Capítulo 09

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LEO

Eu mal consegui dormi naquela noite pensando na possibilidade daquela cobra gigante pular do aquário e me devorar com uma mordida:

_Espero que você tenha dormido melhor do que eu. - Falei para a cobra assim que acordei no outro dia.

Enquanto me arrumava para trabalhar naquela manhã, alguém bateu do outro lado da porta do meu quarto:

_Sr. Leo? - Eu reconhecia aquela voz.

_Entre, Alfred. - Pedi.

_O café da manhã está disposto na sala de jantar principal. - Anunciou fazendo uma reverência.

_Já estou descendo, obrigado.

Ele saiu após se despedir rapidamente. Tão logo quanto eu terminei de me organizar, desci as escadas tentando evitar ao máximo os olhares curiosos de baixo dos óculos escuros dos guardas.  Assim que cheguei na sala de jantar, me deparei com os três príncipes sentados na mesa desfrutando de suas refeições matinais. Eu pensei na possibilidade de fugir dali, mas já era tarde demais:

_Sente-se e coma conosco. - Disse o primeiro príncipe me olhando por cima do jornal que estava lendo.

_Claro, obrigado. - Agradeci com desconforto.

Me sentei na cadeira vaga ao lado de Sol, o qual sequer me dirigiu o olhar, e comecei a fazer a minha refeição:

_Você dormiu bem esta noite? - O segundo príncipe me perguntou com curiosidade.

_Teria sido melhor se não houvesse um réptil de 6 metros me encarando durante a noite, vossa majestade. - Respondi, tentando acertar Sol com o meu sarcasmo.

_Você está falando da Lady Sssssusie? - Disse o mais velho - Eu realmente não entendo o interesse de Sol por tal animal. 

_Isso é porque você só gosta de gatos - Sol rebateu.

_É claro! - O primeiro príncipe pareceu ter se ofendido com o comentário do irmão - Gatos são muito mais adoráveis e fofos, você não concorda, Leo?

Os encarei com a boca cheia de comida. Ele realmente precisava jogar toda a responsabilidade em mim?

_A opinião de Leo não importa. - Sol me cortou antes que eu pudesse responder e eu agradeci tal ato, mesmo ele me menosprezando. - A provisão de sangue que eu tinha acabou noite passada, eu irei precisar que você comece a me doar pequenas quantidades a partir dessa noite. - Foi direto ao ponto.

_Como desejar. - Respondi.

Engoli a comida rapidamente, para assim sair logo daquela mesa horripilante. Como o departamento de policia ficava mais longe de onde eu estava morando atualmente, tive que pegar o transporte público para chegar até o serviço:

_Você parece acabado. - Foi a primeira coisa que Thomas disse assim que se aproximou da minha mesa.

_Você também estaria se tivesse dormido no mesmo quarto que uma cobra abominável.

_Você está querendo dizer o terceiro príncipe?

_Quase isso. - Mas eu havia que dar o crédito a ele por ter feito um ótimo palpite.

_Como anda o caso de assassinato?

_Nada bem, não há uma pista sequer que nos leve até o assassino.

_Isso é mal, vampiros não costumam deixar vestígios para trás.

_Thomas! - Uma voz feminina gritou pelo garoto - Preciso que você venha comigo. - Disse a delegada com emergência na voz.

_O que aconteceu? - O garoto perguntou se colocando em guarda.

_Acredite ou não, mas ouve outra denuncia de um assassinato na região.

_Certo! 

_Deixe-me ir com vocês! - Me levantei em urgência antes que eles deixassem o lugar. - Dois casos de assassinato em 24 horas não é nada bom!

_Eu sei que você esta inquieto por não estar conseguindo resolver o caso, mas a policia precisa fazer a sua parte primeiro. - Disse a delegada Rodgers - Não se preocupe, o chamaremos caso precisarmos.

Dando sua sentença final, ele e Thomas saíram em disparada junto com mais alguns policiais do departamento.

Eu não fui capaz de me concentrar em mais nada depois daquilo. Ficar sentado esperando pelo pior não era o meu jeito de resolver as coisas. Eu precisava estar na cena do crime o quanto antes, mas não podia desobedecer a ordem da minha superior:

_Detetive Fide? - Uma voz feminina despertou minha atenção.

_Sim? - Respondi tentando deixar de lado toda a minha inquietação.

_Há uma pessoa na recepção dizendo que conhece o senhor.

_Eu? - Perguntei confuso, pois as únicas pessoas que me conheciam eram meus pais, Thomas e meus colegas de trabalho.

_Sim, ele disse claramente para eu dizer ao senhor que ele ordena que vá o receber imediatamente.

Ordena? Que tipo de maluco falaria uma coisa tão estúpida dessas? - Pensei.

Talvez por eu estar tão atormentado pelo crime dessa manhã, minha mente não foi capaz de raciocinar direito e ligar todas as cartas que estavam sobre a mesa, pois se eu tivesse prestado um pouco mais de atenção no que a menina havia me falado, eu poderia ter adivinhado de quem se tratava.

Sentado com as pernas cruzadas em uma cadeira, isolado em um canto da delegacia, Sol estava a minha espera. Sem acreditar no que meu olhos estavam vendo, parti em disparada na direção do vampiro:

_Finalmente você veio me receber. - Ele me encarou com quele olhos sem vergonhas - Eu não gosto de ficar perto de pessoas que desconheço.

_O que infernos você está fazendo aqui?! - Falei, quase ao ponto de estar surtando.

_Você mesmo disse que se eu quisesse te vigiar eu teria que fazer por mim mesmo.

_Não foi isso que eu quis dizer! - Gritei.

Os olhares curiosos de todos na delegacia estavam parados sobre nós. Não seria nada bom se eles presenciassem meu surto com o vampiro naquele momento:

_Venha comigo! - Falei enquanto agarrava seu pulso e o levantava.

Mal deu tempo de Sol pegar a bengala que carregava antes que eu o arrastasse pela delegacia. O levei até o banheiro e tranquei a porta atrás de nós:

_Você podia ter sido mais gentil. - Falou enquanto arrumava a manga da sua blusa que eu havia amassado.

_Por que eu seria gentil com uma pessoa maluca?! - Retruquei - E se alguém te reconhecesse?!

_Impossível, ninguém dessa era conhece a minha aparência. 

_Você é lunático! - Suspirei de frustração - Como eu fui te deixar me meter em uma situação dessas?

_Bem, você não tinha muita escolha. - Ele havia realmente admitido isso naquele momento?!

_Vossa majestade, você precisa ir para a casa agora!

_De jeito nenhum. Eu serei seu guarda-costas a partir de agora.

Se eu pudesse joga-lo para queimar no sol naquele momento, eu faria sem pensar duas vezes:

_Você não pode fazer isso! Existem regras dentro desta delegacia!

_Eu seu um dos príncipes, eu posso fazer qualquer coisa.

O toque do meu celular me salvou de cometer um crime contra aquele vampiro. O atendi sem nem mesmo olhar para quem me ligava:

_Detetive Fide. - Era a voz da delegada Fordgers.

_Sim! - Recuperei meu raciocínio naquele momento.

_Precisamos que você venha até a cena do crime.

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