51 - Cadê o batidão?

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João

Tu deve tá achando que eu sou algum otário né? —perguntou Cadu segurando a fantasia dele.

Ele estava realmente bravo.
Achei até que fosse me bater.

—Qual o problema? —perguntei tentando não rir.

—Vai tu então, vestido de linguiça.

Eu ri.
Ver ele irritado era engraçado.
E eu realmente não imaginava que ele não fosse curtir.
Cadu é o cara mais aleatório que eu conheço.

—Qual é, cara. Eu comprei essa porque essas coisas aleatórias são a sua cara. E vai ficar bom em tu cara, tu é magrinho parece uma linguiça mesmo.

—Eu vou te mostrar já já o que que parece uma linguiça, seu desgraçado.
E eu sou bem mais forte que tu, seu otário.
Você vai ser o homem aranha mais magro da história.

—E o mais bonito. —acrescentei —É sério, Usa a fantasia, cara. A loja já fechou essa hora, você não tem escolha.

—Você que pensa. Eu tenho a fantasia do Halloween do ano passado. Só preciso encontrá-la. E você vai me ajudar.

No fundo eu torci pra ele não encontrar a fantasia.

—Procura nas gavetas, que eu procuro nos armários. —Cadu disse ao entramos no closet dele, me chamando de pobre em 3 línguas diferentes.

—É sério que tu não curtiu a fantasia? Eu deveria ter trago a de cachorro quente..

—Cala a boca e procura. —disse.

—Como eu vou procurar alguma coisa que eu não sei nem o que é?! Você não disse do que era a sua fantasia.

—Encontrei! —gritou Cadu.

—Cadê?

—Aqui está, a minha fantasia de Jairinho.

Era literalmente uma roupa coladinha de esqueleto.
Tô começando a achar que ele ama mais o Jairinho do que a namorada dele.

—Ok gênio, mas a sua fantasia não tem máscara. A Maria vai te reconhecer.

—Você conhece uma parada que se chama pintura facial? Então... Eu mesmo vou fazer. Ano passado, contratei uma maquiadora artística pra pintar, não pode ser tão difícil desenhar uma caveira...

Meia hora de tentativas depois...

—Acho que agora tá bom. —eu disse.

Estava horrível.
Tudo torto, mas eu não queria chegar tão atrasado na festa.

—Parece até que atearam fogo em mim e depois apagaram me dando madeirada. —disse Cadu no olhando no espelho.

—A intenção não é ficar bonito, mas sim irreconhecível... E isso você está mesmo caduzin.

—Então, partiu festinha! —disse Cadu.

Mal posso esperar pra estar lá dentro.
A parte ruim vai ser entrar mesmo... Ainda mais vestido de homem aranha.
Me sinto nu com essa roupa colada.

—Vai dirigir qual carro hoje? —perguntei ao chegarmos na garagem.

Maserati, maserati, maserati.

—Nenhum de luxo. Pode tirar o cavalinho da chuva. —Disse Cadu.

—Vamo de Maserati!

—Pra ser roubado outra vez? Mas nem morto! —Cadu disse.

—Qual é, caduzin. Só foi roubado uma vez.

—E tu queria que fosse mais?! Tá maluco?
Eu realmente não sei porque eu sou teu amigo.

INSANOS - Sequência Imperdível de Maria MachoOnde histórias criam vida. Descubra agora