Capítulo 06

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LEO


Sol estava vestindo uma blusa de lã marrom clara, a qual ficava larga em seu corpo, e usava uma calça preta. Seu cabelo estava bem penteado e descia por cima de seus ombros, sob a luz do sol o dourado de seus fios pareciam mais vivos do que da primeira vez em que o vi. Ele andava com a ajuda de uma muleta e se aproximou de nós se sentando na cadeira ao meu lado esquerdo:

_Nunca que eu ousaria difamar a imagem de meu querido irmãozinho. - Disse o segundo príncipe sorrindo.

_Eu fico feliz que tenha conseguido vir nos acompanhar hoje. - Disse o outro irmão, parecendo satisfeito com o ato do mais novo.

_Eu não podia deixar que vocês o assustassem. - Respondeu com indiferença, apesar da sua presença não tornar as coisas menos assustadoras.

_Que bom que vocês dois tenham se dado bem. -  Disse o primeiro príncipe. Dá onde ele havia tirado essa conclusão?!

_Eu espero não ser de nenhum incomodo para vossas majestades. - Anunciei

_Imagina, como um rosto tão bonito poderia ser um incomodo? - Disse o segundo príncipe se inclinando acima da mesa com o queixo apoiado sobre sua mão.

_Não fique flertando com o meu convidado. - Sol repreendeu.

_Não seja tão possessivo, você poderia dividi-lo um pouco. - Retrucou.

_Nem pense nisso! - O censurou - Eu não vou deixar que o torne um dos seus amantes.

Certo, essa conversa estava tomando um rumo muito estranho e perigoso! Eu precisava dizer algo para mudar aquele assunto:

_Vossa majestade. - Virei para Sol - Sobre o contrato que conversamos ontem?

_Alfred irá trazê-lo. - Ele fez um sinal com os dedos e, não muito tempo depois, Alfred apareceu com os papéis em mãos. 

Eu havia ficado chocado com o fato de Alfred ter aparecido no momento certo, mesmo não tendo ninguém por perto além de nós quatro, no entanto, ninguém mais pareceu ter se impressionado com aquilo. 

Enquanto eu lia o contrato, os três conversavam deliberadamente ao meu redor. Para os vampiros superpoderosos que eram, eles até que se comunicavam de uma maneira normal. Nunca passou pela minha cabeça que eles se pareceriam tanto com os humanos, mas os vendo dessa maneira, parecem apenas três adultos normais tirando a tarde para se encontrarem.

Assim que terminei de ler, Alfred me entregou uma caneta:

_Tem algo que o incomode sobre o contrato? - Sol perguntou.

Sim! O próprio contrato! - Pensei comigo, mas eu não tive coragem de falar isso em voz alta.

_Tem um coisa. - Falei após refletir.

Os três me fitaram com uma expressão firme:

_Fique a vontade para falar. - Disse o primeiro príncipe - Nós faremos o possível para atender a sua necessidade. - Isso não me deixava nada seguro!

_Eu quero adicionar uma clausula que testifique que, independente do que aconteça, eu não poderei ser morto ou torturado por ninguém.

Os três vampiros se entreolharam com as expressões sombrias. Engoli seco, pensando na possibilidade de eles me matarem antes mesmo de adicionarem a clausula ao contrato.

Sol suspirou fundo:

_Muito bem, se isso vai fazer você se senti mais seguro, apenas adicione isso. - Disse enquanto se levantava com dificuldade da cadeira. - Assim que você assinar o contrato vá direto ao meu quarto, eu o estarei esperando lá.

Sem sequer esperar por uma resposta minha, ele se virou e saiu dali. Enquanto eu aguardava o contrato ser arrumado, eu bebia meu chá enquanto olhava os dois vampiros. O silêncio era aterrorizante e eu me senti aliviado quando Alfred voltou com os papéis.

Assim que o assinei, me despedi dos príncipes:

_Leo! - O mais velho me chamou antes que eu pudesse sair. Virei-me para encara-lo e o mesmo estava com uma expressão séria no rosto, a qual me deu calafrio na espinha - Não é porque concordamos que não lhe machucaríamos que vamos tolerar qualquer mal comportamento com o nosso irmão. Eu quero que mantenha isso sempre em mente.

_Ele é a nossa única família, então cuide bem dele por nós. - Completou o outro irmão, com um sorriso fraco no rosto.

_Eu me certificarei disso. - Falei com uma reverência.

Sai depressa daquele lugar pavoroso, apenas para me dirigir a outro igual. Bati de maneira cautelosa na porta e logo em seguida ouço uma voz fraca vindo de dentro:

_Entre!

Fiz assim como ordenado e, ao entrar novamente naquele quarto, as lembranças da noite anterior vieram a tona em minha mente. Eu estava tão absorto em tais pensamentos que não reparei o tempo em que eu estava ali parado sem dizer nada:

_O que há com você? - A voz de Sol me despertou.

_Perdão. - Falei me virando em sua direção.

O vampiro estava sentado em uma escrivaninha escrevendo algo em um papel. Ele usava um óculos redondo de grau e a luz fraca do abajur iluminava seu rosto cansado:

_Você se sente desconfortável? - Perguntou enquanto repousava a caneta sobre a mesa.

_Para ser sincero, sim. - Respondi me aproximando - Não é sempre que eu tenho uma chá da tarde com os três vampiros que governam a capital.

_Ainda assim, parece que você não tem medo de nós totalmente. - Disse se virando para mim.

Eu não havia percebido que ele esteve observando meu comportamento durante nossa conversa, mas ele tinha razão. Apesar de ser capaz de sentir a presença assustadora dos três e vacilar algumas vezes, eu não sentia nenhum perigo vindo deles.

No entanto, no fim de tudo, eles ainda eram vampiros e eu não confiava em toda a gentileza deles. Por isso eu fiz Sol adicionar aquela clausula no contrato, assim eu tinha alguma garantia de que não me machucariam:

_Eu deveria, vossa majestade? - Perguntei incisivo.

Sol me avaliou com um olhar frio antes de responder:

_Sol. - O encarei confuso após ele anunciar seu nome em voz alta - Me chame de Sol.

Eu não fazia ideia do motivo dele querer que eu o chamasse pelo nome tão de repente, mas se era isso o que ele queria:

_Vamos nos dar bem a partir de agora, Sol.

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