala Noé correu até nós, indagando sobre o que havíamos descoberto. Explicamos todas as informações que conseguimos e, por fim, voltamos direto para a delegacia de polícia:

_O que vocês acham? - Thomas perguntou assim que entramos em uma sala vazia.

_Isso não pode ser apenas uma coincidência. - Respondi pensativo - Os três possuíam as mesmas marcas de mordida e duas das vítimas possuíam aquele cartão de visitas.

_É evidente que há algo de errado com esse hotel. - Sol comentou - A lei de compartilhamento de sangue foi criada justamente para evitar estes tipos de ocorridos.

_Não é recomendado beber sangue direto de um humano - Noé explicou - Nós vampiros não somos capazes de controlar bem a sede de sangue. Uma vez que bebemos de uma fonte, nós desejamos tomá-la por inteiro, por isso é necessário muito autocontrole para realizar tal ato, assim o vampiro consegue parar antes de fazer algum mal ao humano.

Aquela informação era nova para mim. Agora que parei para pensar, Sol de fato havia ficado desequilibrado quando lambeu meu sangue naquele dia em que sofri o acidente. Se o que Noé falou fosse verdade, então Sol realmente possuía um grande domínio dos seus instintos. Nunca imaginei que o vampiro pudesse ser tão forte dessa maneira, talvez eu estivesse o subestimando demais por causa da sua doença:

_Mas isso não explica o fato do assassino ter usado maneiras diferentes para matar suas vítimas. - Thomas apontou.

_Imagino que só há uma coisa a se fazer nesta ocasião - Falei. - Vamos investigar os dados direto da fonte!

...

Thomas parou seu carro um pouco distante, para que ninguém desconfiasse e, ao mesmo tempo, fosse possível ter uma visão da entrada do hotel. Por fora, o lugar parecia luxuoso, possuía vários andares e uma exibição de luzes ostentavam-se na entrada. Não seria um trabalho fácil se infiltrar naquele local, pois a segurança parecia estar altamente reforçada. - Imagino que o responsável do hotel estivesse tomando cuidadosas precauções para que não ocorresse nenhum tipo de inconveniência.

Basicamente, o nosso plano era conseguirmos nos infiltrar no andar do "Bloody Mary" e reunir algumas informações importantes, nós tentaríamos encontrar o assassino por base nos comportamentos das pessoas no local. - Se conseguíssemos alguma prova para derrubar aquele lugar, nossas buscas pelo criminoso poderiam se tornar mais fáceis, contudo, não seria simples realizar tal ato, principalmente quando não possuíamos nenhum mandato:

_Várias pessoas já entraram e saíram do prédio. - Disse Noé, que estava encarregado de observar o local com sua visão vampírica. - Tanto humanos quanto vampiros.

_Algo de suspeito? - Thomas perguntou.

Noé balançou a cabeça negativamente:

_O hotel também possui um famoso restaurante, muitas pessoas vêm nesse lugar apenas para um jantar. - Informei. Eu havia feito uma busca de dados completa sobre o hotel antes de nos encontramos, para termos o máximo de informações possíveis para a nossa missão.

_Precisamos fazer isso sem nenhum tipo de erro. - Thomas comentou.

_ Certo, então duas pessoas entrarão no prédio enquanto as outras duas ficaram observando do carro. - Expliquei.

_Eu irei ficar no carro. - Disse Noé - Com a minha visão e agilidade, eu facilmente consigo lidar com qualquer imprevisto.

_Eu e Leo iremos nos infiltrar no hotel. - Pronunciou Thomas.

O fitei surpreendido. Não esperava que ele fosse querer participar da parte da operação como um infiltrado, principalmente ao meu lado. Não havíamos conversado direito desde a nossa discussão e com certeza nossa conexão não estava em uma boa sincronia no momento, isso poderia implicar em nossa atuação. Além disso, não poderia ser capaz de colocar Thomas em uma situação tão perigosa, poderiam haver muitos vampiros sedentos de sangue naquele lugar e dois humanos sozinhos seriam um prato livre para eles:

_Não podemos. - Falei firme - Não há razão em se arriscar tanto se esse sequer é o seu trabalho.

_Então você está dizendo que é melhor que Sol vá com você?! - Disse irritado. 

Eu precisava de forças para encarar meu melhor amigo naquele momento, em especial, seu comportamento furioso. Sua atitude estava diretamente direcionada a mim e era difícil fitá-lo naquela situação

_Sim. - Falei desviando meu olhar.

_Você está brincando?! Como posso te deixar entrar nesse lugar sem estar ao seu lado para lhe proteger?! Você realmente sabe o que está me pedindo?!

_Eu sei que isso é difícil, Thomas...

_Não! - Me interrompeu - Você não faz ideia de como é difícil. Você nunca faz ideia de nada!

O seu ataque repentino me surpreendeu. O encarei abismado enquanto observava seus olhos cheios de fúria e desespero, eles estavam agitados sobre a expressão sombria do rapaz. Cerrei minha mão, procurando acalmar meu coração:

_Sim, eu sou um completo imbecil. - Falei - E não o culpo por estar com raiva de mim, mas eu lhe imploro, por favor, confie em minha esta última vez. 

_Leo... - Ele apertou o volante com força.

Movi meu olhar para não ter que encara-lo. Aquelas foram difíceis palavras que saíram da minha boca e eu sabia que elas haviam o machucado, mas era tudo o que eu podia fazer para impedi-lo de colocar seu vida em risco por minha causa. Thomas já me ajudou diversas vezes e eu sou muito grato por isso, mas não dessa vez! Eu estava disposto a sacrificar nossa amizade se isso significasse protege-lo.

De repente, senti um toque frio em meus ombros. Encarei Sol, qhr me fitava com os mesmos olhos frios os quais eu estava tão acostumado:

_Vamos. - Disse.

Concordei com a cabeça e descemos do carro. Dei uma última olhada para trás e observei Thomas com a cabeça apoiada no volante. Aquela imagem ficaria para sempre gravada em minha memória e, com aquilo em mente, me virei novamente para frente e avancei para o hotel com determinação.

Private BloodOnde histórias criam vida. Descubra agora