Capítulo 53

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LEO

Para que ficássemos mais confortáveis em ouvir Noé, eu e Sol nos sentamos no sofá em frente a janela, enquanto o outro vampiro tomava o lugar em uma poltrona posicionada diagonalmente a nós:

_Foi ha 19 anos atrás. - Noé começou - Raphael trabalhava em uma pesquisa sobre substâncias nocivas para os vampiros. Parece que, ao fazer alguns experimentos secretos com algumas dessas substâncias, ele encontrou a base da droga que começou todo esse acidente. Como Raphael ainda não tinha nenhum voluntário para ser cobaia em seus testes, ele resolveu testar essa nova substância em seus colegas de trabalho. Foi neste momento que tudo começou a dar errado. 

"A substância parecia ser muito forte e fez com que os vampiros que haviam a ingerido perdessem totalmente o controle. Eles basicamente se tonaram monstros sedentos por sangue. O Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Vampírico não possuía funcionários humanos, por isso os vampiros fugiram daquele lugar. Raphael não conseguiu controlá-los sozinho e eles acabaram invadindo o lugar mais próximo, uma escola primária que ficava logo em frente. Foi um massacre. Funcionários e alunos foram mortos e não houve sobreviventes. Felizmente, as Forças Vampíricas chegaram a tempo e os eliminaram antes que ocorressem mais mortes. O caso se encerrou as escondidas, para que não houvesse pânico entre os cidadães, e Raphael foi expulso do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento e "expulso" da sociedade."

_Isso é horrível! - Disse Sol abismado.

No entanto, tudo que eu conseguia ouvir era o eco da sua voz. Meu ouvido estava zumbindo e logo comecei a me sentir enjoado.

Os gritos de desespero daquela época voltaram para me assombrar. Os sons das pessoas sendo mortas ainda estavam vivos em minha mente. - Comecei a sentir o ar faltar:

_Leo? -Ouvi uma voz familiar em meio aquele pesadelo. - Está tudo bem? - O toque do vampiro em meu ombro fez com que eu recobrasse a consciência - Você ficou muito pálido de repente. - Disse preocupado.

_Eu estou bem. - Respondi colocando a mão sobre a testa suada. - Noé, você tem certeza dessas informações?

_T-tenho. - Respondeu hesitante.

_Merda! - Xinguei.

_O que foi, Leo? - Sol perguntou.

_Eu conheço essa história. - Contei - Mas há algo faltando nela.

_Como? - Perguntou Noé surpreso.

_Nos explique, Leo. - Sol pediu.

_Todas as informações ditas por Noé estão certas, exceto pela parte dos sobreviventes. 

_O que quer dizer? - O policial perguntou.

_Quero dizer que houve um sobrevivente dentro de todo esse massacre, mas essa informação foi mantida secreta para a segurança da vítima.

_Leo. - Disse Sol - Você está dizendo que...

_Sim. Há 19 anos atrás, eu fui o único sobrevivente do massacre àquela escola.

_E-eu sinto muito! - Expressou Noé - S-se eu soubesse disse antes, nunca teria lhe contado essa informação.

_Não se preocupe, Noé. - Falei - Na verdade, eu fico feliz em saber o que realmente aconteceu naquela época.

_Leo, o que vai fazer? - Sol perguntou assim que me levantei do sofá.

_Apenas conversar com o sujeito que quase arruinou minha vida!

...

_Leo, você parece muito abalado agora! Não deveria fazer algo tão precipitado neste momento! - Disse Sol, o qual me seguiu até a porta da frente da mansão.

_Sol. - Me virei para ele - Você não sabe o quanto eu sofri por causa daquele desgraçado. Naquela época e agora, foi tudo por culpa dele!

_Eu sei que está nervoso. - Disse segurando gentilmente minha mão - Mas você não precisa fazer isso. Já acabou. Raphael já está pagando por tudo o que fez.

_Desculpe, Sol. - Falei enquanto me soltava de seu toque - Não irei ser racional dessa vez!

O vampiro não tentou me impedir e me deixou livre para ir até ao Departamento das Forças Vampíricas, apesar de seu descontentamento:

_Meu nome é Leo Fide. - Me apresentei assim que cheguei na recepção do departamento - Sou um detetive da policia de Noctis e preciso falar com o acusado Raphael Conti!

A recepcionista me encarou com um olhar de incerteza e logo falou:

_Desculpe, ninguém pode falar com o criminoso a não ser o policial designado pelas Forças Vampíricas para dar continuidade ao caso.

_Eu mesmo o apreendi! - Insisti - Você pode conferir nos registros!

_Desculpe. - Respondeu - Mas não posso fazer exceções.

Naquele momento, senti que não conseguiria convence-la do contrário e que teria que desistir apesar de estra tão perto:

_E quanto a mim? - Um voz surgiu atrás de mim - Será que conseguiria uma exceção?

Me virei para trás, reconhecendo aquela voz familiar que falava:

_S-só um momento, vossa majestade. - Disse a recepcionista surpresa - Irei ligar direto para o chefe do departamento para dizer que o senhor está aqui.

_Não precisa. - Disse Sol. - Apenas diga que gostaríamos de sua permissão para falarmos com Raphael Conti.

_C-certo! 

_O que está fazendo aqui? - Perguntei enquanto a recepcionista estava ao telefone.

_Eu não pude te impedir de vir,  então queria ter certeza que você não iria se machucar por causa daquele vampiro.

_Você não precisava.

_Eu lhe conheço e sei que faria de tudo para conversar com Raphael. Então, estou aqui apenas para ter certeza de sua segurança.

_Obrigado, Sol. - Respondi comovido.

_Sua majestade! - A recepcionista chamou - O criminoso estará os esperando na sala de interrogatório. Irei lhes mostrar o caminho.

_Muito obrigado. - Sol agradeceu.

Seguindo a jovem vampira, percorremos o interior do Departamento da Forças Vampíricas até chegarmos na sala designada:

_Temos guardas do outro lado, caso algo aconteça. - Disse antes de sair.

_Está pronto? - Sol perguntou.

_Estou! 

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