59 - Exposed

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Maria

—Fefe, nossa conversa vai ter que ficar pra outro dia, eu preciso sair agora. —eu disse pegando minha mochila, e organizando-a.

—Mas Maria, já é a segunda vez que adiamos isso. Eu preciso te falar isso logo, se não eu vou explodir.

—Por favor, acredite. Essa conversa não é mais importante do que a minha situação atual.

A Fefe foi embora da minha casa bem rápido, e eu saí  logo em seguida pro hospital. É claro que eu queria ouvir o que ela tinha pra me dizer, mas nessa hora não importava o que fosse, eu tinha que estar lá no hospital.

Pela Thainá.

Assim que entrei na sala onde ela estava, avistei Vitor, eu sabia que ele estaria ali, mas isso não impediu de eu tremer da cabeça aos pés.

Eu tinha que esquecer, pelo menos por enquanto, tudo o que ele fez comigo, e passar por cima disso.
Respirei fundo e fui até ele.

Não foi difícil dar um abraço nele, quando cheguei bem perto, simplesmente aconteceu.

Ele não consegui segurar minhas próprias lágrimas, ele também chorava enquanto estávamos ali abraçados, ficamos assim por minutos até a enfermeira entrar.

Eu ainda não tinha visto a Thainá de perto.

Quando finalmente vi, senti como se meu coração fosse arrancado do peito.
Ela parecia tão frágil ali deitada. Eu não posso acreditar que ela vai nos deixar.

—Você comeu alguma coisa? —Perguntei ao Vitor já prevendo a resposta.

—Faz algumas horas. —disse.

Eu sabia que ele não teria comido por conta de toda essa situação, mas ele tem pressão baixa e passa mal fácil se não comer por muito tempo. Antes de sair de casa, eu já tinha preparado um sanduíche pra ele, e entreguei quando ele disse isso.

—Obrigado, amor.

Não acredito que ele fez isso.
Eu não sabia expressar o que eu senti na hora que ouvi ele me chamar assim...como antes. Era uma dor de saudade, mas ao mesmo tempo... Aquilo doeu mais do que eu podia imaginar. Por um momento senti raiva por ele me fazer sentir isso tudo com uma só palavra.

Quando eu ia respondê-lo, vi que o olhar dele era de quem disse sem querer.

Mas não deu tempo de falar nada, logo a médica entrou com os pais dele, e combinaram de o Vitor passar a noite no hospital.

Até que a mãe dele perguntou se eu também ficaria, o olhar dela quase implorava para que eu dissesse sim.

Mas além disso, o meu coração dizia sim.

E então eu realmente fiquei.

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Vitor


Depois que todos saíram, um silêncio se instaurou por um longo tempo no quarto.
A Maria nem me olhava, enquanto eu a olhava tanto, que poderia me perder nos olhos dela.

Ela estava sentada na outro banco olhando pra um ponto no chão.

Resolvi quebrar o silêncio.

—Ainda não completamos a lista. —eu disse.

A Maria finalmente olhou pra mim.

—A lista dela. De coisas que ela gostaria de fazer antes de... ir. —Completei.

—Eu espero que ela fique forte o bastante pra completá-la. —A Maria disse me olhando com compaixão.

Assenti com a cabeça.

INSANOS - Sequência Imperdível de Maria MachoOnde histórias criam vida. Descubra agora