53 - CORRE

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João

Eu ri tanto que achei que não fosse me recompor.
O moleque é um excelente ator.

A cara do Diego Valadares foi a melhor coisa que eu vi, acho até que ele ficou um pouco pensativo se o moleque era filho dele mesmo, fora o susto que a Maria levou.

—Você está me confundindo. Eu não sou o seu pai. —Diego disse levantando a máscara.

—Você é sim. —disse o garotinho, e em seguida virou pra Maria. —Ele é o meu pai, só que ele disse que eu não posso falar isso pra nenhuma namorada dele, se não ele não paga minha pensão.

Alguém traga o Óscar pra esse moleque.

—Ô moleque, tá doido? Eu não sou o seu pai não. Nunca te vi na vida.

Foi a minha hora de agir, me aproximei e forcei ao Máximo pra mudar minha voz.

—Vamos, Yuri. Deixa seu pai namorar em paz. —eu disse puxando ele de volta pra sala me segurando pra não rir mais.

Ao olhar pra trás, Vi Maria e de Diego Valadares saírem da pista de dança.
Acabei com todo clima.

Vencemos família.

Voltei pra sala onde estavam as crianças feliz da vida dançando com o tio esqueleto feio.

— Tio Miranha, cadê meu dinheiro pro jogo? —perguntou o garotinho que eu acabei de subornar.

—Espera aí que o tio vai pegar o cartão de crédito.

Cadu estava com a cara de cansado.

—Não aguento mais fazer tik Tok, essas crianças vão me matar.

—Tenho uma boa notícia, pelo menos. —eu disse. —Eu usei uma dessas crianças pra ir até o Diego Valadares e chamar ele de papai na frente da Maria. Você precisava ver a cara deles.

Cadu começou a rir.

—Boa, boa. —disse Cadu.

—O moleque foi um excelente ator, e eu disse que ia dar um dinheiro pra ele no joguinho. Me empresta teu cartão aí, caduzin.

—Não sei porque você pede emprestado se não pretende devolver. —ele disse me entregando o cartão.

—Chama-se educação.  —eu disse.

—Na verdade, é o contrário de educação.

Quando as crianças já estavam cansadas e sem energia, Cadu e eu colocamos um filme qualquer naquela televisão.

Todos sentaram no chão e ficaram finalmente quietos.

—Agora eu fico com as crianças, e você pode ir lá atrapalhar o "casal". —eu disse.

—Nada disso. Agora que eles estão quietos? Eu vou é descansar aqui mesmo. Boa sorte, amigão. —Cadu disse se deitando no chão.

Agora eu tinha que ter outra ideia para atrapalhar eles.

Quando eu saí pra fora da sala, os dois já estavam dançando juntos de novo, e em uma distância muito pequena.

Olhei pra cima e vi uma cabine de som, essa música só pode estar vindo de lá.

Tive uma ideia.

Achei a escada que levava até lá em cima.
Entrei, a sala estava vazia.

A visão de lá de cima era tudo o que eu precisava, dava pra ver tudo e todos.
Inclusive a Maria e o Diego Valadares que dançavam tão colados que quem olhasse diriam que eles são namorados.

Olhei o que eu tinha ao meu favor bem na minha frente.
Uma mesa de som, cheia de botões. Não faço ideia do que esses botões fazem.

Um notebook e... Um microfone.

Nessa hora, um anjinho e um demôniozinho subiram no meu ombro como nos desenhos animados, e é claro que eu escolhi ouvir o demôniozinho dessa vez.

Peguei o microfone.

Boa noite, senhoras e senhores. Vamos fazer uma brincadeira pra tornar esse baile mais interessante? —eu disse no microfone e observei a confusão nos olhos das pessoas lá embaixo. — Vamos chamar essa brincadeira de: Troca. E você apenas tem que trocar de par com a pessoa que está do seu lado, e ir trocando até conseguir voltar ao seu par antigo. Vamos lá!

E deu certo.

As pessoas começaram a trocar de pares de dança, naquele instante um velhinho tirou a Maria pra dançar, e o Diego Valadares ficou de pista até uma senhorinha ir dançar com ele.

Comecei a rir vendo aquela cena.
Parecia que o velho ia desmontar.

—Quem é você e por que está mexendo no som?! —O cara que provavelmente era o que trabalhava mexendo no som apareceu com um prato de comida mas mãos.

—Eu tô aqui porque... É... Eu vim consertar o som que estava falhando. Já está consertado, amigo. —eu disse saindo de fininho.

—Tô perguntando o porquê de você ter falado no microfone essas baboseiras se você é o animador infantil.

Lascou.

Quando eu cheguei na porta saí correndo sem dar explicação alguma, e o cara ainda veio atrás de mim.

Quando eu cheguei no andar de baixo vi que outras pessoas fantasiadas acabaram de entrar na festa pela porta principal... Inclusive... Outro homem aranha e...a cinderela...

Caraca, ferrou.

Os verdadeiros animadores infantis chegaram!

Tive que correr muito pra ir avisar o Cadu.

—CADU, HORA DE VAZAR! —Entrei na sala gritando, só depois percebi que todas as crianças estavam dormindo, deitados no chão mesmo.

—Que merda que você fez? —perguntou Cadu com a voz de sono.

—Os animadores verdadeiros chegaram. A gente tá ferrado se continuar aqui, temos que fugir.

Cadu levantou num pulo só, e nós dois saímos correndo pra fora da sala.

—Lá estão eles! —Ouvi uma voz e quando olhei pra trás, era o cara que falou com a gente há alguns minutos, estava com cara de bravo apontando pra gente.

Ele correu atrás da gente.

—CORRE CADU, CORRE! —Eu disse correndo disparado.

Na porta da frente, tinha dois seguranças, tínhamos que sair pelo mesmo lugar que entramos, ou seja, pular o muro.

Corremos tanto, que eu nem senti as mordidas do pinscher alemão na minha canela.

Verdammter Hund! — Cadu gritava em alemão.

Tive que dar impulso pro Cadu subir primeiro.

—Já pula e liga o carro! —eu disse.

Quando olhei pra trás o cara já estava bem perto.

Eu nunca pulei um muro tão rápido em toda minha vida.

Talvez por isso que minha fantasia de homem aranha tenha rasgado bem na bunda.

E a história se repete.

Caí que nem bosta no chão, quando já estava do outro lado do muro.

—Quer ajuda aí, mano? —Cadu perguntou rindo de dentro do carro ao me olhar caído.

—Me leva pro hospital. —eu disse.

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INSANOS - Sequência Imperdível de Maria MachoOnde histórias criam vida. Descubra agora