19 - Brincar de lutinha

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Maria

—Como é que é? —perguntei ainda sem acreditar.

Não consigo explicar pelo telefone, vem pra minha casa, eu tô sozinha aqui. —ela disse ainda chorando.

Daqui a pouco eu chego aí. —eu disse antes de desligar.

Desvendado o motivo da cara amarrada do PH o dia inteiro.
Eu me pergunto agora: O que foi que aconteceu?

—PH e Dária terminaram. —Anunciei.

—Sabia! Se eu tivesse apostado, teria ganhado. —disse João pro Cadu. Provavelmente os dois estavam criando teorias sobre o que o PH tinha.

—Nossa.. O que rolou? —Vitor perguntou.

—Ainda não sei.. A Dária está muito mal, vou passar lá na casa dela daqui a pouco, mas antes ... Vamos a nossa conversa? Vai ser rápido? —perguntei ao Vitor ansiosa.

—Não precisa ser agora, vai lá apoiar sua amiga, a gente se fala mais tarde. —ele disse antes de me dar um beijo. —Vou tentar arrancar alguma informação do PH, te ligo mais tarde. —disse e saiu.

Minhas paranóias aumentaram mais ainda. Ele está agindo estranho e eu não sei o que é, isso acaba comigo.

Fui pra casa da Dária, pelo menos eu iria me destrair de alguma forma... Nem que seja da pior forma possível.

Até agora não consigo acreditar que a Dária e o PH terminaram... Não entra na minha cabeça... Eles são perfeitos um pro outro.
E se... Até casais perfeitos terminam... O que será de mim e do Vitor?

Assim que cheguei, fui recebida por uma Dária descabelada, nariz escorrendo e maquiagem borrada, frágil, totalmente diferente da Dária que eu conheço. Dei um abraço nela e deixei ela chorar o quanto quisesse, quando ela se acalmou um pouco, finalmente perguntei:

—Agora me conta, O que aconteceu?

Ela respirou fundo.

—Pra falar a verdade, Maria... Eu nem entendi direito. Essa semana foi bem louca. Estávamos bem, pelo menos, eu achava que sim, estava empolgada, fizemos 2 anos de namoro! 2 anos me dedicando a ele, entende?! E aconteceu uma discussão.. ele simplesmente esqueceu o nosso aniversário de namoro... Cara.. ele nunca esqueceu a nossa data!
E eu obviamente fiquei um pouco mal com isso, não que eu estivesse ansiosa por um presente... Mas eu queria apenas que ele lembrasse, como todas as vezes...
E ele surtou, disse que eu estava enchendo a paciência dele e que não dava mais... Disse que 'nós dois' já não estava mais dando certo —ela chorou novamente. — Tentei voltar atrás mas não funcionou... Ele terminou comigo.

—Espera aí Dária, eu sei que o PH é explosivo, mas... Não acredito que ele terminou com você por uma discussão, afinal, vocês vivem discutindo... Você disse que essas semana foi louca, o que rolou realmente depois da nossa festa do pijama, me conta com mais detalhes, porque eu ainda tô tentando assimilar.

— Depois da nossa festa do pijama, PH e eu estávamos bem, ele até dormiu aqui em casa, e eu fui pra casa dele também, só que eu fui de surpresa, fazia tempo que eu não via a irmã dele e a mãe dele... Mas quando eu cheguei lá, reparei algo estranho. A casa do PH costuma ficar trancada e dessa vez não estava, chamei por ele e pela mãe dele, mas ninguém me ouviu, mas eu sabia que tinha gente lá dentro, estava ouvindo uma música, então entrei pelo portão que estava aberto, mas antes de fazer isso, mandei uma mensagem dizendo que estava indo na casa dele. Assim que pisei na sala, tive uma leve impressão de ter entrado na casa errada, mas era a certa. Estava desarrumada e com cheiro esquisito.
Nem a mãe, nem a irmã e nem ele estavam lá... Mas sim o Saulo, o irmão dele que estava preso há uns meses.
Eu gelei da cabeça aos pés quando o vi.

—Olha se não é a namoradinha do meu irmão... —Saulo disse me olhando se cima a baixo, enquanto segurava um baseado. —Tu é gata em, Pedrinho se deu bem.

Eu só encontrei com o Saulo 3 vezes na vida, e nas três vezes, PH estava comigo.
Saulo é uma versão do PH mais velho com bigode e barba, e várias tatuagens.

Fiquei paralisada quando vi ele lá. Achava que ele estava preso, Aliás, PH não me disse que ele estava solto... Por que ele me esconderia isso?

—Você é muda, gata? —ele perguntou.

Onde está o Pedro e a Dona Rosemeire? —Perguntei com a voz um pouco trêmula.

—Não está com medo de mim, está? — Perguntou se aproximando.

Não, não tenho medo de você. —disse, mas meu corpo dizia outra coisa, eu estava a ponto de sair correndo.

—Meus irmãos e aquela mulher que se diz minha mãe, não moram mais aqui desde que eu saí da gaiola. A casa é minha, e eu não quero a assassina do meu pai morando aqui. Engraçado... O Pedro não te disse nada?  Se você fosse minha namorada, eu não deixaria você ficar de fora da minha vida desse jeito. —ele acariciou meu queixo, mas eu desviei.

Eu disse a ele que tinha que ir embora, mas ele me segurou.

—Calma, gata. Por que a pressa? Você nem fumou um comigo.

Pode me soltar, por favor? Eu já disse que tenho que ir embora.

Só vai embora quando me der um beijo. —ele me segurou mais forte.

— Você tá me machucando! —avisei.

— Você ainda não viu nada. —ele me impressou na parede. E me deu vários beijos pelo corpo enquanto eu tentava sair dali, eu gritava em vão, a música estava muito alta, provavelmente nenhum vizinho estava me ouvindo.

De repente, o Pedro surgiu chutando a porta, afobado, e veio direto empurrando o irmão dele pra longe de mim.

SOLTA ELA, SEU DESGRAÇADO.

Pedro e Saulo iniciaram uma briga, e saíram se socando pela sala, destruindo móveis e tudo que estivesse pela frente.
O Pedro ficou em vantagem no começo, mas logo, Saulo conseguiu reagir, pareciam dois animais brigando e se xingando.
Eu estava apavorada, não sabia o que fazer, Pedro estava apanhando muito.

Finalmente criei coragem e peguei uma cadeira de madeira que estava próxima e dei uma cadeirada nas costas do Saulo, pra tentar livrar o Pedro das mãos dele.

A cadeira quebrou nas costas dele, ele se levantou, ainda mais furioso, me olhou, mas não fez nada.  Largou o Pedro todo machucado no chão e foi pra outro cômodo da casa, limpando a boca ensanguentada.

Abaixei na altura do Pedro pra poder ver como ele estava e ajudar ele a levantar.

Quando olhei pro lado, Saulo estava com uma arma de fogo apontada pra gente.

Ele destravou a arma e disse:

— Isso aqui é pra você ficar ciente da próxima vez que quiser brincar de lutinha, irmãozinho.
Não volta mais aqui se quiser paz pra sua vida e que eu não estoure sua cabeça... Outro aviso, cuida melhor da sua namoradinha, porque ela tá no meu radar.

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INSANOS - Sequência Imperdível de Maria MachoOnde histórias criam vida. Descubra agora