ANNA
Quando chegou a quinta- feira daquela semana, tudo estava pronto. Havia passado os últimos dias indo às aulas normalmente, para tentar disfarçar. Enquanto isso, eu e meu tio realizamos negociações. Acabei descobrindo que, para muitas pessoas do conselho, não era questão de opinião, mas de molhar a mão. Eles não deixavam de aproveitar uma oportunidade. Tio Álvaro foi essencial para aquilo tudo. Ele enganou meu pai enquanto íamos conversando com os conselheiros. Ao fim, consegui as 22 assinaturas e providenciei a carta de renúncia, que já estava assinada por mim, faltava apenas a assinatura do meu pai.
Na sexta, haveria a festa da independência, com todo o conselho, autoridades de Camellia e outros países, e tudo televisionado. Era tradição haver o discurso do rei e do herdeiro durante o jantar. Eu nunca havia feito, papai achava um evento perigoso demais para eu estar, mamãe também nunca vinha. Mas naquele ano, como eu já estava na escola, todos aguardavam meu pronunciamento, e seria nesse momento em que eu iria anunciar e renúncia, a votação do conselho, a carta e a cláusula. Papai não teria outra opção que não assinar e tudo estaria acabado. Sem guerra, sem rebeldes, sem mortes.
Minha família veio do palácio na quinta de manhã, viriam todos da família real, além de Thomas e Caitlyn.
— Mamãe — João correu na minha direção, no enorme corredor do hall de entrada da escola.
— João — eu o abracei. Não conseguia mais passar tanto tempo longe dele sem morrer de saudade. — Eu estava louca para te ver. Se divertiu no palácio com seu tio?
— Muito. Ele é muito divertido. Mas eu estava morrendo de saudade da senhora.
— Filha — meu pai me cumprimentou. — Como tem estado? Soube da sua amiga.
— Sim, a Cris, ela era cozinheira do palácio, noiva do Jacob.
— Eu sinto muito.
— Eu vou caminhar um pouco no jardim com João. Vejo vocês no almoço.
Confirmei e saí dali o mais rápido que pude. Não conseguia olhar por muito tempo para meu pai, tinha medo de acabar desistindo.
Andando no jardim, enquanto ensinava sobre as flores para o João, o diretor apareceu. Ele vinha "viajando" desde que cheguei ali. Voltou apenas para a festa da independência.
— Diretor — cumprimentei.
— Alteza — ele disse.
Não sabia o que o 18 andava fazendo nos últimos tempos, sempre quem me atualizava dessa coisas eram meu guardas ou Marco e Sebastian, mas eu havia demitido todos.
— Gostaria que fosse ao meu escritório essa noite.
— Da última vez que fui lá, as coisas não acabaram muito bem.
— Da última vez, eu te ajudei a descobrir a verdade, e é para isso peço que vá até lá essa noite também.
— A verdade sobre o quê? — perguntei.
— Sobre toda a sua vida. Tem vivido uma mentira desde que nasceu, princesa. Não gostaria de finalmente saber o que sua família tanto esconde de você?
E com isso, ele voltou seu caminho, deixando-me extremamente confusa.
— Ele é do bem ou do mal, mamãe? — João perguntou.
— Do mal, filho. Mas ninguém pode saber.
— Por quê?
— Porque coisas ruins aconteceriam a ele.
— Mas ele não é do mal?
— Mas isso não quer dizer que possamos fazer mal a ele. Ou então não seríamos diferentes.
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Flor De Um Reinado: O Homem e a Flor
RomanceLIVRO 3 FLOR DE UM REINADO acontece em um mundo paralelo ao nosso, onde não há república, ou seja, o regime de governo de todos os países é a monarquia hereditária. A primeira protagonista é Anna Cruz, princesa de Camellia. Anna é uma menina muito...