Capitulo 80 A Proposta

56 7 5
                                    

Amanheceu e lá estavam os dois: enrolados nos braços um do outro. Um raio de sol adentrou o quatro e acordou Afonso. Ele despertou, deu um beijinho na testa de sua amada e saiu devagarinho, não queria acordá-la. Foi para o banheiro, escovou os dentes, se trocou e foi para a cozinha preparar um café bem especial para Lola, quis retribuir a surpresa que ela fizera para ele na noite passada. Fez um cafezinho preto, tapiocas, pegou alguns queijos, pães e uma compota de figo que ele havia feito.
Lola acordou sozinha na cama e sentiu o cheirinho da comida que Afonso preparava, levantou-se, se vestiu e foi ao encontro do seu amado.
Lola: Eu não acredito que você fez o café, Afonso! - falou rindo o abraçando por trás.
Afonso: Eu só quis retribuir a surpresa que você me fez, mi'amor, e você merece por ser essa mulher maravilhosa - apagou o fogo e se virou, ficando de frente para ela.
Lola: Não precisava, meu bem, eu só fiz o que me deu vontade, você não precisav...
Afonso: Precisava, sim! - ele interrompeu - Você merece, e... não precisamos de motivos para comemorar o nosso amor. - riu e colheu um beijo da boca doce de Lola.
Lola: Você sempre sabe o que dizer e o que fazer, não é! - ela falou risonha.
Afonso: Sim, sim!
Eles tomaram café, conversaram sobre tudo, Afonso pegou a compota e começou a se deliciar, Lola brincou dizendo que se eles se casassem ele enjoaria dos doces nos primeiros meses, porque ele pegou um pouco do doce disse que era segunda melhor coisa que já havia comido em toda a vida, ela também perguntou qual era a primeira, ao que ele chegou mais perto e respondeu que a primeira tinha sido ela, ela riu e o beijou avidamente.
Após o café Lola foi para o quarto pegar algumas de suas coisas para poder ir para casa. Quando saiu do quarto foi para o espelho colocar seu colar, Afonso estava sentado no sofá lendo o jornal, estava procurando emprego ou um estabelecimento à venda, para abrir sua padaria, quem sabe. Ele a viu sorridente para o espelho e ficou a admirá-la, ela o encarou e perguntou o que tinha acontecido ele disse que estava apenas admirando a sua beleza, ela corou, ajeitou os cabelos e foi em direção a ele para lhe dar um beijinho e ir embora, tinha que organizar as coisas de casa. Quando ela chegou para se despedir ele puxou-a para sentar em seu colo, para prendê-la mais um tempinho ali em sua casa, ela gargalhava com as declarações indecorosas ao pé do seu ouvido. Enfim conseguiu sair dos braços dele e correu para a porta, mandou beijos de longe e ele disse que à noite ela não escapava, ela riu.
Quando saiu de lá, estava com um sorriso estampado no rosto, quando passou pelo armazém viu Antenor atrás do balcão e se apressou para que ele não a visse, talvez ele quisesse ter uma conversa com ela e ela só queria adiar mais e mais essa conversa.
Chegou no portão e avistou Genu que estava varrendo sua calçada, quando viu a amiga chegando em casa, estranhou e foi perguntar o porquê ela estava chegando e não saindo. Lola quando a viu vindo em sua direção já apresentou o que ela iria perguntar e riu. A amiga lhe fez várias perguntas e Lola respondeu a todas muito sorridente. Genu olhou o relógio e viu que já eram 9 horas, então disse para Lola que mais tarde as duas conversariam, queria bater um papo com a amiga, saber dos últimos acontecimentos nos mínimos detalhes, Lola concordou rindo da curiosidade de Genu.
Entrou em casa e todos já haviam saído, menos Alfredo que estava deitado no sofá dando um cochilo:
Lola: Alfredo, meu filho, acorde -Lola chegou mais perto do sofá:
Lola: Você não vai trabalhar hoje?
Alfredo: Oi! Não, Dona Lola - sentou-se no sofá para conversar com a mãe - Alaor me deu o dia de folga, mas onde a senhora passou a noite? Quando cheguei em casa Isabel falou que tinha saído e que não tinha voltado, até fiquei preocupado - deu um beijo na testa da mãe que já estava sentada à seu lado - pensei em ir atrás da senhora, mas achei que poderia ter ido a casa de seu Afonso, não é? - Alfredo ergueu a sobrancelha e deu um sorriso brincalhão.
Eleonora: Mas o quê é isso, Alfredo?- a mulher levantou-se e olhou para ele o censurando, ao que ele falou que podia dizer.
Alfredo não achava ruim em ela ir para a casa do seu Afonso, já que o considerava um segundo pai:
Eleonora: Está bem, passei sim! Isso não te interessa! vou tomar um banho e vou preparar o almoço, quando eu voltar você me ajuda?
Alfredo: É... até posso, mas não vou almoçar aqui.
Lola: E aonde vai?
Alfredo:Eu combinei de sair com a Adelaide.
Lola:Ai ai,olha lá, viu, Alfredo! Eu já falei que tia Emília não gosta dessas suas saídas com Adelaide, vocês são primos...
Alfredo:Dona Lola, não problema, eu gosto da companhia dela e, acredito, que ela da minha - Riu - a senhora não disse que ia tomar um banho!
Lola: Olha lá, Alfredo juízo hein, menino.- saiu e subiu os degraus rumo ao seu quarto.
Enquanto tomava banho se lembrou da noite que havia passado com Afonso, como ele a deixava louca. Ela terminou o banho, vestiu-se e desceu para preparar o almoço, Alfredo a ajudou e fez o que tinha dito: Foi sair com Adelaide. Lola não queria problemas com a tia, mas não podia fazer nada para segurá-los.
Estava pondo a mesa quando Carlos chegou e logo em seguida Isabel e Julinho. Lola não tinha falado com Carlos sobre o problema de Julinho, ela preferiu pensar mais no acontecido para poder falar com o filho e não causar mais confusões.
Almoçaram e Isabel saiu para o curso de datilografia, tinha mais duas aulas pela tarde, se despediu da mãe e foi. Lola olhou para Julinho e ele está cabisbaixo, parecia ter chorado. Carlos estava ainda mais bonito, casado, feliz, naquele dia ele iria sair mais tarde para o banco, era quarta-feira e a movimentação era pouca, além de seu chefe o deixar ficar mais um pouco em casa. Ele ficou sentado no sofá lendo o jornal, e Julinho foi ajudar Lola, para sua surpresa.
Julinho: Mãe, a senhora contou para o Carlos?
Lola: Ainda não! preferi esperar até mais tarde para poder contar, não quero mais problemas.
Eram 13:30, Carlos iria voltar para o trabalho logo, e Lola estava terminando um cafezinho para eles tomarem. Julinho estava no quarto.
Lola: Carlos, aconteceu uma coisa não muito boa...
Ela começou ficar insegura e mal encarava o filho:-
Lola: Ontem à tarde...
Alguém bateu na porta e ela se dirigiu até a mesma para atender, quando abriu era Antenor:
Antenor: Olá, Lola! Julinho está?
Lola: Seu Antenor! - ela pensou que ele queria conversar com ela e não com Julinho - Está, está! entre, por favor! - deu espaço para ele entrar.
Carlos: Seu Antenor, tudo bem? - Carlos levantou-se e cumprimentou Antenor.
Antenor: Sim Carlos, estou bem, mas eu queria falar com Julinho, será possível?
Lola: Um momento,eu vou chamá-lo - Lola achou melhor ela mesma ir para adiar mais uma vez sua conversa com Antenor.
Lola: Meu filho, o Seu Antenor está aí e quer falar com você, está te esperando lá na sala.
Julinho: Carlos está aí também?
Lola: Sim, ele não foi para o trabalho ainda. Por quê?
Julinho não queria problemas nem com sua mãe muito menos com Carlos, que com certeza iria julgá-lo muito.
Ele então decidiu descer e chamar Antenor na cozinha para não ter nenhuma confusão.
Antenor estava na sala com Carlos e o jovem rapaz queria saber o que o empresário queria com seu irmão, a princípio como parte do plano ele não quis contar, mas se todos daquela família soubessem seria mais fácil para a dívida de Julinho ser paga o quanto antes e dar continuidade nos seus planos.
Antenor: Escute bem meu rapaz, anteontem seu irmão foi a um cassino com o chefe Seu Assad... e, bem, apostou alto e perdeu para mim. Então vim aqui para pegar o que me pertence, dei um prazo de três dias para a dívida ser paga, ontem foi o primeiro dia, hj o segundo e amanhã o terceiro.
Carlos: Isso não pode ser. Minha mãe sabe disso?
Antenor: Eu não sei, só vim atrás do que é meu.
Nesse momento Julinho vinha descendo ao lado da mãe, quando chegam na sala Carlos não está com uma cara boa, Lola logo percebeu que ele já sabia de tudo.
Carlos: Julinho, eu não acredito que você fez o que o Seu Antenor falou. Você fez mesmo?
Lola: Calma, Carlos - Lola ficou do lado do filho segurando seu braço.
Carlos: Mãe, ele errou, não adianta tenta tapar o sol com a peneira. Julinho, você não podia, sabe que não temos condições para essas diversões, ainda temos dívidas  do nosso pai e...
Antenor: Desculpa me intrometer na conversa de vocês. Ah, outra coisa não existe apenas a dívida de Julinho, seu Júlio também tinha uma em que ele fez a mesma coisa que o seu filho e não pagou o que devia.
Lola: O quê? eu não acredito que Júlio fez isso...
Lola não estava acreditando no que escutara, parecia mentira que Júlio havia deixado tantas dívidas. De repente tudo começou a girar, ela não estava se sentindo bem, sua pressão baixou subitamente. A mulher pôs a mão no rosto e quase caiu, Carlos a amparou e levou-a para se sentar na poltrona e mandou Julinho pegar um copo de água com açúcar.
Carlos: Mais uma surpresa que o seu Júlio nos preparou, é de quanto essas dividas seu Antenor?
Antenor tira do paletó as notas promissórias e as entregam nas mãos de Carlos:
Carlos: Como você pôde fazer uma coisa dessa igual o papai, é muito dinheiro minha mãe.
Julinho ofereceu o copo de água com açúcar à mãe, ela pega com as mãos trêmulas e lágrimas escorrem no rosto dela:
Carlos: Tá vendo o que você fez com a nossa mãe Julinho, está satisfeito? Não sei como iremos conseguir esse dinheiro até amanhã, daria para o senhor conceder mais alguns dias para a gente quitar essa dívida?
Antenor: Me desculpe meu rapaz, já fui muito generoso com o seu pai e mesmo assim ele faltou com a palavra.
Carlos: Eu vou trabalhar e ver se o banco me concede os cem contos de réis como forma de empréstimo ou um adiantamento do meu salário, fica calma minha mãe que isso tudo ficará bem.
E quanto a você Julinho trate de tentar algo também com seu Assad. A noite nos vemos minha mãe.
Julinho: Eu também vou para a loja minha mãe, amanhã eu te entrego o dinheiro seu Antenor assim que eu fechar a loja.
Os dois filhos de Lola saem para os seus respectivos trabalhos deixando Antenor e Lola sozinhos.
O empresário aproveitou a ocasião e faz uma proposta a Lola:
Antenor: Tem uma condição para perdoar definitivamente as dividas do seu finado marido e do seu filho, Lola.
Lola: Qual condição Antenor?
Antenor: Você ser minha mulher.
Lola: Como assim?
Antenor: É exatamente isso o que você ouviu, ser minha mulher.
O que Eleonora vai responder? A divida vai ser paga?

Eu Vi o Amor em Seus OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora