Capítulo 10

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LEO

Não fui capaz de convencer Sol a voltar para casa  e, mesmo eu o implorando para ficar quieto em um canto da delegacia enquanto eu fazia meu trabalho, ele apenas me seguiu até a cena do crime. Eu não tinha tempo a perder tentando explicar a um vampiro adulto que não era desse jeito que as coisas funcionavam, então eu precisava pensar em uma desculpa rápida para dar a delegada quando entrássemos em cena:

_Um açougue? - Disse Sol observando o comércio - Eu posso pensar em vários lugares melhores e mais limpos para cometer uma homicídio. - E eu estava pensando em cometer um naquele exato momento!

_Apenas fique quieto e não faça nada. - O instrui.

Ele pareceu estar desinteressado em minhas ordens e sequer teve a cortesia de me responder. 

Suspirei fundo, tentando acalmar minha raiva, e adentrei no estabelecimento. O lugar estava cheio com os policiais que a delegada Fodgers havia convocado, mas eu não conseguia ver o corpo em nenhum lugar.

_Detetive Fide! - Um dos policiais veio em minha direção - A delegada Rodgers está o esperando dentro do frigorifico.

_Obrigado. - Agradeci pela informação.

O policial me saudou uma vez e saiu enquanto observava Sol com dúvidas:

_Eu irei verificar o corpo, você fica aqui e não mecha em nada. - Falei.

_Eu poderia ser de grande ajuda para vocês. - Insistiu.

_Não! - Respondi com firmeza - Apenas se comporte como um bom garoto.

_Sabe, eu não sou um cachorro. - Comentou.

Eu desejava que fosse um! Eu tinha certeza que um animal me daria menos trabalho. - Pensei.

Deixei Sol para trás e fui direto para a cena do crime. Ao entrar no frigorifico, uma onda de ar gelado invadiu minha pele, a fazendo criar calafrios. O corpo estava pendurado em um dos ganchos entre as carnes e amarrado com correntes. Me aproximei da delegada Fodgers e de Thomas, que estavam na frente da vítima:

_Detetive Fide. - A delegada me chamou assim que me viu.

A saudei em resposta e cumprimentei Thomas com a cabeça:

_Então, o que temos aqui? - Falei observando o corpo.

_O nome da vítima era Darren Horton, tinha 57 anos e era o dono do açougue. Quem encontrou o corpo foi o seu funcionário nesta manhã. A equipe legista informou que a morte foi causada por hipotermia e que a hora da morte foi aproximadamente às 22:30 da noite anterior.

_Alguma câmera de segurança ou testemunha? - Perguntei enquanto observava o corpo.

_Apenas as câmeras de vigilância da rua. - Ela me respondeu.

Ao virar um pouco o corpo, localizei duas feridas ao lado direito de seu pescoço:

_Então o vampiro não o chupou até a morte. - Comentei observando as marcas de canino.

_Você acha que esse caso tem alguma relação com o outro? - Thomas perguntou. 

_Com certeza isso parece estranho, mas não posso confirmar nada sem nenhuma evidência. - Falei.

_Eu não quero te pressionar, mas você precisa resolver esses casos o quanto antes.  - A delegada anunciou - Os cidadãos começarão a falar sobre os acontecimentos logo e isso pode influenciar na confiança das pessoas em nosso trabalho. Não podemos deixar que essa segurança seja rompida ou poderá haver ainda mais caos.

_Sim senhora!

Ela nos acenou com a cabeça, se despedindo de nós e, antes que pudesse dar uma passo, ela parou bruscamente:

_Eu não lembro dessa pessoa trabalhar em nosso departamento.

Seguimos nossos olhares na direção em que ela fitava e me aterrorizei quando vi Sol ali. Ele estava ao lado de um grande pedaço de carne, o cheirando profundamente, como se estivesse prestes a dar uma grande mordida na peça crua:

_Ele é um novo recruta do nosso departamento. - Expliquei apressadamente - Eu estou o ajudando a se adaptar com o verdadeiro trabalho da polícia, mas tenho certeza de que ele não ficará por muito tempo. - Ou pelo menos era o que eu esperava!

_Estranho, não me lembro de ter recebido alguma notificação de que teríamos um recruta em treinamento. - Disse pensativa.

_Com tanta coisa acontecendo atualmente, acho que você acabou se confundindo. - Falei.

_Você deve ter razão, não ando descansando bem ultimamente. - Ela suspirou - Por ora, apenas foque em encontrar o culpado e me reporte imediatamente caso encontre algo importante.

_Certo.

Nos despedimos novamente e dessa vez ela realmente saiu dali. Eu me sentia culpado por estar a enganado dessa maneira, mas não havia mais nada que eu pudesse fazer. Por sorte, as coisas andavam tão caóticas ultimamente que ela apenas aceitou sem questionar:

_Esse lugar tem um cheiro horrível. - Disse o vampiro se aproximando, agora ele usava um lenço para cobri a boca e o nariz - Todo esse sangue misturado esta me dando ânsia de vômito.

Então você poderia apenas ir embora! - Mas antes que eu fosse capaz de falar qualquer coisa, Thomas tomou a frente da palavra:

_Soube que é um recruta novo. Me chamo Thomas Santiago, eu trabalho como policial no departamento, é um prazer conhece-lo - Ele esticou a mão amigavelmente.

Sol hesitou antes de apertar a mão do garoto, mas felizmente ele havia entendido meus sinais desesperados:

_Sim, sou o novo recruta, Sol Trey Charmberlain. - O vampiro fingiu um sorriso amigável.

Por ventura, Sol usava óculos escuros para esconder seus olhos vermelhos e por isso Thomas não desconfiou de nada. Além disso, o vampiro usava vários anéis de pedra da lua em suas mãos. - A pedra da lua era um fragmento de rocha que permitia que os vampiros andassem tranquilamente sob a luz do sol - Eu sei, injusto, não é?!

_ Espero nos dar bem. - Disse o humano com um sorriso.

Eu precisava interromper logo aquela conversa, antes que Thomas decidisse virar amigo daquele cara:

_Thomas. - Me virei para o garoto - Nós assumiremos daqui, então você já pode voltar.

_Não! - Respondeu com firmeza, fazendo eu me surpreender com o seu comportamento. Ele nunca havia falado comigo com tal tom antes e não esperava que fosse utiliza-lo em um momento como esse - Quero dizer, eu vou com vocês! - Ele mudou rapidamente sua entonação.

Por alguma razão Thomas parecia ansioso e eu não sabia se poderia convence-lo a ficar. Olhei para Sol pedindo por ajuda, mas o vampiro apenas deu de ombros desinteressado. Suspirei fundo e respondi:

_Tudo bem.

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