Capítulo 30

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LEO

Por fim, eu já não estava mais com fome para terminar o meu almoço e preferi deixa-lo para trás. Sol fez o mesmo com seu sanduíche e, assim, nos conduzimos direto para o hotel. 

Felizmente (ou não), nós sabíamos exatamente o caminho a qual percorrer para chegarmos até a sala do vampiro. Vance já estava nos aguardando quando a alcançamos e sua porta se abriu  no mesmo instante em que nos aproximamos, antecipando nossa chegada.

_Entrem, por favor. - O capanga que havia aberto a porta por dentro pronunciou.

Fizemos assim como nos instruiu e avançamos até a mesa onde Vance estava sentado. O vampiro estava com os cotovelos apoiados sobre a mesa enquanto nos observava com rigor -  Uma postura digna de chefão do crime - mas nós sabíamos que aquilo tudo era apenas fingimento. Sol podia fazer facilmente aquele vampiro abanar sua calda.

_Estamos aqui! - O príncipe falou - Nos conte o que tem a dizer.

_Por que a pressa? - Vance respondeu - Por que não tomamos um café e conversamos um pouco?

Sol o lançou uma careta, demostrando todo o seu desagrado pelo comentário através dos seus músculos faciais:

_Se você nos chamou apenas para debochar da nossa cara, então já estamos de saída! - Guspi com raiva.

_Ah merda! Vocês são tão chatos que me dão ânsia! - O vampiro respondeu.

_Chega de graça! - Sol brandou.

_Certo. - Vance se encostou na cadeira - Irei fazer isso rápido para não ter mais que olhar para a cara de vocês. 

Sol revirou os olhos enquanto Vance vasculhava uma das gavetas da sua mesa. Era um alívio saber que não havia mais nenhum sentimento de afeição entre aqueles dois, principalmente por parte de Sol:

_Aqui! - Disse Vance enquanto jogava um pequeno saco plástico sobre a mesa.

_Eu deveria saber o que é isso? - Sol perguntou.

Eu observava o pó azul que foi cuidadosamente embalado naquele saco e me perguntava o que ele queria nos dizer com aquilo:

_Isso foi o que achamos nos pertences da pessoa que vocês estavam procurando. - Vance respondeu.

_Espera! Quer dizer que vocês encontraram o assassino?! - Perguntei alarmado.

_Eu disse que cuidaria do que diz respeito a meu hotel e isso inclui àqueles que ousaram difamar o seu nome.

Não havia passado nem um dia inteiro desde que Vance ficara sabendo sobre o assassino que escolhia suas vítimas dentro do seu hotel e, durante esse curto período de tempo, ele já havia conseguido encontrá-lo e interrogá-lo.

Sinceramente, mesmo o odiando, eu deveria lhe dar os devidos créditos pela sua eficiência na investigação como detetive. Mas é claro, não queria nem imaginar os meios que usou para chegar em tal resultado:

_E na onde está o criminoso? - Perguntei.

_Eu lhe dei os devidos cuidados, então não precisa se preocupar.

_Você o matou?! - Pronunciei nervoso.

_Eu nunca disse isso, mas tenho certeza não haverá mais nenhuma vítima.

_O quê?! - Eu estava prestes a surtar quando Sol moveu sua mão até meu ombro e me acalmou.

_Vá direto ao ponto, Vance.

_Eu apenas estou tentando ajudar vocês, como um honrado cidadão de nossa cidade. - Ele deu de ombros - Este pó que encontrei junto ao criminoso é, nada mais e nada menos, que uma droga alucinógena para vampiros.

_O quê?! - Sol disse surpreso.

_É exatamente o que escutou, querido Sol. Nunca vi nada assim antes, mas posso assegurar que este é o principal fator por trás dos assassinatos.

_Um droga... - Falei enquanto pegava o saco de cima da mesa e o observava com minhas próprias mãos.

Aquele pó não fazia parte do meu conhecimento, nunca havia trabalhado em nenhum caso parecido e a droga parecia diferente daquelas já identificadas pela polícia. - Parece que o caso estava se tornando ainda mais complicado:

_Você sabe como ele conseguia ela? - Sol perguntou.

_Infelizmente, não consegui colocar minhas mãos nessa informação. Apenas lhes estou contando isso, pois não desejo que meu hotel esteja relacionado com mais acidentes.

_Com certeza há algo a mais por trás disso.  - Falei pensativo.

_Bem, isso é tudo que tenho para vocês. Peço que, por favor, encontrem logo o maldito que está distribuindo essa droga e acabem com ele. Sinceramente, será um saco ter que limpar mais dessa bagunça em meu hotel.

_Faremos o possível. - Falei.

Assim, saímos do hotel com um novo caso em mãos. O paradeiro do criminoso que cometeu os assassinatos, agora, era desconhecido e talvez ele até já estivesse morto a essa altura. A única pista que tínhamos naquele momento, era o pó azul que carregávamos em um saquinho:

_O que faremos agora? - Sol perguntou.

_Precisamos entregar o pó para ser identificado pelo laboratório forense, eles nos dirão exatamente sua composição e seus efeitos. Depois, iremos atrás de mais pistas sobre ela.

_Isso é tudo o que podemos fazer por agora?

Concordei com a cabeça e, desse modo, nos dirigimos de volta a delegacia de polícia.

Com a droga já entregue ao laboratório, tudo o que nos restava era esperar por uma resposta.

O dia se passou rapidamente e, quando nos demos conta, já era hora de voltarmos para casa. Antes de pegarmos o ônibus como de costume, passamos em um banco e pegamos um pouco de sangue para Noé, como havíamos prometido. Desse modo, ao regressarmos a mansão, a noite já havia caído e uma grande lua brilhava no céu.

Não havia ninguém além de Alfred para nos receber e, assim que doei a parcela de sangue referente áquela noite, Sol me acompanhou até a sala de descanso. - Onde eu havia o observado tocar piano pela primeira vez.

A noite estava estranhamente silenciosa, como se até os grilos estivessem se escondendo de nós. Sol se deitou no sofá e apoiou sua cabeça sobre meu colo. O vampiro parecia inquieto desde que voltamos do hotel de Vance:

_O que o encomoda, vossa majestade? - Perguntei.

_Nunca imaginei que nossa capital pudesse estar tão manchada.

_Há pessoas más em todos os lugares.

_Eu sei, mas penso que, se eu tivesse sido mais forte, talvez pudesse ter ajudado meus irmãos a combaterem tais atrocidades.

_Ei, isso não é sua culpa. - Acariciei seu cabelo - Você fez o que podia no estado em que se encontrava, seus irmãos nunca pediram para que você se esforçasse mais do que seu limite aguentaria.

_Sinto-me como um egoísta.

_Não há nada de esgoismo em cuidar da sua saúde.

_Obrigado por me confortar, Leo. - Sol lançou um sorriso fraco.

_Eu farei mais que o possível para lhe fazer feliz, vossa majestade.

Me inclinei sobre seu corpo e depositei um leve beijo em sua boca. Eu estava contente por ter sido capaz de reconforta-lo e desejava permanecer naquele momento por muito mais tempo. No entanto, o som de passos rápidos nos arrancou de nossa pequena esfera:

_Rigel! - Sol se levantou com um pulo quando o segundo príncipe apareceu pela entrada.

_Trago más notícias! - Enunciou nada tranquilo.

_O que aconteceu? - Sol perguntou.

_É Thomas. - Ele me fitou com lamentação - Não conseguimos o encontrar em lugar algum. Temo que o humano tenha fugido.

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