INSANOS - Sequência Imperdível de Maria Macho

60 - Sinto amor

Maria

Aquele vídeo foi como um tapa na cara.
O peso do arrependimento caiu com tudo nas minhas costas.
Como eu pude ser tão cega?
Eu duvidei dele o tempo todo porque o que eu vi me dizia outra coisa... Eu nem escutei o que ele tinha pra me dizer, a raiva me cegou e eu estraguei tudo caindo na armadilha daquela patricinha.

Eu me odeio por isso.

Lembrei da noite que ele pulou minha janela pra tentar se explicar... E eu o expulsei da minha casa.

Lembrei da tentativa dos Insanos de abrirem meus olhos.

Lembrei que eu saí dos Insanos, o grupo que me fez crescer, abandonei os meninos que me ensinaram a andar de skate.
Como eu fui infantil.

Eu queria poder voltar no tempo, teria feito tudo diferente.
Só agora eu percebi o quanto eu fui uma idiota.

Eu não tinha nem coragem de ir até o Vitor agora.
Estava paralisada pela vergonha.

Mas pelo menos uma vez na vida, eu tinha que seguir o meu coração.

Não dei bola pra o que minha mente mandava eu fazer, e fui atrás dele do lado de fora do hospital.

Eu o avistei olhando a cidade, pensativo.

Ainda não tinha notado a minha presença.

Meu corpo todo tremia, não só pelo frio que estava fazendo, mas pelo nervosismo dentro de mim.

Quando eu estava bem perto, eu quis desistir.
Cheguei a me virar pra ir embora, mas parei assim que ouvi:

-Eu acabei de ver o vídeo também. -ele disse sem olhar pra trás.

Me senti ridícula, mas voltei de onde estava.

Aí ele olhou pra mim.

Respirei fundo, e caminhei até ele.

-Agora você acredita? -perguntou olhando nos meus olhos.

Aquele olhar fez com que eu sentisse um arrepio da cabeça aos pés.

-Eu fui burra. -comecei a falar. -Eu fui uma idiota e você tem total direito de estar bravo comigo. Eu estava cega e só acreditava naquilo que eu achava que tinha visto... A real é que eu sou tão insegura, que eu acreditei que você pudesse ter feito isso por não aguentar me esperar... Igual a Paty disse que você faria.
Eu estou com vergonha de mim, estou com vergonha de ter batido o pé e duvidado de você, duvidado dos Insanos, e eu vou entender se você não quiser olhar na minha cara depois de tudo isso, mas... Eu vim aqui pedir desculpas por ter duvidado de você, por ter te expulsado da minha casa na hora da raiva, por ter dito coisas horríveis... Eu espero que você consiga me perdoar, porque eu nunca deixei de te amar como sempre amei. -eu terminei a frase com lágrimas brotando dos meus olhos.

Os olhos não saíram do foco, que eram os meus, em nenhum segundo.
A expressão dura só me deixava mais nervosa. Eu não conseguia interpretar o que ele estaria pensando.
Ele me observou atento e em silêncio por alguns segundos.

-Você não vai dizer nada? -perguntei.

Ele se aproximou mais de mim, com o mesmo olhar indecifrável.
Chegou tão perto que eu podia ouvir sua respiração.

-O que quer que eu diga? -perguntou calmamente.

-Não sei! Pode dizer que eu sou mesmo uma idiota, imbecil, cega e que está decepcionado comigo, se é isso que sente. Me diga o que está sentindo! -eu disse irritada com a calmaria dele, quase implorando por alguma frase que durasse mais de 5 segundos.