Capítulo 37

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LEO

O corpo de Sol estava pesado e foi difícil de carregá-lo até a cama. Sua pele queimava como fogo e escorria suor pelas curvas de seu rosto. Seus olhos estavam dilatados e sem foco, Sol estava tão ruim que mal conseguia pronunciar uma palavra. 

Eu precisava chamar por ajuda imediatamente, mas não queria deixar Sol sozinho naquele estado e tão pouco sabia onde os moradores daquela casa estavam:

_L-Leo. - Sol murmurou.

_Shh. - Acariciei sua cabeça - Eu estou aqui, não se preocupe.

Sol moveu sua mão até a minha e a segurou com fraqueza, eu era capaz de senti-la tremer com fragilidade e a segurei com mais força para tentar acalmá-lo:

_A-alguém! - Gritei - Por favor! Sol está doente! Nós precisamos de ajuda!

Imaginei que, em uma casa repleta de vampiros, alguém certamente iria ouvir minhas suplicas. 

Funcionou! Sem demora, a porta do quarto se abriu com um estouro e o príncipe de cabelos vermelhos entrou com pressa:

_O que aconteceu?! - Perguntou se aproximando da cama.

_Eu não faço ideia. - Informei - Sol começou agir estranho depois de dizer que não estava se sentindo bem.

_Irmão. - O príncipe se inclinou sobre o vampiro deitado - Você está queimado!

_Isso não é normal, certo? - Perguntei preocupado.

_Está longe de ser normal. - Ele endireitou a postura - Busque uma bacia com água gelada e um pano!

Fiz assim como o vampiro mandou e rapidamente retornei com os objetos solicitados. O primeiro príncipe molhou o pano na água e o colocou sobre a testa de Sol:

_Ele vai ficar bem? - Perguntei.

_Não há muito o que possamos fazer além de esperar. - Sua resposta foi vaga.

_O que pode ter acontecido a ele, vossa majestade?

_Não tenho certeza, mas pode ser uma reação tardia ao seu sangue.

Meu sangue? Certo! Eu só havia conhecido Sol pois meu sangue era o único que o vampiro era capaz de ingerir. No entanto, se realmente for uma reação ao sangue, então quer dizer que era tudo culpa minha!

_I-isso não pode estar acontecendo. - Falei enquanto sentia minha cabeça girar.

_Escute, humano. - O vampiro colocou sua mão sobre meu ombro, me mantendo firme no lugar - Você precisa ser forte! Ele ficaria irritado se o visse com tanto medo. Você precisa mostrar sua coragem agora mais do que nunca!

Ele tinha razão! Não tinha o por quê de ficar com tanto medo, Sol era a pessoa mais forte que já conheci, com certeza ele sairia dessa:

_Obrigado. - Agradeci.

_Eu irei pedir para que providenciem outro quarto para você passar a noite.

_Não! Eu não irei  sair do lado dele!

O vampiro suspirou:

_Está bem, mas grite caso algo aconteça e eu irei vir correndo. Lembre-se, antes de tudo, Sol é meu irmão, então farei de tudo para protege-lo.

_Obrigado, vossa majestade.

Me aconcheguei na cadeira ao lado da cama e debrucei sobre o colchão assim que o primeiro príncipe saiu do quarto. Apesar de ter caído no sono, o corpo de Sol ainda suava e tremia, mas sua temperatura estava abaixando de vagar. Era um ótimo sinal! Com certeza Sol iria melhorar logo, logo.

Adormeci naquela mesma posição e despertei quando senti um toque em minha mão:

_Desculpe. - Uma voz familiar soou em meus ouvidos.

Endireitei minhas costas e me espreguicei enquanto bocejava de sono. Sol estava sentado sobre a cama e observava cada movimento meu:

_Está acordado a muito tempo? - Perguntei.

Ele negou com a cabeça:

_Eu queria vê-lo enquanto dormia mais um pouco. - Falou.

_Não há graça em ver os outros dormindo. Você está se sentindo melhor?

_Sim, mas ainda sinto meu coração disparado. Pensei que se segurasse sua mão eu podia acalmá-lo, mas acabei o acordando.

_Não se preocupe.

Levantei-me da cadeira e sentei-me na beirada do colchão ao seu lado. Levei minha mão até a sua e a segurei com força. Sua temperatura ainda estava morna, mas bem mais fria comparado a ontem:

_Seu irmão disse que pode ter sido um efeito colateral do meu sangue. - Falei.

_Isso não é possível!

_Desculpe, Sol, mas não podemos descartar nenhuma possibilidade.

_Não! Não quando finalmente encontrei um sangue que pudesse beber...

Sol abaixou a cabeça enquanto seu olhar entristecia. Aquela cena fez meu coração se partir em pedaços:

_Eu sinto muito, Sol. - Ele não me respondeu - Irei dizer ao seu irmão que você já está acordado, então espera aqui.

Me levantei e sai do quarto deixando Sol sozinho. Eu desejava poder dizer algo para animá-lo, mas meu coração estava tão triste que não fui capaz de pensar em nada. Voltei para o quarto depois de um tempo, já com a presença do primeiro e segundo príncipe:

_Manooo! - O segundo correu para em direção o seu irmão.

_E-espere, Rigel! - Sol pediu, mas não teve sucesso.

_Eu sinto muito! - O príncipe agarrou Sol em um abraço - Eu deveria ter vindo para ajudar também!

_Rigel, não chore sobre minhas vestes! - Sol brigou.

_Mas você ficou doente. - Fez um bico.

_Eu estou melhor agora.

_Deixe-me ver. - O primeiro príncipe se aproximou dos outros dois e colocou sua mão sobre a testa do mais novo - Sua temperatura abaixou, mas ainda não normalizou.

_Eu estou bem! - Sol disse se livrando das mãos dos seus irmãos.

Era estranho vê-los agir como uma família normal, uma vez que os três eram os vampiros mais fortes do mundo. - Até pareciam com pessoas comuns. - Quem poderia imaginar que eles fossem capazes de agir dessa maneira?

_Com licença, vossas majestades e Leo. - Alfred adentrou no quarto e a atenção foi toda voltada para ele - Os resultados dos testes que fiz no sangue ingerido por sua majestade Sol saíram.

_O que descobriu?! - Perguntei alarmado.

_Acho melhor os senhores me acompanharem.

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