45 - Chorei de verdade

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Maria

Os dois estavam dormindo.

Eu ainda tentava assimilar o que estava acontecendo. Mas mesmo assim sentia uma dor imensurável.

Eu não acredito que você teve coragem de fazer isso comigo, Vitor... não depois de tudo.
Não depois da nossa conversa sobre eu ser insegura... Não depois de dizer que me amava e que me esperaria.

Você não me esperou.

Lágrimas começaram a surgir em meus olhos sem que eu pudesse controlar.

Paty foi a primeira a ver que eu estava ali, e se escondeu embaixo do lençol, fingindo uma vergonha que eu sabia que não existia.
Eu sentia nojo e uma repulsa tão grande ao olhar pros dois ali que meu estômago embrulhou.

Naquele instante a raiva me consumiu.
Eu não pensei, só agi.

Com um das minhas pernas eu chutei a penteadeira que estava do meu lado com tanta força que consegui quebrar tudo que estava em cima, causando um barulho enorme.
Perfumes caros e maquiagem foram ao chão.

—VOCÊ TA LOUCA?!!! —Paty começou a gritar.

Ele não tinha acordado com o barulho e nem com o grito da Paty.

Então com a última força que me restava, eu consegui chamá-lo.

—VITOR! — minha voz de choro saiu carregada de dor e desespero.

E foi aí que ele finalmente acordou.
Os olhos apertados.

Eu olhava fixamente pra ele.

Eu não podia acreditar que o garoto que disse que me esperaria, estava com outra na primeira oportunidade.

—Maria. —foi a primeira palavra que ele disse ao ouvir minha voz. —O que tá acontecendo? —ele perguntou, a voz arrastada, e estava agindo como se não fizesse ideia do que ele acabara de fazer comigo, olhando para todos os lados.

Isso me fez ter mais ódio ainda.

—EU CONFIEI EM VOCÊ! —eu gritei me aproximando daquela maldita cama.—CONFIEI EM VOCÊ E EM TODAS AS SUAS MENTIRAS. COMO EU PUDE SER TÃO IDIOTA? VOCÊ ACABOU COM TUDO, VITOR, VOCÊ-ACABOU-COM-TUDO! 

Meu coração nunca esteve tão acelerado.
Eu podia sentir cada batida, e a sensação era de quase morte.

Eu sentia que ia desmaiar a qualquer momento se continuasse ali, olhando para aquela cena.

—ESQUEÇA QUE EU EXISTO!

Então eu corri.

Eu corri desesperadamente para fora daquele quarto.

Passei por aquele corredor me segurando nas paredes.

PH ainda estava caído no chão, mas viu na hora que eu passei por ele desnorteada.

—Maria? Tá tudo bem? —perguntou.—Por que tá correndo?

Eu o ignorei completamente e continuei tentando chegar na saída.

Enquanto tentava não cair, as imagens da noite passada, as coisas que ele me disse passavam na minha cabeça como um filme, bombardeando meu coração sem dó.

"Ela é nada, meu amor. Nada"

" Eu amo você, não ela. "

"Não liga pra o que ela disse, eu vou respeitar o seu tempo, acredita em mim."

Parei no banheiro, eu precisava ir pra casa.

Ainda tremendo, disquei o número da minha mãe.

Ela atendeu no primeiro toque.

INSANOS - Sequência Imperdível de Maria MachoOnde histórias criam vida. Descubra agora