46. É a Sua Vez

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DOMINIQUE

Depertei alterado de outro pesadelo, tinha sido assim nos últimos dias, isso quando eu conseguia pegar no sono. Eu estava naquele hotel de beira de estrada tinha uns dois dias, sozinho, isolado. Tinha bebida ali, eu tinha comprado, porque meu coração ficava constantemente dividido, entre ter paciência e jogar tudo para o alto.

Houve um momento em que fiquei com raiva e comprei várias garrafas de um velho frigobar que havia ali. Ia beber, não bebi. Em outro momento eu as peguei e resolvi as atirar pela janela, não atirei. E entendia que aquilo significava algo. Parte de mim queria acreditar que tudo ia ficar bem, a outra parte não fazia ideia de como aquilo poderia ser resolvido. De um jeito ou de outro, às vezes tudo aquilo ficava pesado demais e eu só queria beber para sair um pouco de dentro da minha cabeça, mesmo que no fim das contas, nada fosse mudar.

Eu havia contado a verdade a Jotta, por isso estava escondido. Mandei um vídeo para ele deixando bem claro que eu a amava de verdade, que aquele plano, por mais que real, era minha maneira de atrasá-lo e proteger Anna. Deixei bem claro que a próxima vez que nos encontrássemos um de nós acabaria morto. Ele, é claro, queria me matar.

Então, eu estava ali, sem ter o que fazer sobre toda aquela situação, sem saber como agir, onde ir, com quem falar. Ou se eu deveria fazer alguma coisa. Eu não tinha controle algum sobre aquela situação toda e tudo aquilo me deixava angustiado. Não poderia demorar muito mais ali, o grupo 12 tinha uma equipe de localização.

Acabei assistindo bastante TV no tempo que passou. O fenômeno nacional havia se tornado a tal Raquel Magoro. Estava em tudo quanto era programa falando sua triste história, e falava com tanta dor que convencia até a mim. Não saia da minha cabeça que ela trabalhava para a Campanha, mas ao mesmo tempo não conseguia identificar que estava mentindo. Aproveitei o tempo para fazer outra investigação sobre ela, mas, assim como Jacob tinha dito, tudo batia. Só havia um parte que não e era seu pai.

Os guardas estavam tentando me encontrar, eu havia sido informado. Antes mesmo de sumir, eu havia recebido várias ligações de César, ignorei todas. Pelo que eu tinha entendido, até aquele momento, Anna não havia contado a verdade para ninguém, então todos queriam que eu explicasse as coisas.

Ouvi uma batida na porta de repente naquela tarde quando estava tirando um cochilo. Um hotel como aquele não tinha serviço de quarto, por isso peguei a arma e apontei na direção da porta. A batida veio outra vez, não respondi. Eu e Jonas tínhamos um código, esse código não estava sendo feito.

— Dom, sou eu — ouvi a voz de Thomas do outro lado e tomei um susto. — Abaixe essa arma e abra a porta.

Não baixei a arma, mas abri a porta. Era ele mesmo, que revirou os olhos.

— O que você pensou que poderia ser? Um áudio da minha voz? Um sequestro? Ou uma voz muito parecida com a minha que eles alteraram?

— Toda as opções a acima. O que está fazendo aqui? Pode se colocar ou me colocar em risco.

— Não seja medroso, não conheço você pela covardia — ele entrou no quarto.

— Pela prudência conhece sim — fechei a porta. — Como me achou?

— Rezei para encontrá-lo.

— Suas orações dão bem mais certo que as minhas.

— Eu soube do que fez com o 12. Por que fez isso?

— Porque cansei de mentir, cansei de fingir ser alguém que não sou. Quero ser real, não importa as consequências.

— Entendo. E o que pretende fazer agora?

Flor De Um Reinado: O Homem e a FlorOnde histórias criam vida. Descubra agora