Capítulo 2 - O que será que o Julio tem?

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Um dia que parecia estar calmo na Avenida Angélica, no lar da família Lemos, Eleonora cuida dos filhos que estavam a fazer o desjejum para poderem ir estudar, assim que ela consulta o relógio para ver se estavam ficando atrasados, se apressa mais ainda e manda que eles fossem pro colégio o mais rápido possível, claro, sem esquecer os seus devidos lanches. A matriarca agora finalmente conseguira um pouco mais de tempo para começar a sua rotina diária de arrumar enorme moradia que possuem. Julio, pai das crianças e marido de Lola, está no trabalho, tendo mais um dia de frustrações com mais uma tentativa falha de pedir um aumento para o seu patrão, o Assad.

O dia se passou até que rápido, já estava a anoitecer e a mulher está concentrada fazendo o jantar com a Durvalina enquanto que as crianças teriam saído a poucos minutos para o armazém de seu Afonso comprar algumas frutas pro café de amanhã, quando ouve um barulho forte de uma porta batendo com bastante força, curiosa e preocupada em saber o que havia provocado tal barulho, deixa a empregada e melhor amiga na cozinha, tomando conta do andamento do jantar, e vai em passos ágeis e largos em direção a sala. Vendo quem acabara de chegar de repente e até um pouco mais cedo do que o comum em casa, ocasionalmente surpreendendo a esposa, o vendedor diz:

— Eu não aguento mais esse trabalho, o seu Assad não me dá o devido valor! Só fico naquele estabelecimento trabalhando feito um condenado porquê precisamos quitar nossa casa! Afinal, se não fosse por mim, aquele turco maldito teria sido caloteado inúmeras vezes.

— Calma meu amor, um dia acredito que ele vai te dar uma promoção e nós iremos ter um pouco mais de dinheiro para fazer algumas alterações na casa. - enquanto falava tais palavras com calma e doçura, a esposa vai até o marido e ajuda-lhe a tirar o casaco, em seguida pega o chapéu e pendura ambos no porta casacos. - Mas até lá, vamos ter um pouco de calma e esperança, até porquê nem de tristezas que se é feita a vida. - dá um selinho no amado e vai andando calmamente em direção a cozinha novamente.

— Eu realmente espero que isso aconteça Lola. - diz ele dando um suspiro de cansaço e subindo as escadas em passos firmes para ir para o seu aposento para tomar um bom banho relaxante para o jantar. 

Júlio estava em seu quarto, acabando de se vestir depois de ter tomado um banho frio, consequentemente um pouco demorado, quando ouve uma gritaria vindo da sala de jantar e logo percebe que são seus filhos Carlos e Alfredo brigando, mais uma vez, o rebelde sempre implica com o estudioso em tudo o que quer que fossem fazer juntos, sempre usando o argumento de que o mais velho sempre era o queridinho e protegido pelos pais, ao abrir a porta do quarto desce as escadas as pressas e ouve Eleonora dizendo.

— Alfredo meu filho, você tem que pára com essa sua implicância com seu irmão. - o tom de voz da matriarca denunciava o quanto ela estava nervosa.

Ouvindo a voz alterada de Lola, Julio já começa a dar esporros nos filhos enquanto descia as escadas.

— Vamos parar com essa palhaçada! Nem posso ao menos ter um pouco de sossego na minha própria casa. Quem começou a briga? Nem precisa se darem o trabalho de responder foi o Alfredo. Seu moleque venha aqui já!

— Calma Júlio! Não precisa disso! - a mulher tenta convencer ao marido a não fazer tal ato, porém, é só mais uma tentativa frustada.

Alfredo vai em direção ao pai, que logo tira a cinta para na intenção de dar um corretivo no filho, ao levantar a cinta para dar uma coça no moleque, Julio começa a passar a mal, sentindo fortes dores abdominais e que consequentemente o faz desmaiar. Lola se assusta ao ver seu amado no chão desmaiado, se desespera com tal cena e fala.

— CARLOS LIGUE AGORA PRA O HOSPITAL! - Diz Lola chorando. 

 Em pouquíssimos minutos o médico chega, Eleonora o ajuda pegando Júlio e coloca seu amado em um sofá na sala para que ele possa  ser examinado, nervosa e chorosa a matriarca leva as crianças para os seus aposentos.

— Fiquem aqui comportados, que eu já volto, vou conversar com médico pra saber como está o pai de vocês. - ela em tom choroso fala aquilo aos seus filhos, eles balançam a cabeça em positivo, e entendendo que era algo sério, resolveram fazer trégua pelo menos hoje e assim aliviando um pouco a mãe deles. 

Após fechar a porta do quarto, desce as escadas em direção a sala e lá encontra o médico com um olhar sério, não protela muito para que ele diga.

— Dona Eleonora, Seu Júlio precisa ser internado imediatamente. - diz sério.

— Internado doutor mais por que? - ela tenta, mas não consegue disfarçar que está nervosa e assustada enquanto questionava o homem.

Sem trastejar em responder em um tom um pouco mais familiar, o doutor tenta de alguma forma confortar a mulher em um momento tão delicado como esse.

— Dona Eleonora, pelos sintomas aqui presentes me parece ser úlcera, mas precisamos levar o esposo da senhora para o hospital e submeter ele à alguns exames, assim conseguiremos ter realmente certeza de que seja isso.

O médico chama uma ambulância para Julio, enquanto isso, Lola sobe as escadas as pressas para avisar aos filhos da situação do patriarca e pedir que fiquem com Durvalina por um tempo indeterminado, porque irá acompanhar o pai deles até o hospital.

Eu Vi o Amor em Seus OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora