Capítulo 14

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LEO

O que poderia dar de errado em uma noite de bebidas com o seu melhor amigo e seu pior inimigo? - Pensei comigo mesmo - O meu delírio me fez inocente. É claro que tudo daria errado! 

Naquele dia, Thomas nos levou com seu carro até um bar bem popular do bairro. Não era um lugar grandioso e nem luxuoso, mas mesmo assim o vampiro pareceu surpreso com local:

_Você realmente nunca veio a um bar antes? - Thomas perguntou.

_Eu não era acostumado a sair de casa até pouco tempo atrás. - O vampiro respondeu enquanto observava fascinado o ambiente.

_Parece que vocês dois tem algo em comum então. - Comentou Thomas com um sorriso - Talvez por isso vocês se deem tão bem juntos.

_Não! - Eu e o vampiros respondemos juntos.

Após nossa constrangedora sincronia, tomamos nossos lugares um uma mesa e pedimos nossas bebidas:

_Do que é feito essa bebida? - Sol observava o líquido vermelho com curiosidade.

_Tomate, molho inglês e um pouco de pimenta, basicamente. - Thomas respondeu.

_Que mistura intrigante. - Disse o vampiro enquanto pegava o copo na mão.

Aqueles segundos em que Sol experimentava a bebida me deixaram tenso. O meu maior medo era ele surtar por não gostar da bebida e acabar destruído todo o local. Apesar do cliente sempre ter razão, não acho que justifica seu ataque de pelancas:

_E aí? - Thomas perguntou ansioso.

Sol fez uma pausa dramática antes de responder:

_É estranhamente gostoso. 

Então, o vampiro virou o copo de uma vez na boca, engolindo todo o líquido que uma vez era um Bloody Mary:

_Vou querer mais disso aqui. - Falou.

_Haha, parece que você gostou bastante. - Disse Thomas, parecendo estar se divertindo.

Sol seguiu virando vários e vários copos de bebidas de uma vez. Enquanto isso, eu e Thomas tomávamos alguns canecos de cerveja. Desse modo, a noite foi se passando sem qualquer tipo de problema, nós três bebíamos e conversávamos como se todos fossemos íntimos amigos. O álcool fez minha tensão desaparecer, então não tive muita dificuldade de me divertir na presença do vampiro, o que foi um alívio, já que eu estava precisando me distrair um pouco.

Então, naquele momento, com o álcool falando mais alto do que sua mente,  Thomas resolveu fazer aquela pergunta:

_Como você se tornaram tão amigos?

O encarei surpreso, no mesmo momento em que Sol terminava outro copo de bebida. Thomas olhava para nós parecendo ansioso e eu fui capaz de perceber que o rapaz já havia passado do seu limite de álcool, o que me deixou preocupado, já que não era acostumado a fazer tal coisa:

_Não somos. - Sol foi direto.

_Oh, sério!? - Thomas exclamou surpreso. - Leo não costuma fazer amizades facilmente e muito menos falar sobre si mesmo a outras pessoas, por isso pensei que vocês fossem próximos.

_O que você quer dizer com isso? - Perguntei inquieto. 

_Você até contou a ele sobre estar dando sangue ao príncipe.

Foi então que percebi que algo que não devia havia escapado de nossos lábios:

_Não foi bem assim, ele apenas descobriu por acaso. - Respondi nervoso, com a esperança de que ele acreditassem em minha desculpa.

_Você parece apreensivo por causa de nosso relacionamento. - Sol insinuou.

Encarei o vampiro em desaprovação. Eu sabia que o álcool não o afetava, então ele apenas estava sendo desagradável por simples vontade, o que me deixava ainda mais zangado:

_Não fale como se fossemos tão próximos. - O censurei. 

_Não, ele tem razão. - Declarou Thomas. O encarei atordoado, o garoto estava começando a agir de uma forma que eu nunca havia visto antes. Eu não entendia o que estava acontecendo com ele para expor seus pensamentos para outra pessoa tão diretamente dessa maneira. Eu dizia isso, pois Thomas nunca falava abertamente sobre seus sentimentos nem mesmo para mim, seu melhor amigo. - Depois de ver como você ficou tão próximo de Leo, comecei a me sentir inquieto. Sabe, eu fui seu melhor amigo por muito tempo e sempre foi somente nós dois contra o mundo. Vê-lo criando vinculo com outra pessoa de maneira tão fácil, me deixa um pouco triste.

Ouvir Thomas falando sobre nossa amizade e suas emoções dessa maneira fizeram meu coração partir. Eu desejava que ele se sentisse bem, mas não sabia como fazer isso, pois a maior parte de sua angustia era por minha causa. Eu não sabia como deveria mudar para fazê-lo feliz.

Sol me surpreendeu ao respirar profundamente. Depois de pensar por alguns segundos, o vampiro colocou os braços  sobre a mesa e encarou Thomas com frieza:

_De fato, nossa relação se formou mais rápida do que o normal e temos passado muito tempo juntos, mas acho que suas emoções estão fazendo você confundir as coisas.

Thomas o fitou atônito, parecia como se Sol tivesse revelado algo que nem mesmo ele percebia. Eu os encarava confuso, sem entender a situação em que estávamos:

_Ora. - Disse o vampiro recolhendo seus braços -  Parece que finalmente você entendeu a raiz dos seus sentimentos.

Thomas não disse nada, em vez disso, ficou tão pálido que pensei que o garoto iria desmaiar ali mesmo:

_Está tudo bem? - Perguntei preocupado.

_Desculpe. - Ele se levantou com dificuldade - Acho que bebi de mais, estou indo para casa agora.

_Espera! - segurei o pulso do rapaz, o impedindo de andar - Não leve a sério o que ele falou. Tenho certeza que Sol está tão bêbado, que mal sabe o que está dizendo.

_Leo. - Thomas cerrou o punho e não se virou para me encarar - Não faça isso, por favor. - Ele parecia estar implorando.

_Eu realmente admiro a amizade de vocês - Comentou Sol - Mas me parece que ainda há coisas que vocês ainda escondem um do outro.

_Você não nos conhece. - Pronunciei zangado - Então não fique tirando conclusões tão estúpidas.

_Eu disse, não faça isso! - Thomas gritou e, ao puxar seu braço, acabou o batendo nos copos que estavam em cima da mesa, fazendo-os cair e derramar todo seus conteúdos sobre Sol - Leo, estou indo para casa agora.

Tudo que fui capaz de fazer naquele momento foi observar suas costas enquanto Thomas ia embora. Enquanto isso, as pessoas em nossa volta começaram a nos encarar com curiosidade. Parecia que havíamos atraído bastante atenção.

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