Capítulo 13

135 21 2
                                    

LEO

Naquela noite, tive um pesadelo do qual já não me recordo mais. Algo a ver com tortura e mulheres semi nuas. O pedido que o segundo príncipe havia me feito no dia anterior ainda me assombrava pela manhã. Como eu poderia ajudar alguém a aproveitar o mundo exterior se eu possuía zero habilidades sociais? Com essa nova preocupação em minha mente, tomei meu café da manhã e fui direto para o trabalho.

Assim que cheguei em frente a delegacia de polícia, uma voz me chamou a atenção:

_Seria educado da sua parte me esperar para virmos trabalhar juntos.

Meu virei em direção ao som e me deparei com Sol parado ao meu lado. Ele novamente havia se esgueirado e se aproximado de mim sem fazer nenhum barulho, apenas para me intimidar:

_Desculpe, mas tecnicamente não somos colegas de trabalho, então pensei não haver obrigação de esperar por você. Se isto o incomoda, não vejo a necessidade de continuarmos a fazer isso.

_Eu já lhe disse que é necessária a segurança da minha comida, mas se você continuar a agir dessa maneira, eu posso apenas o acorrentar em sua cama, assim não teríamos nenhum incomodo.

Dito isso, Sol deu as costas para mim e adentrou no prédio. Eu suspirei fundo, afim de acalmar minha irritação, e o acompanhei para dentro. Ao seguir para a minha mesa, vi o vampiro sentado ao lado, me esperando com as mão sobre os joelhos. Sinceramente, quem havia dado aquela cadeira para ele?!

Felizmente, Sol parecia estar zangado pelo que eu havia dito pela manhã e sequer me dirigiu uma palavra, apenas ficou ali parado, como uma sombra irritante:

_Detetive Fide! - um dos funcionários do departamento se aproximou - A delegada Forgers pediu para eu lhe entregar isso.

Era um pendrive que, assim como eu imaginava, possuía as gravações da câmera de vigilância de frente ao açougue da noite do assassinato.

Passei o vídeo diversas vezes, tentando obter todos os detalhes possíveis, no entanto, na gravação não havia nenhuma pista sequer, tudo o que tinha era a imagem do funcionário saindo do local no final de seu expediente e o açougueiro fechando o estabelecimento por dentro. Não houve mais ninguém próximo do açougue naquele noite e nenhuma vestígio do assassino:

_Isso não está dando certo! - Falei frustrado.  

_Não deixe as pessoas perceberem que você é péssimo em seu trabalho. - Sol comentou sem tirar os olhos da revista que havia encontrado por ai.

Eu estava farto daquilo! Além de ter dois assassinatos sem nenhuma evidencia, eu ainda havia de aturar aquele vampiro que possuía meu sangue por um contrato:

_Eu realmente desejo que vá embora. - Me direcionei a ele, o qual me fitou com os olhos frios - Sinceramente, não me ajuda em nada ter alguém tão mimado ao meu lado. 

Um silêncio constrangedor pairou sobre o ar entre nós. Eu o encarava com antipatia e ele retribuía com uma impiedosa observação. Ele só falou após alguns longos segundos:

_Achei algo.

_O quê? - Perguntei confuso. Eu estava esperando algumas ameaças e não algo assim.

_Tem algo ali. - Ele se levantou e apontou para tela do computador - Volte o vídeo em alguns segundos. - Fiz assim como ele ordenou - Agora, pare aí! - disse após alguns segundos.

_Você está brincando comigo?! - Pronunciei irritado, claramente não enxergando nada de mais na imagem pausada.

_E por que eu faria isso? - Retrucou ofendido - Dê o máximo de zoom que você conseguir na janela. - Ordenou.

Segui suas ordens ainda relutante, no entanto, a cada zoom que eu dava na imagem, algo de estranho começava a se formar.

Uma sombra! A imagem estava embaçada, mas havia definitivamente uma fraca sombra atrás da janela:

_Não brinca! - Falei surpreso.

_Não tão inútil assim, não é? - Sol parecia rancoroso. Mas eu devia admitir que sua ajuda vampírica foi muito útil.

_Você consegue descobrir alguma especificidade da sombra olhando pela imagem?

_Os romanos inventaram o pirulito? - O encarei confuso - A resposta é sim.

Depois de algum tempo, descobrimos que a sombra pertencia não ao açougueiro, e sim a um homem, com 1,80 metros de altura e que pesava em torno de 78 kilos. Com essas novas informações, já conseguíamos eliminar alguns suspeitos de nossa lista e, apesar de não poder compartilhar o que Sol descobriu a mais ninguém, devido ao fato de não saberem a verdadeira identidade do vampiro, eu ainda podia fazer as coisas por mim mesmo.

Eu e Sol decidimos que investigaríamos as duas cenas dos crimes mais uma vez no dia seguinte, afim de encontrar algum sinal que tenha passado despercebido. Com os olhos apurados do vampiro, certamente tínhamos mais chances de descobrir algo.

No final do expediente daquele dia, nos arrumamos e saímos juntos do departamento. Assim que passamos da porta da frente, uma pessoa a espera me surpreendeu:

_Thomas! - Chamei o seu nome e fui de encontro ao rapaz que estava parado em frente ao prédio. 

_Fico feliz que ainda não tenham ido embora. - Falou sorridente.

_Pensei que hoje fosse seu dia de folga, aconteceu alguma coisa? - Perguntei preocupado.

_Não se preocupe, estou bem. - Respondeu com timidez - É que eu estive pensando nos casos de assassinato durante esse tempo e me peguei refletindo sobre o que Sol havia falado. - O vampiro ficou surpreso com a citação de seu nome - Então pensei em vir convidar vocês para tomarmos algumas bebidas juntos, assim Sol poderá experimentar um Bloody Mary.

Seu convite me deixou surpreso. Eu certamente adoraria sair para beber com Thomas depois de um dia cansativo de trabalho. Era o que geralmente fazíamos e isso ajudava a aliviar minha tensão. Porém, eu não seria capaz de relaxar com a fonte dos meus atuais problemas nos acompanhando. Isto estava fora de cogitação!

_Eu agradeço o convite, Thomas. - Falei - Mas não estou em um bom clima para isso hoje. Além disso, eu tenho que doar meu sangue ao príncipe essa noite e tenho certeza que ele ficaria furioso caso eu me atrasasse.

Thomas fez uma cara de decepção, que o fez parecer com um filhote de cachorrinho triste. Encarei Sol, pedindo por sua ajuda, mas é claro, o vampiro nunca facilitaria as coisa para mim:

_Ora, tenho certeza que vossa majestade é alguém muito gentil e bondoso, ele certamente não se importará caso chegue mais tarde.

Thomas tomou uma postura alegre, com os olhos brilhando em esperança. Encarei Sol com raiva e ele apenas sorriu com fingimento. Suspirei fundo, tentando me convencer:

_Tudo bem. - Aceitei - Vamos nessa!

Private BloodOnde histórias criam vida. Descubra agora