3. Você Me Deixou

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NATACHA

Finalmente tive permissão para tirar a máscara, mas ainda pediram que eu ficasse ali por 24 horas para observação. Meu plano havia dado errado, Anna estava viva, mas pelo menos ninguém desconfiaria de mim, afinal, também estava no quarto. Tirando Dominique e Giselle, eles com certeza saberiam que fui eu.

Eu me impressionava que ele ainda não havia aparecido por ali. Dominique com certeza deveria estar com bastante raiva. Se ela não havia morrido, com certeza estava mal.

Saí do quarto e fui atrás do Dominique, estava preocupada, ele iria me entregar. Encontrei César no corredor.

— Sr.Mesquita — chamei. — Tem notícias da Anna e do Dominique?

Eu só queria saber de Dominique, mas seria suspeito não perguntar de Anna.

— Anna está no quarto, ainda não acordou. Dominique está lá? Você está bem? Já pode sair do quarto assim?

— Estou, o senhor não precisa se preocupar.

— Eu sinto muito pelo que aconteceu.

— A princesa vai ficar bem?

— Nós esperamos que sim, mas, pelo que o médico disse, vai levar um tempo. Eu... Quero descobrir quem fez isso. Você lembra de alguma coisa?

— É como eu disse para a polícia, acho que tinha alguma coisa no chá que tomamos.

— Vou verificar isso. Descanse, está bem? Até que tenha alta.

Eu voltei para o quarto e pensei sobre aquilo tudo. Eu havia feito aquilo mesmo? Se Anna tivesse morrido, eu finalmente teria concluído minha missão. Mas ela não morreu, e agora sofreria mais. Eu não deveria ter aceitado aquela ideia. Mas o que mais eu tinha? O que mais me restava?

Dominique invadiu o quarto algumas horas depois, com aquela expressão que eu conhecia bem, estava prestes a explodir.

Ele andou em passos apressados até mim e parou. Engoliu em seco.

— Eu tenho tanta coisa... Para falar para você, Natacha.

— Veio ver se estou bem? — provoquei.

Ele olhou para mim por alguns segundos.

— Você nunca vai entender, não é? Você diz que sou importante para você, mas ontem tentou tirar de mim a coisa que mais importa na vida.

— Você tirou a coisa que mais importa na minha vida primeiro.

— Você acha que sente algo por mim, mas não sente. Se sentisse de verdade algo por mim jamais teria tentado fazer aquilo ontem.

— Você quer duvidar do que eu sinto por você agora? Depois de tudo? Eu amo você, Dom, e você me deixou. Disse que sempre estaria ao meu lado, você prometeu que sempre estaria ao meu lado, mas você me deixou por causa de uma mulher que está te enganando. Você sempre foi tão inteligente. Por que não consegue perceber?

— Quem está cega aqui é você, Natacha, que não consegue ver que está do lado errado da história. Eu estava. Você lembra de Jesus na cruz? Ele era bom, era perfeito. Ainda assim aquelas pessoas o condenarem e o crucificaram. É exatamente isso que estávamos fazendo com a Anna.

— Nossa, agora você é um cristão convertido. Qual é, Dominique, você nunca quis saber de Deus.

— Eu não preciso e não vou me explicar para você. Eu não sei quem é você, não sei quem se tornou. Eu nunca achei que você seria capaz de algo assim. Pode ter certeza que único motivo de eu não ter entregado você para os guardas assim que acordei foi por causa de Giselle. Se Anna tivesse morrido, se você tivesse matado Anna, Natacha, eu juro que poderia matar você. Mas você foi longe da mesma forma, não é, sabe quanto tempo ela vai demorar para se recuperar? Não que você se importe com isso, não é? Você só se importa consigo mesma.

— Eu não queria fazê-la sofrer, não fico satisfeita com essa situação. Esse era o plano C, você está esquecido? Existia o plano C.

— O plano C era um delírio do meu pai. Se você me conhecesse de verdade saberia que eu nunca faria isso com a Anna, ou com alguém.

— Não é como se você nunca tivesse feito algo assim, não é? Você paga de santinho, não é, Herói de Camellia? Sr.Príncipe Consorte? Essas pessoas não sabem quem você é de verdade, não sabem o que você fez.

— Escute bem, Natacha. Quando você receber alta desse hospital, você vai embora e nunca mais vai voltar, está entendendo? Você vai sumir da vida da Anna, e nunca mais aparecer. E se você ainda aparecer na minha frente ou na de Anna, eu vou te entregar para eles.

Ele saiu do quarto sem me deixar falar nada, e eu não falaria mesmo.

Não muito tempo depois Giselle entrou.

— Veio me ameaçar igual o Dominique? — perguntei.

— Não — ela andou até mim e segurou minha mão. — Eu só queria lhe dizer algo. Tome cuidado com sua alma, minha amiga, não a manche dessa forma. Não derrame sangue inocente. O que você fez ontem... Essa não é você. Eu sei que apenas se deixou levar pela dor, mas entenda, Dominique não é para você, ele não é. A pessoa certa para você ainda vai aparecer. Enquanto não sair desse buraco onde está se metendo, irá se afundar nele cada vez mais.

Eu respirei fundo.

— Eu não sou sua amiga. Você não é minha amiga. Sai do meu quarto.

— Natacha.

— Vai embora, Giselle.

Ela não disse mais nada e foi embora. Todos eles iam.

Flor De Um Reinado: O Homem e a FlorOnde histórias criam vida. Descubra agora