52 - Tio miranha

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João

O objetivo de não chamar atenção falhou miseravelmente.

Todos na festa olhavam pra gente.

Será que a Dária não sabe que existe uma GIGANTESCA diferença entre: Festa a fantasia e baile de máscaras?!

Todos usavam roupas sociais, e aquelas máscaras que a gente vê em filmes.
E o Cadu e eu estávamos vestidos de Homem aranha e esqueleto duvidoso.

—Que merda é essa? —Cadu perguntou entre os dentes.

Antes que eu tentasse responder, um garotinho gritou ao bater os olhos na gente.

—HOMEM ARANHA! —gritou o menino de aparentemente uns 6 anos e veio me abraçar.

Logo, as crianças da festa (Que eu não sei onde estavam escondidas) apareceram e cercaram a gente.

Homem aranha, mostra sua teia!

Homem Aranha, eu te amo!

E quem é você? —perguntou um deles ao Cadu.

—Eu sou o esqueleto. —disse Cadu.

O que aconteceu com seu rosto? Você é o esqueleto feio!

—Cadê tua mãe, moleque?

Logo, um cara veio até a gente com uma cara de alívio.

—Finalmente vocês chegaram! —ele disse.

Eu não entendi nada, mas entrei no embalo.

—Vocês tinham dito que ficaram presos no trânsito e não sabiam se iam chegar a tempo pra festa, pra ficar com todas essas crianças. Que bom que chegaram... Mas cadê o restante de vocês?

—Então, sabe o que que é moço.. —Cadu já ia contar a verdade, mas eu o interrompi.

—Eles estão presos no trânsito ainda, a gente está aqui porque moramos mais perto da festa. —eu disse.

—Vocês dois vão dar conta de distrair essas crianças por 4 horas? —perguntou.

Quase tive um treco quando ele disse aquilo, mas assenti com a cabeça.

—Pode confiar no pai, chefe. Digo, vai ser um prazer.

—Ok, vocês podem levar eles todos para aquela sala reservada pra recreação de vocês. —disse o homem. —Tem uma televisão disponível, e alguns jogos... Vocês sabem o que fazem.

Eu não sei não, moço. Mas pode confiar.

E num passe de mágica, Cadu e eu nos tornamos babás de filhos de rico.

—O que estamos fazendo? —perguntou Cadu baixo.

—Confia. Vai dar certo. —respondi baixo. —Vamos criançada! O tio miranha vai divertir vocês!

Levamos todas as crianças pra sala, eram umas 15. Meninos e meninas, idades não tão diferentes.

O barulho de gritos era ensurdecedor.
Eu não conseguia nem ouvir meus próprios pensamentos.

—Galerinha, prestem atenção aqui no tio. —tentei falando normal. —Ei gente, se liguem aqui!

Ninguém me escutava e todos gritavam e falavam ao mesmo tempo.

Minha paciência já tinha ido com Deus.

—CALA A BOCAAAA! —gritei de uma vez.

Funcionou.
Todos eles ficaram calados olhando fixamente pra mim e pro Cadu.

INSANOS - Sequência Imperdível de Maria MachoOnde histórias criam vida. Descubra agora