37 - Traidor

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PH

Não tinha como levar os Insanos comigo nessa última etapa da missão linha de fogo.
Eu precisava estar sozinho, ou estaria arriscando demais a vida dos meus amigos.

Poucos minutos para Meia noite e eu dirigi até o local usando o carro que o Cadu alugou mais cedo. Aguardei a chegada do Saulo.

Mas aguardei querendo que ele não aparecesse. Eu só queria a notícia de que os bandidos foram atrás dele prestar contas... Mas quando vi o único carro se aproximar lentamente na minha direção, eu perdi todas as esperanças que tinha.

A mulher do chefe não fez ele ver as provas.

Aceitar que eu ficaria no lugar da Dária, era me poupar de criar falsas esperanças e sofrer... Se eles não foram mesmo atrás do Saulo antes de ele chegar aqui, não vai ser agora que eles virão.

Cada vez que o carro se aproximava eu tinha mais certeza que era ele.

O carro parou há alguns metros de mim.

Saulo saiu do carro.

—CADÊ ELA? —perguntei.

Saulo sorriu.

Em seguida abriu a porta de trás do carro e a puxou pra fora com violência.

Dária estava com as mãos amarradas, uma mordaça na boca e com a roupa da festa.

Dava pra ver que estava chorando.

—Trouxe as provas?! —Saulo perguntou.

Levantei o pen drive no alto.

—Tudo aqui. —respondi.

—Ótimo, irmãozinho.

—Deixa ela vir primeiro. —eu disse.

—Sou eu que dou as regras, irmãozinho.

Fechei meu punho.
Aquele cara deixou de ser meu irmão há muito tempo.
Tudo que ele fez minha mãe passar e ainda faz é impagável.

—Feito. —respondi.

—Vem andando ao mesmo tempo que ela. —ele disse. —Se pensarem em correr, eu atiro nos dois. Se pensarem em parar de andar, eu atiro nos dois. Se pensarem que eu não tenho coragem... Olha em volta. Não tem ninguém aqui. Eu atiro nos dois.

Engoli seco.

Ele empurrou a Dária pra frente.

—Anda, garota!

Eu caminhei lentamente, no ritmo da Dária.
O tempo pareceu parar pra nós dois.
Talvez fosse o último dia que eu a visse, e aquilo me destruiu de tal forma, que nem percebi que estava chorando feito criança.

Quando ela cruzou ao meu lado, na metade do caminho, eu tive que abraça-la.  Eu não estava nem aí pra o que o Saulo disse, eu precisava abraçá-la pela última vez.
Foi tão intenso que eu eu não queria sair daquele abraço nunca mais.

—Continuem andando! Quem mandou parar?!! —Saulo gritava.

—Te amo. —sussurrei no ouvido dela várias vezes.

Nesse instante 2 disparos.

Nos abaixamos juntos no chão.

De início, achei que fosse Saulo atirando pro alto, pra assustar a gente.

Mas quando olhei pra trás, vi que Saulo estava caído no chão.

Puxei a Dária pro canto da rua, e nos escondemos atrás do carro que eu vim dirigindo.

INSANOS - Sequência Imperdível de Maria MachoOnde histórias criam vida. Descubra agora