LEO
Sentados em frente ao balcão de mármore escuro da cozinha, eu e Thomas bebemos durante algumas horas daquela madrugada. Apesar dos curativos espalhados pelo seu corpo, o rapaz parecia mais brilhante do que nos últimos dias, o que me fez recordar dos tempos em que costumávamos passar noites em claro apenas conversando e bebendo. No entanto, mesmo que Thomas estivesse sorrindo o tempo todo, havia algo sombrio em seu olhar que me deixava desconfortável. Era como se ele estivesse escondendo alguma coisa muito importante de mim que, com certeza, não iria me contar.
Quando senti que o álcool estava começando a fazer efeito, decidi que era hora de parar e voltar para o quarto. Me despedi de Thomas, que disse que queria ficar por ali um pouco mais, e me dirigi para meus aposentos. Era estranho, mas eu conhecia cada canto daquela casa e já não me perdia mais pelos corredores, como se eu tivesse morado ali por anos. Estava tão bem familiarizado com o ambiente que já não me era mais estranho estar vivendo ali.
Ao alcançar a porta do meu quarto e abri-la, a imagem de Sol sentado sobre minha cama me espantou:
_Sol! O que está fazendo aqui? - Perguntei surpreso.
_Leo, não estou me sentindo bem... - Sua voz soava fraca e rouca.
A pele do vampiro parecia mas pálida do que o usual e seus olhos aparentavam estar fundos e distantes. Suor escorria pelo seu rosto, o que nunca havia visto antes, e sua respiração estava ofegante:
_Aconteceu alguma coisa? - Me aproximei preocupado.
Sol passou seus braços ao redor da minha cintura e enterrou sua cabeça em minha barriga, me abraçando com força:
_Me sinto estranhamente fraco. - Murmurou.
_Você bebeu sangue hoje? - Perguntei enquanto afagava sua cabeça.
Sol concordou com a cabeça:
_Podemos ficar assim por um tempo? - Disse.
_Claro.
Ficamos naquela posição por alguns minutos. Eu sentia seu suor umedecendo minha blusa enquanto Sol esfregava sua cabeça em mim.
Eu estava preocupado. Apesar de tê-lo conhecido em condições piores, nunca imaginei que veria Sol ficar doente novamente. Me sentia insuficiente por não poder fazer nada além de confortá-lo naquele momento:
_Leo... - Ele chamava por meu nome.
_Estou aqui. - Eu acariciava sua cabeça.
Contudo, senti algo relando em minha calça e me distanciei assustado quando percebi que Sol estava a desabotoando:
_O que está fazendo? - Perguntei alarmado.
_Qual o problema? - Retrucou confuso. - Você não quer fazer isso?
_Não é isso! - Respondi constrangido - Eu só não quero fazer nada com você nesse estado.
_Então você não quer? - Ele se levantou e se aproximou de mim.
_É-é claro que eu quero! Mas não é essa a questão! - Eu fui me afastando até que minhas costas fossem totalmente bloqueadas pela parede.
Sol pressionou seu corpo contra o meu e repousou sua cabeça em meu ombro. Ele estava quente! Mas como isso era possível? Todas as vezes em que o toquei, seu corpo era gelado como neve, no entanto, agora, ele estava estranhamente aquecido. - Algo definitivamente não estava certo!
_Sol, o que está acontecendo? Seu corpo está queimando!
_Eu não sei... Me sinto tão carente. - Disse enquanto roçava sua pélvis sobre a minha.
_E-espera!
_Leo... - Sussurrou em meu ouvido - Eu gosto muito de você.
_Não faça isso! - Mordi meus lábios assim que senti sua língua encostar em meu pescoço.
Sol o lambeu com delicadeza antes de inserir seus caninos em minha pele. A dor percorreu meu corpo junto com a sensação de formigamento. Desde o acontecimento no hotel, não tinha parado para pensar sobre o quão boa era a sensação de ter meu sangue sugado pelo vampiro. Era um êxtase tão grande que fazia minhas pernas vacilarem de prazer.
Contudo, depois de um tempo, comecei a sentir uma tontura invadindo minha cabeça. Aquilo que era prazeroso no começou, passou a se tornar doloroso aos poucos. Mesmo assim, Sol continuou a chupar meu sangue sem parar. Tentei tocá-lo no momento em que percebi que minha visão estava começando a se tornar turva, mas o vampiro agarrou meu pulso e me prensou ainda mais contra a parede:
_Sol, isso dói... - Reclamei, mas nenhum sinal de que Sol pretendia me soltar. - Você esta me ouvindo?
Empurrei o vampiro com toda minha força, o obrigando a se afastar do meu corpo. Coloque minha mão sobre a ferida no pescoço, sentindo-a latejar de dor, e observei o vampiro enquanto ele lutava para respirar. Seus olhos estavam intensamente vermelhos, como eu nunca havia visto antes, e sua boca estava lambuzada com meu sangue:
_Que merda está acontecendo? - Perguntei, tentando me manter em pé apesar da fraqueza nas pernas.
De repente, Sol rapidamente veio em minha direção e agarrou meu pescoço, me tirando do chão. O ar começo a escapar dos meus pulmões e eu comecei a sufocar por causa do força de sua mão ao redor do meu pescoço:
_S-Sol! - Chamei seu nome.
Ele me observava com uma expressão séria e as órbitas de seus olhos estavam completamente dilatadas, como se estivesse absorto por algo:
_V-você... Vai realmente... me matar? - Perguntei, apesar da falta de ar estar começando a afetar a minha consiencia.
Sol piscou algumas vezes e seu olhar começou a espairecer. Um assombro tomou conta de sua expressão quando percebeu o que estava acontecendo bem em sua frente e me libertou assim que se afastou com um passo. Eu cai no chão com um baque e fui recuperando a minha respiração pouco a pouco:
_L-Leo! - Disse espantado - E-Eu não queria...
Sol desabou de joelhos no chão e colocou as mãos sobre o rosto. O choque havia sido inteso, como se aquele Sol de segundos atrás não fosse o mesmo em minha frente. Engatinhei até o vampiro, ainda com o corpo fraco, e passei meus braços ao redor do seu corpo, o abraçando com toda a minha força. Seu corpo tremia e eu o sentia soluçar enquanto chorava:
_Esta tudo bem. - Afaguei sua cabeça - Eu estou aqui com você.
_Me desculpe! - Disse entre choro - Eu não queria lhe machucar!
_Eu sei, então, não se preocupe. Iremos dar um jeito nisso.
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Private Blood
FantasyEm um mundo onde humanos e vampiros podem coexistir em harmonia, o detetive policial Leo Fide deseja apenas ser capaz de viver sua vida com paz e tranquilidade, após ter passado por uma experiência traumática em sua infância. Contudo, sua comum exis...