NATACHA
Todos ainda demorariam muito para acreditar, e eu ainda demoraria muito para revelar, mas muita coisa havia mudado desde que deixei a escola. Muita mesmo. Entre elas, o fato de que eu não queria mais destruir Anna, queria, na verdade, ajudá-la.
Tudo começou no dia que eu deixei a escola, fiquei em um hotel que Vladimir estava pagando para mim. Eu tinha deixado escutas em vários lugares e logo quis começar a ouvir, eu estava desesperada para encontrar uma prova de que minha motivação era real, de que Anna não era quem dizia ser, queria encontrar qualquer coisa. E como tinha deixado escutas no escritório de Dominique e no quarto de Anna achei que não demoraria muito até algo aparecer.
E apareceu, mas não o que eu esperava. Naquela noite, a primeira desde a minha tentativa de assassinatosm, Anna estava no seu quarto colocando João para dormir quando ele parou a história e disse:
— Tia Anna. Como a senhora se machucou?
— Por que está perguntando isso?
— Perguntei aos seus amigos, mas me disseram para perguntar à senhora. Sr.Martins disse que a senhora caiu, mas não acredito.
— Tudo bem. Natacha tentou me machucar, mas está tudo bem.
— Eu pensei que vocês eram amigas.
— Às vezes é necessário que sejamos amigos de uma pessoa que não é nossa amiga.
— Por que as pessoas querem fazer mal às outras?
— As pessoas sofrem, e às vezes acabam tomando decisões ruins por causa da dor que sentem.
— Isso acontece com a senhora também?
— Muita vezes. Por isso não posso julgar quando acontece com os outros.
— Mas por que ela quis lhe machucar? A senhora machucou ela?
— De alguma forma, devo ter feito.
— Que bom que ela foi embora, então.
— Não, não deve pensar assim. Eu ainda a queria aqui, perto de mim.
— Por quê? A senhora não tem medo? Ela pode querer lhe machucar de novo.
— Às vezes é bom a gente se machucar pelos outros. Natacha é alguém especial para mim, João, é alguém que eu amo. Por essas pessoas vale a pena se machucar um pouco.
— Por que não diz isso para ela? Aí ela volta.
— Você tem razão, se algum dia tiver oportunidade, vou dizer.
— Se ela está sofrendo, deveríamos rezar por ela, não é?
Eu já tinha lágrimas nos olhos
— É uma excelente ideia, João. Comece você.
— Papai do céu, cuida da amiga da tia Anna, para que ela não sofra mais. Agora é a senhora.
— Pai, traz a Natacha de volta para mim, para o César. Faça com que ela O veja.
— Isso é muito bom, princesa. Se ela O ver, Ele vai dizer para ela voltar na hora.
— Tomara, João. Tomara.
Ela cantou uma música para ele, e logo o quarto fez silêncio, o que significava que os dois haviam dormido. Ou ao menos era o que eu pensava. Ainda pude ouvir Anna falando sozinha. Ela dizia:
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Flor De Um Reinado: O Homem e a Flor
RomanceLIVRO 3 FLOR DE UM REINADO acontece em um mundo paralelo ao nosso, onde não há república, ou seja, o regime de governo de todos os países é a monarquia hereditária. A primeira protagonista é Anna Cruz, princesa de Camellia. Anna é uma menina muito...