Saída

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P.O.V Mina

     Acordo em um lugar claro. Em específico, um campo aberto. Sem nada. Apenas a grama alta, o céu e o sol escaldante. 

     Me levanto e caminho sem direção. Isso é um sonho? Provavelmente sim. 

     Ao fundo, escuto o cantar de um pássaro, mesmo não tendo sinal de qualquer outro ser vivo.

     Após uma longa caminhada, vejo uma pequena colina com uma árvore de cerejeira. Na sombra, uma garota está sentada me olhando. Seus olhos verdes neon brilham, a encarando mais, percebo que sou eu. Porém, diferente. 

     Subo a colina e paro em sua frente. 

— Pode me dizer se isso é um sonho? Você é tipo... Meu consciente? — Pergunto. Ela me encara sem emoção.

     Sem resposta. 

— Ah, você não fala, não é? — Me sento ao seu lado. — Assim... Se você é minha mente, deveria falar. É estranho estar aqui. Esse sol não esquenta. Aqui tem uma brisa fresca. 

     Não deixa de me olhar.

— Então... Beleza, isso é estranho demais. Não tem um jeito de sair daqui não, é? — Olho em volta. Apenas grama. 

Dá pra calar a boca!? Você fala pra caralho! — Finalmente diz algo.

     A mesma voz da qual insistiu em meu suicídio diversas vezes. É praticamente a minha voz, porém sombria.

— ESPERA! ENTÃO EU REALMENTE TENHO ESQUIZOFRENIA?

Ah, ótimo! Agora vou ter que aguentar essa praga aqui por horas!? Que porra. — Esbraveja. 

— Não, não! É feio falar esse palavreados! Minha mente não pode dizer essas coisas feias. 

Quê!? Vai pra put

— Shh! Sem palavrão! — Coloco um dedo na sua boca, para indicar o silêncio. 

Eu mereço... — Se levanta e vai para o outro lado da colina. A sigo. — Caralho, me deixa em paz!

— Espera! Eu só quero saber o que você é! O que custa me dizer!?

Custa meu tempo. — Continua dando voltas pela árvore.

— Nessas circunstâncias, acho que você não tem muita escolha... — Continuo a seguindo. 

Hm... — Ela para, finalmente. — Você está no seu subconsciente e é aqui onde vivo.

— E o que faz aqui? 

Sou tipo uma maldição. Um demônio, pra ser exata. — Falou simplista.

— Entendi... E por que está aqui!?

Porque essa é minha punição... Ficar presa à sua mente estúpida. 

— Fui amaldiçoada? — Perguntei me sentando, apoiada no tronco da árvore, ela faz o mesmo. 

Quase isso. Sou uma maldição passada de geração em geração. Pessoas cujo sangue é o mesmo. 

—  Ah, sim... Mas por que não sai daqui? 

Não posso. É minha sina. Fui mandada para esse mundo inferior por ordem de meu líder, aquele comanda tudo. Não possuo poder o suficiente para sair.

ReformadaOnde histórias criam vida. Descubra agora