Capítulo 07

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LEO


Naquela noite, eu fui submetido a uma sermão rigoroso de Thomas que durou quase uma hora inteira. Tive que lhe prometer que daria noticias minhas todas as noites para que o rapaz se acalmasse e encerrássemos a chamada. 

Aquela era a minha última noite dormindo em meu apartamento e eu sequer conseguia pregar os olhos. Eu já havia entregue alguns pertences meus para Wilfred carregar e levaria o resto comigo no outro dia, eu não precisava me preocupar com nada, mas ainda assim estava inquieto. Eu sentia que havia acabado de ser aprisionado pelo resto da minha vida e isso não era muito animador.

No outro dia, passei em uma cafeteria e comprei um café bem quente para beber enquanto me dirigia para o trabalho, pois eu não tinha nenhuma disposição para fazer algo para comer por mim mesmo naquela manhã.

Assim que cheguei no departamento de polícia, uma desordem gigantesca me deu boas-vindas:

_Algo aconteceu? - Perguntei para um dos policias que estava na recepção:

_Detetive Fide! - Ele me encarou surpreso - A delegada Louisa Rodgers precisa de sua presença em uma cena de crime. Eu passarei um relatório com o endereço e informações.

_Certo, obrigado. - Agradeci.

Deixei meus pertences sobre a minha mesa e corri para o endereço informado. Passei por algumas pessoas aglomeradas atrás da faixa da polícia e adentrei na cena do crime:

_Detetive Fide! - A delegada andou até a minha direção - Que bom que você chegou!

_Delegada Rodger. - A saudei - Eu não esperava que um assassinato fosso ocorrer da noite para o dia nessa região.

_Ninguém esperava. - Ela fez um sinal para que eu a acompanhasse - O nome da vítima é Nancy Twitty, tem 23 anos e foi encontrada morta essa manhã.

Me agachei perto do corpo da vítima para observa-la melhor. Ela estava sentada com as costas escoradas em uma parede e a cabeça pendia para a frente, usava um vestido preto e uma sandália de salto alto. Seu cabelo castanho estava bagunçado e suas unhas possuíam pedaços de pele e sangue, provavelmente ela havia lutado para escapar das garras de seu agressor. Ao inspecionar o corpo com mais atenção, fui capaz de encontra duas pequenas marcas de caninos na lateral esquerda do seu pescoço:

_Isso são marcas de vampiro. - Comentei.

_Duas marcas de mordida de aproximadamente 10cm, para ser mais exata. - Disse a delegada - A pericia também avaliou o sangue e a pele entre suas unhas, mas não havia nenhum tipo de DNA em ambas.

_Como se o agressor já estivesse morto? - Falei ao me levantar.

A delegada Rodger suspirou, parecendo cansada:

_Não há duvidas de que a vítima foi atacada por um vampiro. - Ela falou

_Com a equipe pequena que temos, será difícil encontrar o culpado. - Analisei.

_Eu já solicitei ajuda para a força central vampírica, mas ainda não tive nenhum retorno. - A força central vampírica era um grupo de pessoas altamente treinadas para cuidar de assuntos que envolviam os vampiros e a maioria dos integrantes eram, também, dessa mesma espécie.

_Sinceramente, não acho que eles irão se importar com o caso em nossa região.

_Nosso bairro sempre foi conhecido por ser pequeno e pacato, já fazem anos que nosso departamento de polícia não teve que lidar com um assassinato desse tamanho. As pessoas estão com medo. Precisamos fazer de tudo para que esse caso não se torne algo maior. - Ela tinha uma expressão preocupada no rosto.

_Entendido.

_Eu sei que você é capaz, então deixarei tudo em suas mãos. - Ela deu um tapinha em meu ombro - O civil que encontrou o corpo da vítima está dentro do comércio, vá falar com ele.

_Sim senhora.

Assim que a Delegada Rodgers saiu, me dirigi para dentro do estabelecimento que ficava ao lado do beco em que a vítima havia sido encontrada. Seu testemunho não foi de muita ajuda para encontrar o culpado, ele apenas contou que havia a encontrado morta no beco no momento em que saiu para tirar o lixo para fora, assim que a viu o funcionário correu para chamar a polícia.

Após algumas pesquisas, encontrei mais algumas informações da vítima, como o endereço, o contato dos pais, a universidade que estudava e o ex namorado.

Depois de contatar os pais e o ex namorado, sem obter nenhuma informação relevante, fui direto ao endereço do apartamento que havia conseguido.

Assim que o porteiro abriu a porta para que eu entrasse no lugar, percebi que tudo estava bem arrumado e limpo. Parecia que não havia complicações em seu convívio naquele lugar e que ela arrumara tudo antes de sair na noite em que foi morta.

Vasculhando mais um pouco suas coisas, encontrei algumas fotos dela com o seu ex namorado guardadas em uma gaveta. Assim como o ex namorado havia relatado, vosso namoro tinha terminado recentemente e, pelo que parecia, ela ainda estava apegada a ele. 

Pelo que eu havia conversado com o porteiro antes de adentrar ao prédio, a garota não esteve saindo recentemente de casa e nem recebendo visitas. Pelo que ele relatou, naquela noite ela saiu sozinha e pegou um táxi, mas não sabia dizer exatamente para onde ela havia ido.

Sua cama estava desarrumada e alguns objetos de maquiagem estavam espalhado sobre a penteadeira, apontando que a vítima havia se arrumado antes de sair naquela noite. 

Assim que abaixei para procurar alguma pista de baixo da cama, algo pulo em minha direção, fazendo eu me assustar e cair de bunda no chão:

_Miauu! - O gato balançou a calda para mim.

_Não me assuste dessa maneira! - Pedi enquanto colocava a mão no peito, sentindo meu coração disparar. Nem os príncipes haviam conseguido me assustar dessa maneira.

_Miauu! - Miou o gato pulando no batente da janela.

_O que foi? - Perguntei me levantando e indo em sua direção - Está com saudades da sua dona?

Logo que peguei o animal no colo e olhei pela janela, vi uma sombra se movimentando no topo do prédio vizinho:

_Espere aqui. - Disse colocando o gato no chão.

Sai correndo em disparada em direção ao prédio vizinho onde eu havia visto a sombra se mexer. Subi as escadas rapidamente, sem perder o folego e, assim que sai no telhado, já não havia mais ninguém lá.

Não havia pegadas nem qualquer outra coisa que indicava que alguém esteve ali, tão pouco encontrei alguém enquanto subia as escadas. Em contrapartida, logo depois de eu analisar o local mais meticulosamente, me deparei com um óculos de sol preto caído perto da borda do telhado.

Assim que o peguei, pude dizer claramente a quem pertencia aquele óculos.

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