Capítulo 48

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LEO

O vento gelado soprava com intensidade naquela noite. A lua iluminava as ruas pouco movimentadas daquele pequeno bairro em que estávamos. Senti um pouco de nostalgia ao caminha por aquelas ruas novamente depois de tanto tempo. A última vez em que havia ido até meu antigo apartamento não foi muito clara, eu mal me lembrava como havia chegado até lá depois de ter desmaiado no meio da rua.

Dessa vez, Sol estava ao meu lado, então me senti mais confiante em ir até aquele lugar. O prédio não havia mudado nada e o guarda na entrada nos reconheceu imediatamente e nos deu um gentil cumprimento. No entanto, aquela pacifica noite estava prestes a ser arruinada. 

Logo que chegamos ao andar do meu apartamento, avistamos a porta do mesmo entreaberta:

_Alguém ainda pode estar lá dentro. - Sol sussurrou.

Concordei com a cabeça e entrei com cuidado. Estava escuro e meus olhos humanos não podia enxergar nada além de sombras. Felizmente, eu tinha um vampiro ao meu lado:

_Ninguém aqui. - Confirmou.

_Ouve algum som ou cheiro diferente? - Perguntei por precaução.

_Nenhum. - Respondeu.

_Isso é um alívio. - Falei enquanto acendia as luzes.

 Sol tinha razão, o lugar estava exatamente do jeito que eu tinha deixado da última vez. Mas, então, por que Thomas havia me pedido para vir até esse lugar:

_Ele não está aqui, o que fazemos? - Sol perguntou.

_Vamos procurar nos outros cômodos. - Propus.

Eu estava certo, Thomas não estava ali agora, mas havia deixado um sinal para trás. 

Em cima da cama em que eu costumava a dormir, havia um envelope colocado sobre o colchão que dizia "Para Leo":

_Essa não é a letra dele. - Observei.

_Abra-o - Sol disse impacientemente.

Abri o envelope com cuidado e dele tirei uma foto. 

Me assustei! Na foto aparecia Thomas amarrado e ensanguentado no chão. Mas como era possível? Ele acabara de mandar uma mensagem para meu telefone:

_O que isso significa? - Sol perguntou.

Virei a foto e encontrei algo escrito em seu verso:

_Tem um endereço. - Relatei.

_É possível que seja o endereço em que Thomas está agora?

_Eu não sei. - Amacei a foto com força e ódio - Mas irei descobrir!

Sai do apartamento com pressa e Sol me seguiu um pouco atrás. Ele me acompanhava de uma certa distancia, mesmo podendo me alcançar facilmente. No entanto, ao chegarmos fora do prédio, ele segurou meu braço e me impediu de avançar:

_O que está fazendo? - Perguntei irritado.

_Você precisa pensar direito, Leo. - Enunciou.

_Não me venha com essa! - Soltei meu braço - Thomas pode estar em perigo agora. Não há tempo a perder!

_Eu sei que está preocupado com seu amigo, mas não adianta nada você se precipitar dessa maneira. Você precisa pensar, Leo, isso é claramente uma armadilha.

_Armadilha ou não, eu preciso salvar Thomas!

_Eu não irei deixar que faça isso. - Declarou com rigor.

_Merda! por que está fazendo isso comigo?! - Retruquei irritado.

_Você está sendo teimoso, Leo. Precisamos bolar um plano antes de darmos qualquer passo, ir sozinho dessa maneira só sere perigoso para você.

_Quem está sendo teimoso aqui?! Thomas pode estar sofrendo nesse exato momento e você quer que eu fique parado sem fazer nada?!

_Leo...

_Não! Eu não irei lhe obedecer dessa vez!

Me virei com determinação e comecei a andar pisando forte no chão. Estava com raiva! Muita raiva! Quem ele pensava que era para mandar em mim dessa maneira? De jeito nenhum eu deixaria meu melhor amigo sofrer!

No entanto, assim que senti uma pancada em minha nuca, apaguei imediatamente.

...

Tudo estava escuro. Eu me perguntava o que havia acontecido comigo. 

Um cheiro agradável invadiu minhas narinas. Baunilha! Aquele cheiro que eu tanto estava acostumado.

Abri meus olhos devagar, esperando para que minha visão pudesse focar por completo. 

Eu estava no quarto de Sol. - Bem, isso explicava o porquê de eu estar sentindo seu cheiro. - Mas, por que era que eu estava ali?

Ah! É mesmo! Eu estava prestes a ir atrás de Thomas, mas algo me impediu. - Não! Não algo, mas alguém.

Me sentei sobre o colchão, ainda me sentindo um pouco tonto. Não podia acreditar que Sol foi capaz de me apagar só para que eu não fosse atrás de Thomas:

_Aquele idiota! - O xinguei irritado.

A porta do quarto se abriu assim que terminei de falar:

_Me xingando logo depois de acordar, vejo que já está bem. - Disse Sol enquanto se aproximava da cama. 

_Por que fez isso comigo?! - Perguntei com raiva.

_Eu disse que não deixaria você seguir daquela maneira. - Respondeu calmamente.

_Seu idiota! E se Thomas tiver morrido a essa altura?!

_Não me entenda mal, Leo, mas se isso realmente aconteceu, então você não teria chances de salvá-lo. 

_O quê?! - Perguntei perplexo.

_Acha mesmo que eu deixaria você ir para morrer? Você é mais valioso para mim do que pensa.

_Isso é injusto! - Choraminguei.

_Eu sei, me desculpe. - Sol se sentou ao meu lado e acariciou minha cabeça - Eu fui um cuzão, não é?

_Sim, você foi! - Encostei minha testa em seu peito me sentindo derrotado.

_Me desculpe.

_Por que você sempre tem que me proteger? - Murmurei.

_Porque eu te amo.

Sol me abraçou com força. Seu cheiro estava mais intenso do que antes e me acalmava aos poucos. Eu queria odiá-lo, mas não era capaz de fazer isso. Eu entendia o seu desejo de me proteger e não o culpava por isso:

_Está mais calmo? - Perguntou depois de um tempo.

Concordei com a cabeça e me movi para encará-lo nos olhos:

_Eu e meus irmãos estamos planejando nosso próximo passo. - Explicou se levantando - Estamos pensando no que fazer com a informação que encontramos em seu apartamento.

_Deixe-me ajudá-los! - Falei com determinação.

_É claro.

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