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GUSTAVO.

Cheguei no hospital e dessa vez a sensação que eu estava sentindo era diferente de tudo das outras vezes, não sei se pelo dia, pelo momento, eu simplesmente não sabia explicar.

Mas segui firme até a porta do quarto dele. Não entendi nada com minha mãe do lado de fora da porta, escorada e chorando.

- Que foi? - falei encarando minha mãe do lado de fora da porta. -

- Entra ai meu filho. - ela disse limpando algumas lágrimas. -

- Mãe! Me fala o que foi. - falei a segurando no ombro. -

- Só entra e vai ver seu pai, vai, Gustavo...

Ela disse e eu me afastei um pouco dela, ainda a olhando enquanto abria a porta, quando finalmente consegui tomar força pra virar meu rosto e olhar para o meu pai. Eu o olhei e tudo rodou mais uma vez.

- Colfoi, pai! - falei vendo ele de olhos abertos me encarando e eu não conseguia nem ir até ele porque meus pés estavam pesando uma tonelada. -

Só consegui me mexer novamente quando ele fez um gesto com a mão como quem estivesse me chamando e eu não podia ficar parado ali só o olhando, não depois da pica toda que ele teve que passar e foi forte pra tá aqui com a gente de novo.

- Porra cara! - falei me apoiando do lado da cama dele beijando sua testa. - Que susto que tu deu na gente, pai. Porra! Porra cara! Nunca que isso podia ter acontecido com você. - ele negou com a cabeça e eu vi a lágrima escorrer. -

- Tu não pode me deixar nunca, cara. Tenho muita coisa pra aprender contigo ainda, preciso demais de você coroa. Sua neta tá sentindo pra caralho sua falta, minha mãe nem se fala, nunca vi ela assim pai. - ele assentiu. - Porra - limpei algumas lágrimas que insistiam em cair. - é pra caralho o melhor dia dos pais, tô felizão cara!

Fiquei mais um tempo ali enchendo ele de conversa, ele ainda não falava nada mas estava consciente, tentava me responder como podia, mas eu nem queria que ele fizesse esforço. Só dele tá aqui já me bastava. Era o melhor presente do mundo.

Alguns minutos depois minha mãe entrou na sala junto da médica que estava atendendo ele. Ela ficou explicando que a situação era complicada mas tinha melhorado em numero, gênero e grau.

Eles tinham diminuído o sedativo então por isso ele já tinha acordado, mas ainda tava passando por algumas dificuldades com a fala e ainda tava com a sonda.

Mas na cabeça nada disso importava tanto assim, o que importava era que eu tava olhando no olho dele e vendo que ele tava aqui comigo.

- Não tô acreditando ainda meu filho, seu pai tá aqui. Ele não vai mais pra lugar nenhum! - minha mãe disse me abraçando enquanto a gente olhava ele dormir. -

- Melhor coisa que aconteceu no meu dia, gata. Ele é nosso! - beijei a testa dela. -

- Vai pra casa meu amor, você precisa aproveitar esse momento com sua filha também. Você vai ver como aos poucos você vai ter saudades de todos os momentos. - ela disse me abraçando novamente. - O horário de visita já está acabando, eu te conto tudo que acontecer.

- Queria ficar mais um pouco...

- E ele ia querer que você estivesse com a sua filha hoje. - eu a olhei e assenti. -

- Vou lá, mas a senhora não fica só enfurnada aqui também ein... se cuida doidona, vai comer.

- Me respeita, não me tira do sério aqui dentro e no dia de hoje. - eu ri. - Se cuida você! Quando chegar em casa me avisa que você tem mãe.

Feitos pra Durar II ✨Onde histórias criam vida. Descubra agora