CATARINA.
Eu sentia como se meu coração fosse saltar pela minha boca, ao mesmo tempo que eu tinha certeza que ele podia parar a qualquer momento.
Tentava buscar o olhar do Gustavo, mas ele não tava olhando pra mim, os olhos não saiam do monitor.
E no meio disso tudo, eu tava tentando ficar calma, pra não afetar minha bebê, minha princesa, a coisa mais preciosa da minha vida. Apertei a mão do Gustavo e ele me olhou, silabando um "calma".
- Calma, ainda vou ligar o áudio dos batimentos... - a Carla disse me olhando. - Tô dando a última olhada e como ela ta ficando, pelo visto essa neném quer vir hoje mesmo.
- Ai meu Deus, Carla! Você me mata do coração. - a minha sogra disse. - Fica nessa agonia ai eu passo mal e não vejo minha neta nascer. - ela fez toda a equipe que estava na sala rir. -
- Calma na alma, dona Marília. Vamos escutar como tá o coraçãozinho da princesa agora, ok?
E tudo na minha vida fez sentido, tudo, tudo girou pro lugar certo, era como se eu tivesse sentindo meu coração voltar a ter força de novo.
Quando aquela sala foi preenchida pelos batimentos da Lisa, tudo parecia funcionar. Era incrível como eu vivia em função dela, como ela era tudo pra mim.
- Aê! - seu Jorge expressou a felicidade e bateu algumas palmas. -
- Ótimo. Tá tudo certo com a princesa, viu, papais? Sua dilatação subiu pra cinco e eu vou pedir pra que você comece alguns exercícios pra estimular mais a dilatação.
- Vamos tomar um banho de banheira agora, pra relaxar bastante pra princesa Lisa vir logo ao mundo, ok? - eu assenti. - As dores vão aumentar agora, o calor também, mas vai da tudo certo.
- A gente vai poder ficar, Carla? - dona Marília perguntou. -
- Então, eu sei da vontade de vocês de acompanhar, mas nossa equipe médica já é bem grande e ainda tem a equipe que vai filmar o parto, só por isso que vocês não vão poder ficar, tá? Mas vou deixar vocês aqui até bem perto da dilatação ter aumentado, pode ser assim?
- Olha, eu só vou deixar passar porque é você, tá? Ou já teria rodado a baiana nesse hospital.
- Eu sei! - a Carla respondeu rindo. - Vou lá, Cat, vamos com calma, tá? Tá tudo bem! - ela disse me olhando pra me tranquilizar e eu assenti. -
- Ouviu, né? Tá tudo bem, vamos manter a calma. Vai da tudo certo, amor. - o Gustavo beijou minha testa. -
A enfermeira me ajudou a me levantar e me auxiliou a entrar dentro da banheira, realmente estava começando a doer muito mais do que tinha vindo nas outras contrações.
A mão do Gustavo, coitado... daqui a pouco já não tinha mais nem mão. Não existe nada parecido com essa dor, não sei se era pior porque se misturava com o nervosismo de querer ela aqui logo.
A equipe que ia tirar as fotos já estava com a gente no quarto, enquanto eu realmente achava que o mundo ia se acabar. Um calor enorme, era como se tudo tivesse rasgando em mim, não sei nem explicar.
No meio disso tudo, pedi pra minha sogra ligar pros meus pais, de qualquer forma, nem que fosse digital eu precisava deles comigo.
Precisava ouvir minha mãe, ouvir meu pai e eu sabia o tanto que eles queriam participar comigo. Queriam viver esse momento junto. Não podia deixá-los de fora.
- Eu não consigo! - falei mordendo o lábio quando veio mais uma contração, o Gustavo limpou minha testa. -
- Claro que consegue, amor. Calma!
- Consegue principessa! Tu tudo pode! - meu pai tentou falar em português aposto que de nervoso. -
- Não, você não tá entendendo, eu não consigo. Tá doendo pra cacete. - apertei a mão dele de novo. - Caralho! Tá doendo muito!
- É assim mesmo, Cat! A dilatação tá aumentando. - minha sogra falou alisando minhas costas. - Já tá perto, calma! Só mais um pouquinho, querida.
Sério, se eu não tivesse morrendo de dor, eu ia achar a cena engraçada. Eu quase pra me afogar naquele caralho de água morna, que até tava me salvando nos momentos que a dilatação tava maior...
O Gustavo do meu lado mais nervoso que tudo, não sabia se tremia ou segurava a minha mão. Se andava pelo quarto agoniado ou corria pra perto de mim a cada grito de dor que eu dava.
E minha sogra atrás de mim, segurando o celular em uma vídeo chamada com a minha mãe, enquanto tentava me acalmar também. Sério! Inacreditável. Só mesmo essa família busca pé pra fazer tudo isso.
- Isso amore mio, dae, andiamo! - escutei a voz do meu pai. -
- Vamos princesa! Você consegue minha filha. - minha mãe falou do seu jeito meigo. -
- Cheguei! - a Carla falou abrindo a porta. - Que movimentação é essa? - ela falou sorrindo. -
- Acho que já tá na hora, Carla! As contrações estão muito fortes. - minha sogra falou. -
- Vamo ver como tá a dilatação? - eu apenas concordei com a cabeça. -
Ela pediu pra enfermeira me ajudar a sair da banheira, mas claro que o Gustavo tomou a frente e se ele pudesse, ele me tirava pelo colo, pelo que eu conheço o Gustavo a cabeça dele tava pra explodir.
A Carla fez o exame de toque em mim novamente, falou algumas coisas com a enfermeira e a equipe. As enfermeiras começaram a mexer em algumas coisas na sala e a Carla ajeitou novamente minha roupa.
- Dona Marília, hora de dar tchau, viu? Vamos colocar essa bebê no mundo, Cat? - ela disse me olhando e eu já tava morrendo de chorar. - A passagem tá perfeita e a dilatação já tá em 9.
- Meu Deus! Ana VAI NASCER! - Dona Marília disse apontando o celular pra ela mesma. - Nossa netinha vai nascer!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Feitos pra Durar II ✨
RomansaEu tinha tudo, e, não tinha nada, amar era o que eu mais precisava. Livro 2 de Feitos pra Durar. Gustavo + Catarina. 🌗