Capítulo 43

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LEO

_O quê?! - Perguntei perplexo. 

Suas cruéis palavras tinham atingido em cheio meu coração, fazendo meus joelhos vacilarem e todo meu corpo tremer. - Eu estava com raiva! Muita raiva! Mas, acima de tudo, eu estava desolado:

_Não é o que você está pensando. - Respondeu - Não estou dizendo que tudo o que vivemos foi falso. 

_Então, por quê?! Por que está sendo tão cruel comigo?!

_Essa não era minha intenção. - Suspirou fundo - O que estou tentando dizer é que não fui verdadeiro quanto aos meus sentimentos.

_Então, o quê?! - Gritei - Você apenas ficou com pena de um pobre coitado traumatizado?! É isso que eu significo para você?! Alguém que você sentiu a obrigação de ajudar só por ter uma história triste?! Não me venha com essa! 

_Você está entendendo errado, Leo.

_Então, me diga logo, merda! O que sou para você?!

_Leo, eu não queria ser seu amigo, porque meus sentimentos por você vão além disso.

_Quê? -Perguntei surpreso.

_Eu sempre fui apaixonado por você, Leo. Desde que eramos crianças, quando eu sequer era capaz de entender essas emoçõed. A primeira vez que olhei para você, foi como o Sol depois de uma tempestade. A única pessoa capaz de iluminar meu mundo sempre foi você.

_E-espere! - Pedi me sentindo tonto - Você não pode estar falando sério!

_Não faça pouco de meus sentimentos, Leo. Só estou lhe contando isso agora, pois cansei de viver escondendo esses sentimentos.

_P-por que não me disse antes? Se você tivesse dito...

_"Se eu tivesse dito" e o quê?! Você iria retribuir meus sentimentos? Se eu tivesse lhe contato, você teria se apaixonado por mim ao invés desse vampiro?! 

_S-se eu ao menos soubesse...

_Não sinta pena de mim. Quando você age assim, me faz sentir como um lixo.

_Por que está me contando isso agora? 

_Eu já lhe perdi. - Thomas olhou para Sol e depois voltou sua atenção para mim - Não há mais o por quê manter isso em segredo.

_Ah, merda! - Me agachei tentando recuperar um pouco do meu equilíbrio.

Como não percebi isso antes? Não! Mesmo se eu tivesse percebido, o que eu poderia ter feito? Nunca me senti da mesma forma que ele. Talvez eu só esteja me sentindo culpado pois sei que iria rejeitá-lo naquela época também. Eu fui um tolo! Passei anos apenas pensando em mim mesmo e não percebi que a pessoa que mais estava ao meu lado estava sofrendo. Que péssimo amigo eu sou:

_Desculpe interromper sua declaração para meu namorado. - Sol deu um passo a frente e se colocou ao meu lado - Mas estamos em uma missão muito importante agora.

_Eu sei. - Thomas caminhou por nós e se aproximou do piano - Vocês estão a procura daquele que entrou pela janela, estou certo? 

_Como você sabe? - Sol perguntou hesitante.

_Isso não é importante. - Ele tocou uma das notas do piano - O que você deveria estar se perguntando neste momento é como seus irmão estão neste momento.

_O que está dizendo? O que diabos você fez com eles?! 

_Sol! - Segurei o braço do vampiro que espumava de raiva. Seu olhar brilhava intensamente, transmitindo a tamanha irritação que sentia naquele momento.

_É melhor vocês correrem. - Thomas disse, ainda de costas para nós - Algo pode ter acontecido a eles enquanto conversávamos.

Sol não deu tempo para que eu argumentasse e me arrastou junto a ele pelos corredores enquanto eu ainda segurava seu braço. Deixando Thomas para trás sem mais nenhuma explicação, atravessamos a grande mansão com rapidez:

_E-espere, Sol! - Eu pedia enquanto tentava acompanhá-lo

Eu já estava no meu limite, mas o vampiro continuava a andar mais e mais rápido, sem se importar com as minhas condições:

_V-você realmente acredita que algo possa ter acontecido com seus irmãos?

_Leo! - Ele parou de repente e se virou para mim - Eu sei que Thomas é seu melhor amigo, mas eu pude perceber a crueldade em seus olhos.

_E-espere! - Pedi enquanto tentava alcançar o vampiro que partira na frente - Sol! - O chamei quando ele entrou em uma sala escura.

_Para trás! - Ele colocou o braço em minha frente, me impedindo de entrar no local.

_O que está acontecendo?

Em um único instante, fui jogado para trás por uma incrível força. Minhas costas bateram na parede e eu desabei no chão me sentindo tonto. Esfreguei um pouco minha cabeça e tentei me focar no que estava acontecendo em minha frente.

Sol lutava sozinho para segurar aquelas duas bestas demoníacas. Os dois príncipes vampiros me encaravam com tremenda voracidade. Seus olhos, tão vermelhos quanto o sangue, cintilavam a intenção assassina daquelas criaturas. - Fiquei paralisado. Meu corpo tremia de medo e minhas perna não me obedeciam por mais que eu as implorassem:

_Leo! - Sol gritou - Você precisa fugir daqui o mais rápido possível! Eu irei atrás de você assim que acalmá-los!

Ele não precisava dizer isso para mim. Eu era aquele que mais queria sair daquele lugar, mas não era capaz de mexer nenhum centímetro do meu corpo. - O que faço?! Sol mal podia dar conta daqueles dois vampiros no estado em que estava. Ele iria sofrer mais caso eu não desse um jeito de me mexer:

_Agora, Leo! - Gritou.

_Merda! - Xinguei enquanto debatia para me levantar.

Cambaleado, sai dali o mais rápido que consegui. Passei por aqueles centenas de corredores sentindo que meu coração iria saltar pela boca. Eu estava com medo! Minha vida tinha acabado de ficar em centímetros de uma fatal morte. Nunca havia experienciado algo tão horrível quanto aquilo. - Não! Já vivenciei algo pior que isso na minha infância. 

Se eu fui capaz de sobreviver àquele dia sabendo tão pouco, então eu certamente iria escapar daqui! 

Não tinha tempo a perder! Sol estava se esforçando para me proteger, então eu precisava ser rápido!

Sai pelas portas laterais da mansão e atravessei o jardim correndo. A música alta vinha do salão de festas que estava perto. - Será que as pessoas ainda estavam se divertindo? - Não tinha tempo para pensar sobre isso, eu precisava correr para salvar minha vida! 

Em meio àquela noite escura de lua cheia, eu sai da mansão e percorri sem rumo aquelas ruas desertas. Estava cansado. Exausto. Sem anergia alguma. Em algum momento eu tropecei em um pedra e rolei pelo chão:

_Ugh! - Gemi de dor.

Tudo doía. Minhas pernas, meus braços, minha cabeça. Eu ainda estava os sentindo, então era um bom sinal, mas não tinha força alguma para continuar a correr.

Acabou! Um humano machucado que mal podia se colocar em pé era uma presa extremamente fácil para queles vampiros que estavam lutando contra a fome. 

Que fim mais triste para alguém tão patético.

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