Aquela cena de Afonso ter segurado a sua mão por alguns segundos não sai da cabeça de Eleonora, a mulher fica pensativa que nem percebe que a sua amiga, Genuína, havia chegado e a vizinha logo nota que algo está acontecendo com a doceira, a deixando totalmente absorta em seus pensamentos.
— Lola, está tudo bem? Eleonoora?
Ao ouvir o seu nome sendo pronunciado, a dona de casa volta a realidade e vê Genu preocupada com ela.
— Eu estou bem amiga, quer dizer, pra você eu posso falar, já que somos amigas. - a mulher vai andando em direção a sala e convida a amiga a se sentar no sofá junto, respira fundo e começa a falar. - Ultimamente tem acontecido umas coisas comigo que... Nem eu mesma sei o que estou sentindo mais. Toda vez que eu encontro seu Afonso, acaba por surgir um certo desconforto que eu nunca antes senti, afinal, somos amigos de anos.
Genuína fica abismada com a revelação de Eleonora e ao mesmo tempo abre um sorriso de orelha a orelha.
— O que você está me dizendo Lola, seu Afonso faltou-lhe com o respeito?
— Por favor Genu, seu Afonso nunca me desrespeitou, - a doceira até faz uma expressão quase de aversão - quando eu digo desconfortável, é porquê nunca ficamos tão próximos em momentos tão cruciais de nossas vidas, primeiro a morte de Julio e agora a partida de Inês e dona Shirley.
— Eu vejo agora que ao dizer o nome dele, os seus olhos brilham, as suas mãos estão inquietas e você está com as bochechas coradas. Me parece sinais de que está apaixonada amiga.
— Mas que ideia mais sem pé nem cabeça Genu, eu e ele somos apenas bons amigos.
— Mesmo assim, se tiver algum outro interesse, que mal há? Ele é solteiro e você viúva. Vocês dois estão vivos.
— Nossa, já estava me esquecendo de uma coisa, eu preciso ir lá do outro lado da cidade buscar uns ingredientes para as compotas. Vejo-te depois.
— Está bem Lola, eu vou cuidar do almoço agora também. Até mais. - a mulher levanta-se do assento e é acompanhada pela matriarca dos Lemos até a porta, logo indo em direção a sua residência.
Eleonora, após acompanhar a amiga até a entrada de sua residência, vai em direção ao seu aposento e resolve tomar um bom banho antes de sair. Assim que acaba suas higienes pessoais, sai do banheiro em direção ao seu quarto e abro o guarda-roupa, logo coloca um vestido discreto de cor branca com algumas flores lilás com azul, pega sua pequena bolsa azul claro e uma sapatilha da mesma cor que o vestido, assim sai de casa. Ela caminha calmamente, não saía de sua cabeça a conversa que teve com Genuína mais cedo, sem perceber um carro desgovernado em alta velocidade vai em sua direção, Afonso presencia a cena sai correndo evitando que o pior acontecesse.
O quitandeiro a puxa para mais próximo dele, que fazem seus corpos se juntarem, a doceira e o português sentiam a respiração acelerada de cada um. Os braços dele a segura com delicadeza, que fica completamente fascinado ao olhar Eleonora sem jeito tão próximo dele. Ao tentar se esquivar dos braços do homem, Lola acaba perdendo o equilíbrio e torce o tornozelo.
— Ai! Meu tornozelo, está a doer muito!
— Dona Lola, deixe-me ajudá-la, vou te levar até sua casa. - ele oferece a ajuda enquanto a olha com preocupação.
Eleonora acena com a cabeça, aceitando a ajuda oferecida pelo quitandeiro, a pega no colo com todo cuidado que pode ter e a conduz até sua casa. Alguns vizinhos observam a cena entre eles e não deixam de ficar comentando entre si.
Afonso e Eleonora entram na casa dela, ele coloco-a com jeitinho no sofá da sala e pede para examinar o pé dela. A mão dele pega o pé de Lola, os dedos dele fazem pequenos movimentos e chegam no ponto crucial da dor. Ela morde levemente seu lábio inferior que demonstram o quanto doía o tornozelo, e que também mal conseguia encarar o homem a sua frente ao sentir os dedos dele tocar seu pé.
O português se senta ao lado de Lola, vai se aproximando aos poucos dela, as mãos dele tremiam ao mexer levemente os cabelos negros da doceira que estavam um pouco desgrenhados, os olhos da mulher brilham e admiram o gesto, ela aproveitou o momento inclinando seu rosto que acaba ficando frente a frente ao do dono do armazém, ele pega seu rosto e os lábios deles se tocam a primeira vez.
O beijo dentre eles era calmo, doce, e ambos por um momento esquece tudo a sua volta, Lola sentindo aqueles lábios tocando os seus, o perfume dele tocando sua face a deixa completamente excitada. Quando ia falar o que está acontecendo ali, Afonso interrompe o beijo e sai dali sem se despedir pensando que tinha sido inconveniente com Eleonora. Ela não entende a atitude do homem e se pergunta mentalmente: "Por que será que ele me beijou e depois foi embora? Ele se deu conta que foi apenas um deslize?"
Afonso ao voltar para o armazém, não deixa de pensar no beijo entre ele e Lola, por um lado se dá conta que está apaixonado e por outro será que ela sente o mesmo por ele? Eles mal podem imaginar que os dois são correspondidos, o que será que o destino reserva pra eles?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Eu Vi o Amor em Seus Olhos
FanficLola que era casada com Júlio , nunca imaginou se apaixonar por seu amigo Afonso que era também era casado, anos depois Lola agora viúva se daria uma chance ao amor de novo?