80. Amigos?

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DOMINIQUE

No fim das contas, diante das circunstâncias, não sobrou para mim outra opção que não fosse me entregar à polícia. Segui o que achei que era o correto. Na guerra iminente que aconteceria, eu nada poderia fazer pelo meu país se fosse confundido por um rebelde. Eu precisava deixar claro de que lado estava, para pode entrar na linha frente com honra. Isso, é claro, se o rei me deixasse viver, mas aquilo tinha que ser resolvido uma hora ou outra.

Por isso eu caminhei até a delegacia mais próxima, não precisei falar nada. Eles me viram e me prenderam. Eu sabia que seria encaminhado rapidamente para a capital, e assim foi feito. O duque havia pedido que eu fosse para a prisão do palácio, e aquela era minha intenção desde o princípio.

Entrei com os policiais no palácio horas depois pela porta dos fundos. Anna estava ali, para minha surpresa. João apareceu correndo atrás dela, que ficou surpresa quando o viu.

— Papai — ele correu até mim.

— Garoto.

Apenas fiquei de joelhos para receber seu abraço, não pude abraçá-lo, estava algemado.

— Podem soltá-lo — disse Anna e os policiais soltaram minhas mãos.

Eu abracei meu pequeno cheio de saudade, ele chorava e me apertava forte.

— Papai, eu estava com muita saudade do senhor — ele disse.

— Eu também estava, João.

— Dom, o que você fez? — Anna perguntou.

— Acho que já está na hora de resolvermos isso — falei. — É agora ou nunca.

— Temos que seguir, o rei aguarda — disse um dos policiais.

— Vem, João — Anna chamou.

— Não quero ficar longe do meu pai — ele começou a chorar de novo. — Por favor, mamãe.

— Ei — chamei ele. — Daqui a pouco, ela te leva lá para me ver. Não se preocupe. Eu estou bem.

— Mas o senhor está preso — ele disse.

— Fui eu quem decidiu ser preso.

Ele se aproximou de mim e sussurrou no meu ouvido.

— É um plano?

— É sim — sussurrei de volta. — Confie em mim.

Ele pareceu mais tranquilo e foi para perto de Anna. Eu segui com os policiais para o escritório do rei. Tinha deixado todas as instruções do que fazer para Jonas, ele passaria a Thomas. Eu sabia que o rei não confiaria em mim, mas Thomas já tinha sido ouvido outra vez, esperava que o rei o ouvisse de novo. As decisões tomadas nas horas seguintes seriam decisivas para o curso da guerra.

Eu passei pela porta, o rei me aguardava sentado em sua mesa.

— O que você quer? — ele disse. — Por que se entregou?

— Está na hora de tomar sua decisão. Me dê anistia ou me mate.

— Por que agora?

— O senhor sabe por quê.

— A lei diz que você deve morrer.

— O senhor não parece se importar com a lei agora.

Ele riu sarcástico.

— Acha que sou tirânico, não é?

— Não, pelo contrário, eu sou a única pessoa que sabe por que fez aquilo ontem. Um poder maior. É o seu propósito, não é? Ele disse que deveria seguir isso custe o que custar.

Flor De Um Reinado: O Homem e a FlorOnde histórias criam vida. Descubra agora