Capítulo 109 A Estrada da Vida

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Virgulino foi se arrumando, sua cabeça girava lembrando os murmúrios e aquelas lágrimas escorrendo do rosto de sua amada, depois de tanto se debater na cama por conta daquele pesadelo ela conseguiu o pouco que ainda restava de algumas horas para dormir em paz. Ele olhou-a como se fosse a última vez, pegou uma folha de papel que ficava na gaveta da cômoda e uma caneta começou a escrever uma carta de despedida para ela:
CARTA DE DESPEDIDA
Genu,
Já não se encantarão os meus olhos nos teus olhos,
já não se adoçará junto a ti a minha dor.
Mas para onde eu for levarei o teu olhar
e para onde caminharei levarei a minha dor.
Fui teu, foste minha. O que mais? Juntos fizemos uma curva na rota por onde o amor passou.
Fui teu, foste minha. Você será para sempre
minha que te amarei por toda a minha vida.
Por mais que você não acredite, é muito difícil para mim aceitar essa situação. Eu te amo de verdade, e um sentimento assim não termina da noite para o dia. Você é uma das pessoas mais bondosas e especiais que eu já conheci e, portanto, não consigo mais conviver com o fato de que estou te fazendo sofrer.
Eu nunca pensei que nos afastaríamos um dia. Sempre me imaginei envelhecendo com você. Tenha certeza de que eu vou levar comigo as boas lembranças e guardar toda essa saudade bem no fundo do meu peito. Fique bem e cuide-se.
Tristemente digo: "Adeus".
Virgulino
Ele deixou a carta de despedida em cima da cômoda deu um último selinho em Genu que não acordou, pegou seu chapéu e disse: "adeus meu amor."
Primeiro passou nos quartos de Lúcio e Lili que dormiam como dois anjinhos, os olhou e sussurrou: "adeus meus filhos, papai ama vocês. Um dia quem sabe vocês vão entender que eu fiz foi pela felicidade de Genu."
Estava saindo de casa, olhou-a e foi pegar sua mala que havia deixado no armazém de Afonso. Chegando lá o amigo dele estava abrindo o armazém, ele foi logo perguntando o sumiço dele na noite anterior:
Afonso: Seu Virgulino graças a Deus o senhor apareceu! Estava indo procurá-lo onde o senhor se meteu naquela tempestade?
Virgulino: Eu segui exatamente seu conselho Afonso fui falar com Genu. Nós tentamos se acertar, agora tenho a certeza que nosso casamento acabou de vez vai ser melhor eu ir embora para o Rio de Janeiro vou partir hoje mesmo só vim aqui me despedir do amigo e passar lá na repartição para avisar da minha decisão para o seu Hilton. Obrigado por tudo! Assim que eu chegar lá eu telefono dizendo que cheguei bem e passo meu novo endereço para você me enviar o seu convite de casamento com dona Lola. Adeus!
Afonso: Adeus seu Virgulino! Eu sinto muito por vocês! Eu quero o senhor aqui no dia do meu casamento viu?
Virgulino: Claro! Tchau Afonso!
Virgulino entrou no bonde com a mala na mão, acenou para o amigo e o bonde foi se afastando dali...
Na casa de Genu
Depois de ter tido algumas horas para acordar bem disposta Genu começou a acordar com um sorriso nos lábios, pensando que o marido estava ali do lado dela depois do que havia acontecido na noite passada. Ela viu o lado dele vazio, pensou que pudesse estar fazendo sua higiene pessoal foi até o banheiro verificar e nem sinal dele; estava pegando uma roupa para se vestir quando deparou-se com a carta de despedida de Virgulino.
A esposa de Virgulino começou a ler a carta, as mãos dela ficaram trêmulas, debulhou-se em lágrimas em uma fração de segundos e pós sua roupa rapidamente que desceu as escadas em direção ao portão de casa. Seus filhos estavam sentados à mesa tomando o café quando viram o estado de inquietação da mãe Lili não a deixou sair e cobrou explicações:
Lili: E então mamãe a senhora e o papai se acertaram?
Genu não conseguia olhar nos olhos deles, voltou ao papel que estava na sua mão não sabia se mostrava a eles ou ia atrás do marido; Lúcio percebeu que tinha haver com aquela carta e pegou das mãos de sua mãe. O rapaz começou a ler e respondeu a pergunta de Lili:
Lúcio: Nosso pai foi embora Lili. Nós precisamos dar um jeito nisso minha mãe vamos até a repartição ele deve ter ido para lá.
Genu: Vamos meu filho! Eu não posso perder o homem que eu amo assim!
Mãe e filhos saíram atrás de Virgulino para evitar que ele fosse cometesse o maior erro da sua vida.
Repartição
Virgulino estava com a mala na mão foi até a sala de Hilton que não esperava o funcionário chegar assim sem avisar o semblante dele estava péssimo e antes que pudesse falar alguma coisa o homem disse:
Virgulino: Bom dia seu Hilton! Eu vim aqui comunicar por razões pessoais quero antecipar minha viagem ao Rio de Janeiro para hoje mesmo. Até iria de trem na próxima semana antes de saber que meu carro que estava na oficina ficasse pronto hoje então eu vou hoje mesmo! Só preciso que o senhor me passe o endereço de onde funcionará a repartição lá.
Hilton: Desculpa me meter às razões pessoais tem haver com aquela funcionária nova que nos causou sérios problemas, melhor dizendo na sua vida não é mesmo?
Virgulino: Infelizmente sim! Mas eu também sou culpado por isso senão tivesse caído na conversa dela a uma hora dessa estaria feliz nos braços da mulher que eu amo. Me desculpe acho que caiu um cisco no meu olho.
Para um homem chorar na frente do outro, alguns dizem que é sinal de fraqueza e outros quando estão apaixonados e estão sofrendo pela dor que causou a sua amada o último é o caso de Virgulino.
Hilton: Seu Virgulino o senhor está chorando? Quer desabafar?
Virgulino: Ninguém está sofrendo mais do que a minha mulher com isso, tudo isso é minha culpa! Ela não devia ter se casado comigo. Não estaria sofrendo por minha causa, Deus ajude ela a conseguir seguir em frente longe de mim. Agora preciso ir!
Hilton: Está aqui o endereço da repartição! Boa sorte seu Virgulino!
O chefe entregou o endereço da empresa ao empregado que pegou o papel guardou-o no bolso e ambos apertaram as mãos.
Virgulino saiu do prédio rapidamente, não deu tchau para ninguém, sabia que todos estão o encarando feio, porque os rumores dele com Vitória ainda corriam soltos pela cidade.
Ao cruzar a rua, indo em direção ao mecânico para pegar seu carro  avistou o Sr. José e agradeceu pelo cuidado que teve no conserto, pagou prontamente e só jogou a pequena mala no banco do passageiro, suspirou fundo e dirigiu sem nem olhar para trás.
Quando menos percebeu, Virgulino já estava bem longe da cidade, enquanto Genu corria para dentro da empresa, recebendo a triste informação de que seu marido já havia partido.
Genu: Quanto tempo ele saiu?
Hilton: Senhora, não faz muito tempo não, mas parecia que o seu mar... O Sr. Virgulino estava com muita pressa! Quer o telefone do local onde ele irá trabalhar? Talvez, amanhã a senhora consiga entrar em contato com ele. Uma viagem de carro demora algumas horinhas e amanhã ele provavelmente já se apresentaria no novo posto!
Genu: Muito obrigada, Sr. Hilton. Esta ajuda me servirá bastante!
Genu saiu desolada do prédio, segurando ao máximo as lágrimas que queriam sair de seus olhos, ainda sem conseguir entender o que teria feito Virgulino mudar de ideia tão rapidamente!
Genu: Amanhã vou descobrir tudo! Virgulino tem que voltar! A nossa família precisa dele!
Assim, resignada com o desencontro com seu amado, voltou para casa na companhia dos filhos que notaram que a mãe não tinha dado uma só palavra desde o caminho para casa.
Lili: Mamãe! E o papai? A senhora conseguiu encontrá-lo?
Genu: Minha querida... Infelizmente seu pai já partiu para Rio de Janeiro, mas o sr. Hilton me entregou o cartão, com o número do local, onde seu pai trabalhará! Amanhã mesmo ligarei lá e farei com que ele volte!
Lucio: Mamãe, saiba que estaremos aqui para tudo. A senhora não está sozinha.
Genu: Eu tenho muita sorte de ter vocês, meus queridos filhos!
Ela se sentou no sofá que chorou compulsivamente nos braços de Lili e Lúcio. Eles tentavam consolar a mãe deles que não conseguiu conter o choro e ao mesmo tempo soluçava por aquilo que estava acontecendo:
Genu: Eu vou morrer! Minha vida não tem sentido mais! Acabou tudo! Eu perdi o Virgulino!
Lúcio: Não fale isso mamãe nós vamos trazer o papai de volta.
Estrada Rio-São Paulo
Estava movimentada a estrada Virgulino dirigia seu carro em direção ao Rio de Janeiro, sua atenção que devia estar toda focada ali não estava porque seus pensamentos estavam longe dali:
Flashback ON
O colégio não se falava em outra coisa no quase flagra do bedel Beto em relação a Genuína e Virgulino, ele havia escrito um bilhete para os pais de ambos comparecerem no dia seguinte ela não sabia como chegar em casa com aquele bilhete e dizer o que havia sucedido sabendo o jeito do pai que ela tem ficou desesperada pensando numa saída.
Ela estava na companhia da amiga Melissa, Virgulino com Guilherme os quatro acabaram se encontrando sem querer na saída da escola, Guilherme e Melissa sabiam que algo estava acontecendo entre eles e resolveram deixá-los a sós inventando uma desculpa:
Melissa: Eu esqueci de pegar um livro lá com a professora de história vai indo na frente Genu depois te encontro mais tarde.
Guilherme: Caramba! O Breno me pediu para ajudá-lo com o dever de casa hoje não vou almoçar na sua casa até amanhã.
Os dois saíram de fininho deixando o futuro casal a sós, Genu olhou para os lados da rua se tinha algum conhecido passando ali por sorte não havia nenhum ela começou a andar de forma rápida com medo que pudesse acontecer algo. Virgulino conseguiu alcançá-la abordando-a no ponto onde se passava o bonde ela estava quase entrando quando a mão dele pegou seu braço com toda delicadeza não querendo machucar a sua amada porque era como uma flor delicada e formosa.
Ela tentou disfarçar sua timidez diante daquelas pessoas que estavam ali, caminhou na sua direção e os dois ficaram parados se olhando fixamente:
Genu: Eu não posso Virgulino! Meu pai nunca vai te aceitar depois do que aconteceu naquela noite do baile.
Virgulino: Olha para mim Genu! Olha!
Era difícil acravar os olhos azuis daquele homem que não conseguiu conter os seus impulsos:
Genu: Não Virgulino por favor!
Virgulino: Por favor Genu não tem o menor sentido de esconder o que eu sinto por você.
Ele a pegou pela cintura, aquele frescor do hálito que saia da boca dele era tudo que precisava para conseguir finalmente o que ambos queriam desde a primeira vez que se viram. Ele segurou o seu queixo e a beijou com paixão.
Flashback OFF
Estava tão desligado do que tinha na sua frente que nem se deu conta que um caminhão o fechou na estrada. Aquele caminhão arremessou o veículo para um despenhadeiro, que começou a cair no mesmo, entrou em chamas e arremessou Virgulino para fora do carro que bateu a cabeça e caiu desacordado ali.
Voltando à Avenida Angélica Genu estava se levantando do sofá quando sente uma sensação que algo de muito ruim estava acontecendo, não podia ser com os filhos porque estavam com ela só podia ser Virgulino, ela pôs sua mão sobre o peito e começou a rezar sem imaginar o que tinha acabado de suceder. Era evidente que tinha alguma coisa que a mãe deles estava tensa, ela pediu aos filhos irem até o armazém de Afonso ver se Virgulino já tinha ligado dando notícias. Eles correm até o estabelecimento encontraram Afonso e perguntaram pelo pai:
Lili: Boa tarde seu Afonso! A mamãe está perguntando se o nosso pai ligou para cá? Ainda a pouco ela começou a ficar estranha eu acho que ela teve um pressentimento muito forte.
Afonso: Lili até agora não ligou não! Não deve ter dado tempo de chegar lá. Qualquer coisa eu vou lá avisa-los.
Lúcio: Nem deu tempo de se despedir de nós seu Afonso, ele deixou uma carta de despedida a nossa mãe a coitada está em prantos! Amanhã mesmo eu vou ligar no prédio onde irá funcionar a repartição e vou falar com ele custe o que custar. Até logo!
KM 50
Algumas pessoas que passavam no local do acidente via aquela situação que estava o carro em chamas logo chamam o resgate, que chegou rapidamente ali. Em relação ao carro nada podia ser feito ele estava completamente destruído os bombeiros acham Virgulino um pouco afastado dali, eles começaram a verificar nos bolsos do seu paletó se haviam documentos pessoais encontrando a sua carteira onde havia todos os seus documentos inclusive havia um cartão de visita de um endereço e telefone do Rio de Janeiro.
E ele é levado diretamente para o hospital mais próximo dali que ao dar entrada naquele lugar foi levado imediatamente para a emergência em estado gravíssimo.
Repartição Rio de Janeiro
Ligação ON
Secretaria: Companhia Telefônica Brasileira boa tarde no que eu posso ajudar?
Hospital Geral: Aqui é do Hospital Geral por acaso conhecem o senhor Virgulino Coutinho?
Secretaria: Pessoalmente ainda não, ele é o mais novo gerente da repartição por que o motivo da pergunta?
Hospital Geral: Nós estamos ligando para avisar que o senhor Virgulino sofreu um grave acidente de carro e acabou dar entrada na emergência daqui do hospital será que a senhora poderia avisar à família do paciente?
Secretaria: Pode deixar. Me passa o contato de vocês para família dele entrar em contato para saber notícias dele.
Hospital Geral: O nome do hospital é o Hospital Geral de Mogi das Cruzes e estamos na entrada da cidade de Mogi das Cruzes. Se puder avisar o quanto antes os familiares do paciente.
Secretaria: Está certo! Obrigada pela informação!
Ligação OFF
Tinha encerrado a ligação do hospital, a secretaria da repartição ligou para o escritório de São Paulo:
Rose: Boa tarde Brazilian Telephone Company Rose falando no que eu posso ajudar?
Secretaria: Boa tarde Rose aqui é Maria falo do escritório do Rio de Janeiro da telefônica você poderia avisar ao seu superior que o funcionário Virgulino Coutinho deu entrada no hospital Central de Mogi das Cruzes em estado gravíssimo por conta do acidente de carro que ele estava precisa avisar os familiares dele...

Eu Vi o Amor em Seus OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora