44 - Mundo desmoronando

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Maria

Ela riu sozinha esperando alguma reação minha. Eu apenas a encarei, e a olhei de cima a baixo lentamente.

Eu sabia exatamente o que ela estava tentando fazer: me constranger na frente dos meninos.

Mas não funcionou.
Eles não demonstraram nenhuma reação,  na verdade fizeram a mesma cara de desprezo que eu, e ela ficou rindo sozinha até se constranger e se mancar.

Confesso que amei a sensação.

—Vai chegar um empresário na minha festa daqui há alguns minutos, ele disse que precisa de um de vocês pra ser visto em um outdoor. A marca dele, é uma marca de boné. —ela sorriu.—Só que ele só quer um de vocês. Ele me disse que ja tem o escolhido, e vai falar com ELE pessoalmente. —ela fez questão de deixar claro que era um dos meninos.

—É só isso, Paty? —Perguntei impaciente.

—Só. —disse antes de se virar pra chamar alguém.

Não fiquei nenhum pouco surpreendida quando vi que era a Fefe com sua câmera.
Agora as duas são tão amigas que chega a me embrulhar o estômago.

—Tira uma foto minha com os Insanos. —ela disse se preparando pra posar no meio da gente.

—Caramba, o orçamento tá curto mesmo em.. não teve grana pra fotógrafo profissional... —comentou João.

—A Fefe é melhor do que qualquer outro profissional. —Paty rebateu.

—E de graça. —disse João disfarçando entre tosses falsas.

—O que você disse?

—Eu não disse nada!

Fefe tirou a foto, e ela finalmente saiu de perto da gente.

Consegui vencer ela sem falar nada. Estava orgulhosa de mim.

—A gente não veio aqui pra ficar parado né? —Perguntou João. —BORA DANÇAR!!!

—Eu não vou beber, porque da última vez vocês sabem... —disse Davi.

—Que isso, Davizinho. —Cadu lamentou enquanto segurava um pratinho cheio de salgado—Você doidão é a minha diversão.

—Não dessa vez.—Afirmou Davi.

Alguns minutos depois, tava o Davi podre de bêbado puxando um trenzinho no meio da galera.

—Que festa chata! Eu vou lá pra fora. —disse PH deixando apenas o Vitor e eu, já que o restante dos Insanos certamente estavam loucos em algum canto.

Vitor não parecia estar se divertindo. Na verdade estava bastante pensativo.

—Quer me contar o que tá rolando? —perguntei.

Ele afirmou com a cabeça.

—Mas aqui não, vamos lá pra fora?

Ele segurou minha mão e andamos pela aquela enorme casa.

Na real eu só fui reparar que era a casa da Paty quando notei algumas fotos dela pequena na parede.

O lado de fora da casa não tinha a mesma vibe caótica de lá de dentro, eu conseguia ouvir com clareza, e estava me sentindo melhor por não ter ninguém dançando do meu lado.

Sentamos em um banco de madeira.

—Me conta, sei que tem algo errado.

Ele respirou fundo. Coçou a cabeça.
Logo deduzi.

—Sua irmã.

—Na mosca. —disse e virou o copo de bebida inteiro que estava na mão. —Alguns dias atrás, eu entrei no quarto dela pra procurar uma caneta. Ela estava dormindo. Em uma das gavetas eu encontrei uma lista com a letra dela, estava escrito: 50 coisas que eu quero fazer antes de morrer.
Algumas coisas já estavam riscadas, outras não. Acho que ali a minha ficha caiu de que está cada vez mais perto...

INSANOS - Sequência Imperdível de Maria MachoOnde histórias criam vida. Descubra agora