58 - Por ela

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Vitor

A hora que eu tão esperava finalmente chegou,  A hora que eles iriam tirar a Thainá da entubação e deixar a gente falar com ela.

Uma enfermeira veio até nós.

—Só vai poder entrar dois por vez. —disse.

Por mais que eu estivesse ansioso, entendi que meus pais eram prioridade naquela hora, e permaneci sentado aguardando minha vez.

Estava tão ansioso que não consegui ficar muito tempo ali parado.
Hospital é definitivamente um ambiente que eu detesto estar.

Fiquei andando de um lado pro outro, as vezes espiava a janela, na esperança de ver a Maria entrando pelo portão.
Me lembrei de todas as vezes que ela me acompanhou nos tratamentos da Thainá, ela estava sempre ali, acho que por isso eu não paro de pensar que gostaria que ela estivesse aqui dessa vez também, ela tem o dom de me acalmar, mas dessa vez, não queria que ela fizesse isso pela Thainá.

Vários minutos se passaram, até que finalmente meus pais saíram da sala junto com a enfermeira.

—E então, como ela tá? —perguntei afobado. —Eu já posso entrar?

—Calma, filho. A doutora está lá dentro e ela vai te explicar melhor.

—Me acompanhe. —disse a enfermeira pra mim.

Entramos no quarto, o ar condicionado gelado fez eu me encolher, mas não era só o frio que me fazia tremer.
A minha irmã parecia mais frágil do que nunca, deitada naquela cama de hospital.

Me aproximei lentamente.

A médica com uma prancheta, estava sentada ao lado da cama da Thainá.

—Ela está acordada? —perguntei, vendo que os olhos dela estavam fechados.

—Está sim. A maior parte da avaliação foi feita com a presença dos pais de vocês. Ela respondeu bem aos medicamentos, mas ainda não fala. Quando sua mãe chamou por ela, ela abriu os olhos, e conseguiu encostar na mão do seu pai. É um bom sinal, significa que a memória dela não foi comprometida e que ela reconheceu os pais. Conforme as horas se passarem vou ter o diagnóstico de toda mente dela e farei outras avaliações.

Assenti com a cabeça.

—Você pode falar com ela, ela te ouve. —disse a médica.

Assenti.

Me aproximei da cama. Peguei uma de suas mãos.

—Thainá? Sou eu, o Vitor. —eu disse e a observei atentamente.

Ela não se mexeu.

—Thai, sou eu, seu irmão. Você está me ouvindo? —eu insisti.

Nenhuma resposta.

—Ela não reage, doutora. —eu disse apavorado.

—Fica tranquilo, é normal. Ela ainda está fraca, teve algumas interações com seus pais há poucos minutos. Amanhã ela pode responder melhor. Eu vou deixar você a sós com sua irmã. Tem mais alguém lá fora pra entrar? —perguntou antes de sair.

—Não. —respondi com dor no coração. —Não tem ninguém.

Voltei a olhar pra minha irmã.

—Thai, eu não quero aceitar que você vai me deixar aqui sozinho, eu não vou conseguir sem você. Eu quero ouvir você cantar no chuveiro, quero assistir os filmes de terror com você e dar risada a cada susto seu. Eu quero que você me diga que eu sou o seu irmão favorito, mesmo que você só tenha eu de irmão. —eu dizia mesmo que ela não expressasse nenhuma reação. —Vamos, levanta daí, a gente precisa completar a sua lista. Você vai vai embora sem completar a sua lista não é?

INSANOS - Sequência Imperdível de Maria MachoOnde histórias criam vida. Descubra agora