Capítulo 8 - A Verdade Vem à Tona

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Afonso e Shirley sequer conseguiam disfarçar que haviam brigado a pouco perante Inês, a menina procura saber a razão da discussão e assim que finalmente os pega juntos no armazém, resolve questioná-los ali mesmo, já que a essa hora é muito difícil algum cliente chegar de surpresa pra comprar algo, pois era cedo demais.

— Que caras são essas meus pais? Dá para ver que mais uma vez vocês discutiram por minha causa.

— Pergunte a sua mãe o porquê, até quando ela quer manter essa mentira? Pois eu já não aguento mais esse passado nos assombrando novamente, só te digo uma coisa: eu te amo muito minha filha.

— Que mentira o senhor está falando meu pai? Não estou entendendo é nada, o que está acontecendo?

— Afonso, você não tinha esse direito! Agora serei obrigada a contar o meu passado que eu tanto me envergonho para ela! - afirma a mulher embravecida enquanto olha pro esposo com um olhar indignado e de censura total.

— Não parecia ter vergonha quando vi aquela cena de hoje de manhã, agora fale de uma vez Shirley. Inês tem o direito de saber toda à verdade.

— Por favor, nem me lembre do que me aconteceu mais cedo! - a morena revira os olhos e vira-se em direção a sua filha. - Inês, por favor, só quero que me entenda. - após dizer aquilo, a matriarca observa a menina franzir o cenho, ainda procurando entender tudo isso, logo ela respira fundo, solta um suspiro pesado e a falar. - Eu sempre menti a respeito da sua paternidade desde quando você era recém-nascida, Afonso a aceitou como filha dele quando fui abandonada pelo seu verdadeiro pai, o João. E agora ele está disposto a ter eu e você como família dele novamente.

— Como é que é? O senhor não é meu pai? - a garota fica tão horrorizada com tal nova que abre a boca em sinal de espanto e os seus olhos começam a lacrimejar. - A senhora não tinha esse direito de esconder isso de mim minha mãe! - no exato momento em que a mãe iria tentar argumentar com sua primogênita e aproxima-se dela, ela a repele de tal forma que o casal fica ambos surpresos com tal atitude da mais nova. - Não, saia de perto! Agora não quero saber mais nada, me deixe em paz!

Inês sai do armazém quase que correndo, em direção a sua casa completamente arrasada e Shirley começa a dar um sermão em Afonso.

— Satisfeito? Agora minha filha me odeia porque você resolveu ter crise de consciência!

— Você mesma me mostrou que ainda sente algo pelo João com aquele beijo trocado mais cedo, agora me dá licença que eu preciso abrir o armazém.

O português abre finalmente o armazém, Eleonora que acabara de chegar o esperava a poucos segundos do lado de fora com uma sacola, até que de porte grande, com as compotas e ele fica feliz ao vê-la.

— Bom dia dona Lola! - o tom de voz está bem alegre e deixa-lhe um sorriso radiante tomar-lhe conta dos lábios. - pelo visto a senhora trouxe as compotas de doces que a senhorita Clotilde havia dito no dia anterior.

— Sim seu Afonso, eu até fiz uma mais para cada sabor da compota para o senhor ver se está do seu agrado. Garanto que foi feito com muito amor e carinho.

— Com amor e carinho eu tenho certeza porquê a senhora sempre foi uma mulher generosa quando fazia os casaquinhos de tricô para Inês.

Lola fica ruborizada com o comentário de Afonso, ele busca um pacote de torradas da melhor qualidade e a convida para acompanhá-lo no café, com as torradas dele e as compotas dela. Ela assenta com a cabeça enquanto que mantinha um sorriso labial tímido por conta do elogio a pouco dado ainda rondar sua cabeça, os dois se sentam um de frente para o outro.

Em um gesto involuntário, Eleonora e Afonso pegam ao mesmo tempo a mesma compota de doce, as mãos deles se encostam e os dois se olham fixamente. O português abre um sorriso tímido para Lola, que mal conseguia retribuir aquele sorriso e retira a sua mão de perto da do quitandeiro.

O quitandeiro elogia as compotas da tricoteira quando prova um pouco de uma delas na torrada que está em sua mão, essa em específico que está provando é de como a doceira havia acabado de nomear: frutas vermelhas.

— Estão maravilhosas, dona Lola, não vai demorar muito e todas elas serão vendidas num piscar de olhos.

— Obrigado seu Afonso, eu fico feliz que está do seu agrado, agora preciso ir, a dona Genu pediu que fosse encontrá-la na casa dela para falar do Julinho e da Lili.

— Até mais ver, assim que estiver com o dinheiro das vendas em mãos, levo na sua casa.

Foi só a mulher sair do armazém, que tanto Eleonora quanto Afonso se pegam pensando na proximidade que está havendo entre eles nesses últimos dias, "o que está acontecendo?" pensam juntos. Eles são bons amigos, mas, desde o dia que Julio foi levado às pressas surgiu um clima e um sentimento diferente entre eles, o que será?

Eu Vi o Amor em Seus OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora