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GUSTAVO.

Eu tinha certeza que a força que eu estava tirando, era por ter em todos esses anos da minha vida, me inspirado nele.

Só ele conseguia me deixar de pé, mesmo que ele não tivesse aqui, só ele mesmo que estava me sustentando, pra que eu pudesse sustentar a mim mesmo, a minha família, a minha mãe e a ele.

O imbatível, grande, forte, parceiro pra caralho, pau pra toda obra, que nunca ficava doente, que nunca cansava, que não tinha operação que desse fim nele, meu pai. O cara que nunca sentia porra nenhuma, já tava me dando o segundo susto na vida.

Toda vez que eu olhava meu pai naquela cama de hospital, desacordado, totalmente diferente do que eu me lembro dele, de todas as minhas memórias com ele, me batia um misto de desespero e dor.

E toda vez que eu olhava pro desespero da minha mãe, me batia uma raiva e uma ira incontrolável. Isso não era pra ter acontecido!

A injustiça disso ter acontecido me cegava e olha que tecnicamente a gente deveria comemorar, porque ele tava vivo, o contrário de outros dois que se foram.

- E ai cara, porra que pica, né? - falei puxando a cadeira pra sentar perto dele. - Lisa ta sentindo pra caralho sua falta, paizão. Vou cobrar esses dias longe dela, ein? Vai ter que pegar pra ficar umas noites lá por um período, pô. Da aquele valenight pro teu filho. - ri imaginando o que ele falaria e me aproximei mais pra encostar minha mão na dele. -

Respirei tantas vezes pra não chorar, não queria passar essa energia pra ele, esse sentimento. Mas tava foda, eu não tava aguentando mais esperar por ele reagir e eu precisava mais do que tudo dele aqui.

- Eu tenho certeza que tu ta aqui, pai. Certeza absoluta! Porra cara, não é justo isso que aconteceu com você e é por isso que eu não posso te perder dessa forma. Coé, eu sou muito teu pai. - encostei minha cabeça na mão dele. - Eu consigo sentir que tu tá me ouvindo, que tu tá por aqui, tu não vai me abandonar na melhor fase da minha vida, não posso permitir isso. Quero tu do meu lado me vendo crescendo e sendo metade do pai que tu foi pra mim, eu mereço isso pô, nós dois merecemos. Te amo demais, coroa. Reage pô, sinto sua falta todo santo dia.

Fiquei um tempo ali com ele, mas quando as enfermeiras juntamente da médica entraram, me pediram pra sair da sala, elas precisavam fazer todas as checagens e assim eu fiz.

Aquela espera era torturante, mesmo que eu já tivesse passado por ela várias vezes, era maçante, maltratava.

- Olá, senhor Gustavo! - a médica falou me comprimentando. - Seu pai teve uma melhora considerável hoje, acreditamos que já podemos diminuir a sedação.

- Jura? - ela sorriu, concordando. -

- Eu juro! Vamos diminuir a sedação e ver como ele vai reagir a isso tudo.

- Meu Deus! Graças a Deus! Muito obrigada doutora. - falei e dei um abraço nela. - Minha mãe vai ficar maluca quando ela souber.

- Vamos acompanhar tudo com muito cuidado, tá? A situação segue sendo delicada. - eu assenti. - Mas, é um passo muito importante, vamos torcer para que as notícias continuem sendo boas.

Um peso tão grande saiu das minhas costas que me fez perder o ar, a razão e as palavras. Eu queria gritar, ao mesmo tempo que eu não conseguia. Eu só conseguia focar no meu pai e que ele estava aqui. Eu sabia que ele estava aqui.

- Oi amor! Você ainda não conseguiu entrar? - A Catarina falou chegando com a Lisa e a minha mãe, enquanto eu encarava minha mãe. -

- Gustavo... - ela disse e eu só consegui caminhar até ela e a abraçar e finalmente me permitir chorar. -

Feitos pra Durar II ✨Onde histórias criam vida. Descubra agora