36 - Homem morto

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PH

Vamos, responda. Pra quem você trabalha?! Facção rival? —ela perguntou ainda com a arma apontada pra minha cabeça. —É melhor falar agora se não quer uma bala na cabeça.

—Não é nada disso que está pensando. Eu vou te dizer a verdade, por favor não atire.

Então, comece a falar.

—Eu não queria ser x9, por isso estou aqui. Acontece que eu sei de alguém que está roubando o seu marido há um tempo... E esse alguém é meu irmão, o Saulo. Por isso você tem a sensação de me conhecer, somos parecidos, não é? O Saulo desvia dinheiro do seu marido direto pra uma conta no nome dele, talvez seja por isso que agora ele está enfrentando dificuldades com dinheiro. O Saulo roubou vocês todo esse tempo . Todas as provas que vocês precisam estão nesse computador, transações, áudios de conversas antigas, tudo.

A mulher saiu do meu colo, pareceu pensar um pouco.
Ainda apontando a arma pra mim, disse:

—Convincente. Aquele Saulo nunca me enganou, sempre achei que meu marido tinha excesso de confiança nele. Mas por que invadiu o computador, quando simplesmente poderia ter dito ao meu marido?

—Ele me mataria também. Não queria ser x9. —eu disse e engoli seco.

—Pensando por esse lado... Mataria mesmo.

—Você poderia não contar que fui eu que implantei as provas? Quero dizer... Faça com que ele veja as provas, mas não deixe ele saber que fui eu.

—E o que eu ganho com isso?

—Não vai ficar com peso na consciência de que eu morri por sua causa.

Ela riu.

—Não tenho peso na consciência, amor.

—É claro. Além disso, você vai conseguir se vingar do cara que roubou você, e te privou de ganhar vários presentes, pensa nisso.

—Isso é. Seu irmão vai me pagar tudo que me deve.

Ela deu alguns passos na direção da porta.

—Liberado. —ela disse antes de sair.

Respirei fundo. Espero que ela não me entregue... Ou daqui há alguns minutos, eu vou estar estirado no chão com uma bala na cabeça.

Voltei pra sala, e o dinheiro ainda estava sendo contado.

A bebida foi servida pra gente, eu quase não conseguia segurar o copo de tanto que eu tremia.

O chefe estava animado, já quase finalizando a contagem.

—Namoral, vocês foram uma luz no fim do túnel pra mim com essa grana. Vou fazer questão da primeira demanda ser de vocês.

—É como eu disse, chefe. É muito estranho você está com essa dívida tão alta sendo que as vendas não baixaram. —Vitor disse. —Você deveria averiguar os registros de entrada e saída.

—Quem mexe nessas coisas pra mim, está longe agora, volta daqui uns dias. Meu braço direito aqui, Saulo.

Engoli seco. A mulher do chefe me olhava e analisava.

O chefe ainda não parecia convencido em mexer nos registros, e isso faria com que meu plano fosse por água abaixo... Ela era a chave do problema, precisava me ajudar com isso. Eu precisava ter certeza de que ela ia falar com ele.

Saulo me quer no lugar da Dária daqui a algumas horas.

Derrubei o copo de vidro no chão de propósito.

INSANOS - Sequência Imperdível de Maria MachoOnde histórias criam vida. Descubra agora