Escapismo

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     Eu abro meus olho e percebo que estou em um lugar escuro, meu corpo está brilhando, dando uma pequena luz para aquele vasto lugar. Estava boiando sobre um líquido vermelho estranho. Me levanto e olho em minha volta. De longe, consigo ver uma luz brilhando, assim como eu. 

    Caminho até essa luz misteriosa. É uma versão minha, porém sombria. Estava sentada em um tipo de tora de madeira. Ela me olha.

Finalmente acordou, achei que iria dormir pra sempre. — Diz ela. "Essa voz... é ela que me atormenta em meus piores momentos!"

— O que você é!? Onde estou!? —  Pergunto preocupada.

Está no seu subconsciente. — Dizia olhando para baixo, sua voz era igual a minha, mas completamente fria.

— Que!? Eu morri? — Questiono assustada.

Não se lembra do que aconteceu? — Nego com a cabeça. — Você ficou em meio à um incêndio.

     De imediato, me lembro do que aconteceu. "KAMI! EU MORRI MESMO!? Não era para mim ter morrido! E agora, o que faço? Se Itachi descobrir que eu morri, ele  vai me matar! Mas não era isso que eu queria desde o começo? Não! Eu prometi ao meu irmão que ficaria forte... Como vou fazer estando morta?". Coloco as mãos na cabeça com grande desespero.

Para alguém inteligente, você está sendo muito burrinha. —  A encarei confusa. — Claro que você não morreu, imbecil! Apenas está desacordada.

— Ufa... — Suspirei aliviada. — Então... Quem é você e por que está aqui?!

Sou a Inner. Estou aqui porque não tenho escolha. Sou presa à essa sua mente estúpida. — Ela diz friamente.

— Presa!? O que você é!?

Sou sua maldição. 

— Maldição!? Então você não é algo criado pela minha mente? — Ela nega. — Caramba! Jurava que eu sofria de esquizofrenia. — Me sento ao seu lado.

     Ficamos em silêncio por um longo tempo enquanto encarávamos o chão, que era um mar de líquido vermelho. 

— Minha mente é tão vazia assim..? — Questionei triste.

Sim. — Disse simplista.

— O que é esse líquido estranho?

A representação de todo o seu ódio. — Arregalei meus olhos.

— Isso é... Impossível... Eu não carrego tanto ódio assim... — Dizia desacreditada. 

Hm...

— Por que você me odeia? — Novamente, encarei o chão.

O quê?

— Sempre dizendo coisas horríveis... Desejando minha morte... Por quê? O que fiz para você me odiar tanto assim? — Pergunto com amargura. 

Eu só quero ser livre... — Sussurra.

— E o que eu tenho a ver com sua liberdade?

Tudo! Se você morresse agora, não precisaria mais ficar nesse mundo, nesse lugar sem saída, não estaria sozinha. — Inner esbravejava.

— Você não precisa ficar sozinha... Poderia apenas deixar esse ódio de lado... E viver. Eu também fiquei sozinha a maior parte. Estou presa ao sofrimento e a dor. Quando finalmente encontrei um refúgio, me tiraram isso. Me tiraram meu escapismo. Eu queria morrer tanto quanto você... Somos iguais. Poderíamos desfrutar do nosso sofrimento, juntas.  

ReformadaOnde histórias criam vida. Descubra agora