Capítulo 11

126 24 4
                                    

LEO

Enquanto a Delegada Fordgers procurava pelas gravações da câmera de vigilância daquela noite, eu, Thoma e Sol fomos procurar por pistas na casa da vítima. O lugar em que o açougueiro morava era uma pequena construção que mal cabia nós três:

_Têm um cheiro ruim. - Comentou Thomas.

_Parece que há algo morto aqui dentro. - Sol completou.

Olhei fixamente para o vampiro como se estivesse dizendo "Sim, você!". Sol apenas ignorou meu olhar mortal como estava acostumado a fazer:

_Procurem qualquer coisa que possamos usar como pista. - Informei.

Eles concordaram com a cabeça e nos separamos para vasculhar o local. Assim como o cheiro ruim que emanava no lugar, havia lixo espalhado por todo o chão, o que tornava nosso trabalho ainda mais difícil. Eu não era capaz de imaginar alguém vivendo nessas condições, claramente o açougueiro possuía vários problemas em sua existência.

Enquanto eu vasculhava uma pilha de lixo em um canto, encontrei um porta retrato com uma foto de um casal e duas crianças. O homem na foto parecia ser a vítima quando mais nova e deduzi que aquela era a família dele. Coloquei o quadro gentilmente sobre a escrivaninha do lado, como um gesto de compaixão:

_Acho que encontrei algo. - Sol anunciou.

Caminhei rapidamente até onde o vampiro estava, assim como Thomas, e observei o cartão que Sol segurava:

_O que é isso? - Thomas perguntou.

_Parece um cartão de visitas. - O vampiro respondeu - Mas não há nada além de um nome escrito.

Sol tinha razão, o pequeno cartão de visitas era coberto com um preto fosco e, brilhando com letras vermelhas no centro, haviam as palavras "Bloody Mary" escritas:

_Bloody Mary. - Thomas leu em voz alta - Como aquelas bebidas feitas em bares?

_Existe uma bebida com esse nome? - Sol perguntou surpreso.

_Eu duvido muito que seja isso. - Falei, ignorando completamento o comentário do vampiro - Mas devemos considerar analisarmos esse cartão com mais atenção.

Após mais algumas buscas na casa, percebemos que não havia mais nada de útil ali e decidimos encerrar a procura. Também conversamos com algumas pessoas que moravam por perto, mas todas disseram que sempre o viam saindo e chegando no mesmo horário e nenhuma soube dizer do que se tratava o cartão de visitas:

_Já está tarde. - Falei me espreguiçando em minha cadeira. - Acho que devemos encerrar por hoje.

_Nunca pensei que um trabalho mundano pudesse ser tão divertido - Sol comentou.

_Ficou feliz que pelo menos alguém tenha aproveitado o dia.

_Vocês já estão indo? - Perguntou Thomas enquanto se aproximava da gente.

_Sim. - Respondi - Acho que não há mais nada a ser feito se não esperamos as filmagens das câmeras de vigilância.

_Vocês estão indo para casa? Eu posso dar uma carona. - Ofereceu gentilmente.

_Não se preocupe, temo que não poderei dormir em minha casa por um bom tempo. - Respondi.

Thomas colocou uma mão sobre meu ombro e me encarou com firmeza:

_Se algo acontecer me ligue imediatamente. - Falou sério - Eu não ligo se é um humano ou um príncipe vampiro, não deixarei que ninguém faça mal a você.

Sol nos observou com atenção, mesmo que o óculos escuro cobrisse seus olhos, eu sentia seu olhar vermelho ardente sobre nós e comecei a me sentir apavorado de repente:

_C-certo. - Falei me distanciando de Thomas, que me encarou com receio - Eu mandarei uma mensagem mais tarde, então você pode ficar despreocupado.

_Okay. - Ele encarou Sol e depois voltou a olhar para mim - Estou indo então, até mais.

_Então ele seria capaz de lutar comigo para lhe proteger? - Disse Sol assim que Thomas foi embora.

_Não o leve a mal, ele só está preocupado comigo. - Falei - É normal para os humanos lutarem para proteger aqueles que lhe são importantes, mesmo reconhecendo a força do seu oponente.

_Já faz um tempo em que precisei lutar para proteger algo especial para mim, acho que comecei a me esquecer de como é ser humano, mas posso afirmar que vocês são uns tolos.

Eu não era capaz de entender como ele conseguia desprezar tanto os humanos se um dia ele já foi parte dessa raça. Talvez a mente dele tenha se deteriorado durante os anos por não ser mais capaz de se sentir vivo:

_Então, como vamos chegar até em casa? - Perguntou enquanto me acompanhava na caminhada.

_Teremos que pegar um ônibus, já que o lugar é longe. 

_Um ônibus? Você quer dizer aquele transporte grande de metal que carrega várias pessoas pelas ruas?

_Vossa majestade nunca andou de ônibus?

_Por que eu precisaria? É muito mais rápido ir por cima dos prédios.

_Os humanos não são capazes de usufruírem dessa vantagem.

_É uma pena. Um dia eu te mostrarei como é incrível ter essa experiência.

_Eu agradeço a oferta de vossa majestade, mas não acho que isso seria agradável para mim.

Esperamos um tempo no ponto até que o ônibus chegasse. Sinceramente, era aterrorizante ter aquela pessoa inquietante ao meu lado, mas não era como seu eu pudesse dizer para que ele fosse embora. Felizmente, as pessoas que esperavam pelo ônibus com a gente, não desconfiaram da verdadeira identidade do vampiro e pareciam não se importar com a nossa presença.

Assim que o transporte chegou esperei para que as outras pessoas subissem primeiro, para que então eu entrasse na máquina. Assim que passei pela cancela, ouvi alguém resmungando atrás de mim e, ao olhar para trás, avistei Sol lutando contra o acesso de metal:

_Por que esta coisa não está funcionando?! - Disse irritado.

_Por favor, sai se não for entrar. - Disse o motorista.

Me apressei para liberar a passagem de Sol antes que o vampiro decidisse arrancar a cancela ou a cabeça do motorista. Segurei em seu pulso e o arrastei até o último acento do ônibus, o fazendo se sentar:

_Por que você me seguiu? - Perguntei - Pensei que você tinha dito que era muito mais rápido ir por cima dos prédios.

_E te deixar sozinho nesse veículo de metal velho? Sem chances, eu tenho que te proteger de qualquer perigo eventual.

Eu duvidava muito que um vampiro que precisava usar bengala para poder caminhar fosse capaz de me proteger de algum perigo, mas eu não era capaz de combater sua teimosia:

_Apenas não faça nada de estranho. - Informei.

_Você está me chamando um dos vampiros mais poderosos desse mundo de estranho?! - Perguntou estupefato.

_Não fale isso alto! - O reprovei e depois suspirei fundo - Olha, apenas não faça nada que possa revelar sua identidade.

Sol se remexeu no banco, parecendo ter entendido o que eu queria dizer:

_Isso não é tão ruim quanto pensei. - Murmurou envergonhado.

Private BloodOnde histórias criam vida. Descubra agora