Capítulo 6 - Enfrentando o Vazio

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Uma semana já havia se passado, a família Lemos ainda não conseguiu superar a perda de Julio e tentam procurar tanto forças quanto uma solução para a situação financeira que está bem difícil para todos naquele momento.

Lola mal saía de casa, pedia a Durvalina para pegar alguns mantimentos no armazém de Afonso e a empregada acatava a ordem. Clotilde, irmã de Lola, desde a morte de Julio ficou em São Paulo para fazer companhia a irmã e ela tem uma ideia para conseguir dinheiro para as despesas de casa.

— Minha irmã, que tal fazermos compotas de doce para vender? Você tem ótimas mãos para a cozinha assim como a mamãe, podemos aproveitar isso ao nosso favor.

— Eu não sei se é boa ideia Clotilde, ainda não consegui superar a morte do Julio e não estou com cabeça para isso.

— Agora mais do que nunca você tem que erguer a cabeça e arregaçar as mangas, mesmo com esses tombos que a vida nos dá, temos de seguir em frente Lola.

— A senhorita Clotilde tem toda razão dona Lola, estamos aqui para ajudá-la a superar isso e não acho que seja má ideia de fazer doces para fora. E melhor, podemos deixar no armazém do seu Afonso para ver se ele pode ajudar a vender.

— Eu acredito que ele não vai recusar um pedido seu, Lola. - Clotilde tenta a todo custo encorajar a irmã.

— Está certo Clotilde, liga para mamãe lá em Itapetininga e pede as receitas que sempre fizeram sucesso nas nossas festas.

— Estou indo agora mesmo! Volto daqui a pouco. - a senhorita Amaral fica toda animada e contente de ter conseguido fazer com que Lola se encorajasse e começasse a fazer doces para vender.

Lá no armazém, Afonso e Shirley estavam tendo uma enorme divergência por conta do jeito que a mulher trata sua filha em relação ao namoro dela com Carlos.

— Deixa a menina viver a vida, Shirley. Ela já é uma moça, está estudando para ser enfermeira e é uma ótima filha. O Carlos é um rapaz íntegro, honesto, estudioso e sabemos que é de boa família. O que há de nisso tudo?

— Eu não concordo Afonso! Eu odeio todos daquela família, principalmente dona Lola, que sempre você defendeu e faz vista grossa em relação às suas contas aqui no armazém.

O telefone toca naquele exato momento interrompendo a discussão deles, Shirley atende a ligação e fica pasma ao ouvir a voz do outro lado.

— Shirley, ainda bem que foi você que atendeu a ligação, estou de volta a São Paulo preciso te ver o mais cedo possível.

— Eu não poderei ajudá-lo, infelizmente aqui não vende esse tipo de mercadoria, ligou errado.

— Nem pense em recusar, te aguardo no Hotel dos Viajantes ou vou fazer um escândalo em frente ao armazém. Não falte amanhã as 8 horas da manhã ou já sabe o que vai acontecer.

João desliga o telefone, Shirley mal conseguia disfarçar o seu temor em relação ao que acabara de ouvir e Afonso percebe que tem a ver com o telefonema.

— Quem era Shirley? E por que você ficou assim?

Antes que pudesse dar uma resposta a Afonso Clotilde chega naquele momento oportuno e fala.

— Seu Afonso, dona Shirley, boa tarde a vocês, posso fazer uma ligação pra Itapetininga? É um caso urgente e também vai ser do interesse do senhor quando eu disser.

— Boa tarde senhorita Clotilde, nem precisa fazer cerimônia, você já é uma amiga assim como todos da sua família.

— Obrigada seu Afonso, pela consideração com a nossa família. Só um minuto. - a moça pega o papel que está nas mãos com um número anotado no mesmo e começa a discá-lo no telefone. Não demorando muito para ser atendia pela mãe, volta a falar. - Mamãe, preciso que você me passe as receitas daquelas compotas de doces que você sempre fazia para nossas festas, porquê? A Lola está a precisar. Sei... Então tá, até mais ver.

Com um sorriso largo de orelha a orelha, Clotilde desliga o telefone, colocando-o de volta no gancho e vira-se pro dono do estabelecimento, não demorando pra contar a boa nova pra ele.

— Seu Afonso, como vocês mesmos acabaram de escutar, vamos fazer compotas de doces e se vocês permitirem, claro, podemos colocar aqui pra vender?

— Claro que não, já não basta sua irmã pedir fiado ao meu marido? Vocês ainda querem explorar mais ainda o pobre.

— CALA BOCA SHIRLEY! não escute ela senhorita Clotilde, depois avise a dona Lola que vou a casa de vocês tratar dos últimos detalhes da venda dos doces.

— Obrigada, pode deixar seu Afonso. Até mais ver.

Clotilde sai do armazém, Afonso retorna a atenção total a sua esposa e volta a conversa da onde havia parado com Shirley.

— Agora podemos voltar aonde paramos, quem era na ligação?

— Me deixe em paz, eu não te devo explicações alguma! Agora vai lá falar com a tricoteira.

A discussão se encerra, Shirley sobe até seu quarto e fica pensando se deve ir ao encontro de João ou deixa o circo pegar fogo e ficar vendo só de camarote.

Eu Vi o Amor em Seus OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora