Capítulo 45

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LEO


Caminhamos até o jardim e sentamos na mesa ao ar livre (a mesma em que havia conhecido os príncipes pela primeira vez). Alfred nos serviu chá enquanto Noé e Sol realizavam um trabalho duro para identificar aquela pessoa misteriosa que apareceu na cerimonia. Noé relatava adicionando cada detalhe possível, enquanto Sol rabiscava a folha de caderno sempre olhando para o desenho. Enquanto isso, eu aproveitei para descansar um pouco, já que não seria de nenhuma ajuda para os dois. Aproveitei o clima fresco que emanava do jardim para respirar bem fundo e acalmar a mente. - O que era quase impossível naquele momento.

Haviam muitas coisas em que eu precisava pensar, mas estava apenas as adiando para que pudesse sofrer em um momento mais oportuno. Nãos estava sendo fácil segurar aquelas emoções, mas precisava fazer, para o bem de todos.

Após Noé terminar de relatar todas as características do suspeito, Sol terminou de dar os últimos retoques no desenho e o virou para que pudêssemos observar. Ao contrário da caricatura que fez de mim anteriormente, seu desenho agora estava mais realísticos. O homem tinha os cabelos ondulados e usava um óculos quadrado, seus olhos eram pequenos, assim como seu nariz e boca, e tinha os traços do rosto bem marcado:

_Fiz o meu melhor. - Disse Sol.

_Está perfeito! - Noé expressou - Exatamente como a imagem em minha memória.

_Isso é bom! Devemos fazer uma busca com base nesse desenho. - Falei.

_Deixe comigo. - Noé se dispôs - Ire verificar o banco de dados das Forças Vampíricas, irei informá-los  assim que descobrir alguma coisa

_Espere! - Pronunciei - Me sinto inquieto se não ajudá-lo.

_Vocês parecem cansados, então apenas tirem o dia de folga hoje. Não se preocupem comigo, pois também quero ser útil para os príncipes.

_Eu agradeço. - Disse Sol.

O vampiro fechou o caderno de desenhos e o entregou para Noé, que logo levantou e se despediu, saindo sem quase nem ter tocado no chá. - Aquilo me deixou desapontado. Eu tinha esperanças em mergulhar naquela investigação para que não precisasse pensar em tudo o que estava acontecendo, mas Noé havia sido muito persistente.

Estávamos sozinhos novamente, somente eu e Sol naquele lugar cercado por plantas. Os pássaros cantavam alegremente, sem nenhum tipo de preocupação, diferente de nós. - Eu queria poder ser livre e ingenuo que nem aqueles pássaros. - Pensei.

Sol bebeu seu chá com muita elegância, digna de uma príncipe da realeza. Era fascinante observar cada belo movimento do vampiro, ele era incrivelmente lindo:

_O dia está agradável. - Observou.

_O clima perfeito para um encontro. - Comentei. - Eu gostaria de aproveitá-lo com você, mas sei que é impossível devido as nossas circunstâncias atuais.

_Você parece desapontado.

_É claro que estou! Queria poder passar mais tempo com você. Se pudêssemos ser duas pessoas normais pelo menos por um dia...

_Você sabe, nunca seremos pessoas normais.

_Você está certo. - Eu ri.

_Vossa majestade. - Alfred surgiu em um piscar de olhos ao lado de Sol. - O primeiro príncipe está acordado e deseja falar com vossas senhorias.

_Estamos indo, obrigado Alfred. - Sol agradeceu.

O empregado fez uma reverencia e desapareceu tão rapidamente quanto surgiu. - Eu nunca ficaria acostumado com aquilo!

Deixamos o belo jardim e entramos na casa cheia de corredores. Sol mostrava o caminho para o quarto do príncipe caminhando a minha frente e eu o acompanha silenciosamente, apenas observando a rota que percorríamos.

O vampiro mais velho estava sentado em sua cama e segurava uma xícara quente nas mãos. Seu cabelo estava bagunçado e sua pele mais pálida do que o normal. Nunca imaginei que o veria tão abatido. Aquela imagem a minha frente estava muito distante da aparência inflexível e impiedosa que o primeiro príncipe costumava a ter. Era quase triste vê-lo daquela forma:

_Como está se sentindo, irmão? - Sol perguntou se aproximando da cama.

_Um pouco melhor. - Ele colocou a xícara de lado e virou sua atenção para nós dois. - Acho que devo uma pedido de desculpas a você, Leo.

_I-imagina! - Respondi envergonhado - Você não estava consciente naquele momento, então não foi sua culpa.

_Não, eu deveria ter percebido que havia algo de errado com as nossas bebidas, mas fico feliz que esteja bem.

_Felizmente, Sol estava por perto para me proteger. 

_Fico contente em saber isso, Sol. Parece que o sangue de Leo está realmente ajudando a recuperar sua saúde.

_Irmão, você pode nos dizer o que aconteceu quando nos separamos?

_Certamente. - Pensou por uma momento - Primeiramente, fomos para a ala Leste da casa, assim como havíamos combinado. Em uma das sala, fomos capazes de ouvir um som estranho, então entramos para verificar o que ere e acabamos nos encontrando com um desconhecido.

_Um vampiro? - Sol perguntou.

_Exatamente. Ele nos contou como colocou a droga em nossa bebida e que tudo era uma distração para que desse tempo da droga fazer efeito em nossos corpos.

_Ele disse o por quê de fazer isso? - Indaguei.

O príncipe concordou com a cabeça:

_Disse que, depois de falhar uma vez, ele modificou alguns elementos da droga e precisava testá-la novamente. Acredito que ele também possa ser o responsável por drogar Sol anteriormente. 

_Então, foi ele!

_Você se lembra de como era sua aparência? - Perguntei.

_Apenas imagens vagas. - Respondeu.

_Isso não é o suficiente. - Falei - Mas já temos uma pista de quem possa ser o culpado.

_Eu definitivamente irei acabar com a raça daquele desgraçado! - Segurou os lençóis com força.

_Acalme-se, irmão. - Disse Sol. - Você é um governante! Não pode agir tão impulsivamente dessa maneira.

_Como posso ficar calmo sabendo que aquele maldito nos usou?! - Brandiu com raiva.

Seus olhos brilharam em um escaldante vermelho e sua boca mostrava seus caninos afiados cheios de ódio. Instintivamente, dei um passo para trás, relembrando aqueles mesmos olhos famintos que me encaravam na noite anterior. Eu estava com medo! O ocorrido continuava bem vivo em minha mente e me deixava apavorado. 

Sol segurou minha mão e me acalmou com um olhar solidário:

_Pare com isso! Você está assustando Leo! - O mais novo advertiu.

O primeiro príncipe virou desviou o olhar com raiva:

_Vamos, Leo! - Sol se levantou e me puxou para a saída - Não há mais o que discutir com Betelgeuse! Vamos ver como Rigel está.

Não fui capaz de dizer uma palavra e fui arrastado para fora do quarto do primeiro príncipe a força. Antes de fechar a porta, pude ver de relance as mão tremulas do vampiro segurando os lençóis. Eu sabia que ele estava com raiva por não ser capaz de punir o culpado, mas eu me perguntava se de fato aquela droga havia saído totalmente de seu organismo.

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